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O lado B do verão americano

Roberto Sadovski

30/04/2013 21h13

Sexta-feira a brincadeira fica séria no Hemisfério Norte. Homem de Ferro 3 dá o pontapé inicial de uma das temporadas de verão mais concorridas desde sempre. Temos candidatos óbvios a blockbuster, alguns que vão falhar na hora de conquistar a atenção do público, uma pá de filmes de gênero disputando o dólar suado de nossos compadres lá de cima até o fim de agosto, quando a temporada oficialmente é encerrada.

Não é difícil chutar quais filmes disputam a atenção nesse jogo (inclusive a minha), em propostas tão variadas como Se Beber, Não Case III, Velozes & Furiosos 6 e Além da Escuridão: Star Trek. Pode colocar no balaio do "preciso ver isso AGORA" Círculo de Fogo, O Homem de Aço, Wolverine Imortal e Invocação do Mal. Pode ter certeza que vou jogar meus dois cents sobre cada um destes filmes nas semanas a seguir.

Mas cada temporada traz também um monte de cavalos correndo por fora do páreo. Filmes independentes, apostas menores dos grandes estúdios, lançamentos menos ambiciosos (em tamanho, não em qualidade) que aproveitam os cinemas lotados para chamar um ou outro cinéfilo que não conseguiu o ingresso para seu filme favorito – ou que simplesmente está a fim de experimentar alguma coisa nova.

Os dez filmes a seguir estão em minha lista, e eu espero conseguir vê-los no cinema, com tela grande e um balde de pipoca. Alguns podem chegar aos cinemas no Brasil, outros não terão a mesma chance. Sem ordem de relevância, obedecendo apenas a cronologia de lançamento na gringa, estas serão minhas prioridades para assistir fora do circuitão mais festivo.

 

Frances Ha

 

 

 

 

 

 

 

 

De Noah Baumbach

Com Greta Gerwig, Adam Driver, Mickey Sumner

Estréia: 17 de maio (EUA); sem previsão no Brasil

O diretor de A Lula e a Baleia (e colaborador de Wes Anderson), Baumbach escreveu essa comédia ao lado de Greta Gerwig – e ela mesma toda o centro do palco como uma dançarina (ou quase) de Nova York (mesmo sem morar lá exatamente) que vive seus sonhos (ou sonha acordada). Em preto e branco, e com jeitão de filme pra deixar os hipsters felizes, Frances Ha pode até voltar aos holofotes no fim do ano com Greta ganhando uma penca de prêmios de interpretação.

 

Antes da Meia Noite

 

 

 

 

 

 

 

 

De Richard Linklater

Com Ethan Hawke, Julie Delpy

Estréia: 24 de maio (EUA); 7 de junho (Brasil)

É inacreditável a "franquia" que o trio Linklater, Hawke e Delpy construíram. De um filme delicado sobre jovens apaixonados nos anos 90, passando para a geração Y querendo acreditar no amor no começo dos anos 2000, a história de Jesse e Celine caminha mais uma década com um olhar sobre o que nos une, o que nos separa e todo o resto em volta. Para quem cresce e amadurece ao lado dos personagens/atores, a coisa toda ressoa com força. Mas eu ainda acredito no amor.

 

The Kings of Summer

 

 

 

 

 

 

 

 

De Jordan Vogt-Roberts

Com Nick Robinson, Gabriel Basso, Nick Offerman, Alison Brie

Estréia: 31 de maio (EUA); sem previsão no Brasil

A idéia de amadurecer e deixar a infância para trás já rendeu grandes filmes (Conta Comigo é o que vem de imediato em mente). Na estréia de Jordan Vogt-Roberts, o conceito se traduz em amigos adolescentes que decidem deixar tudo de lado – família, conforto, civilização – para construiu uma casa na floresta e viver dos recursos da natureza. Uma pitada de comédia, outra de drama, o potencial de ser uma jornada sensível e bacana.

 

Shadow Dancer

 

 

 

 

 

 

 

 

De James Marsh

Com Clive Owen, Andrea Riseborough, Gillian Anderson

Estréia: 31 de maio (EUA); sem previsão no Brasil

Curiosa essa fase da carreira de Clive Owen. Se em algum ponto ele flertou com o mega estrelato, sua opçãoo (ou talvez o jgo da indústria) fez dele um ator de filmes menores, feitos com mais liberdade. Shadow Dancer é ambientado na Belfast dos anos 90, com uma militante do IRA se tornando informante do governo britânico para proteger o filho. O papel é de Andrea Riseborough, ainda em cartaz com Oblivion e uma atriz interessantíssima – ainda mais com o atento Marsh (que ganhou o Oscar com o doc O Equilibrista) no comando.

 

Much Ado About Nothing

 

 

 

 

 

 

 

 

De Joss Whedon

Com Amy Acker, Alexis Denisof, Nathan Fillion, Clark Gregg

Estréia: 7 de junho (EUA); sem previsão no Brasil

E lá estava Joss Whedon finalizando Os Vingadores quando, num intervalo, teve a brilhante idéia de fazer uma versão contemporânea de Muito Barulho Por Nada, de Shakespeare. Por que não? Ele juntou uma equipe bacana de colaboradores, chamou alguns suspeitos de sempre (Fillion, Gregg), rodou em preto e branco (pra dar um verniz clássico à coisa) e o filme já está coletando elogios por onde é exibido. Ok, confesso: entre Buffy, Firefly, Astonishing X-Men e Vingadores, confiar em em Whedon é muito, muito fácil.

 

Bling Ring – A Gangue de Hollywood

 

 

 

 

 

 

 

 

De Sofia Coppola

Com Emma Watson, Taissa Farmiga, Katie Chang, Israel Broussard

Estréia: 14 de junho (EUA); 12 de julho (Brasil)

Sofia Coppola me irrita. As Virgens Suicidas foi uma estréia ok, e Encontros e Desencontros mostrou ao mundo que sempre é hora de suntury. Mas Maria Antonieta e Um Lugar Qualquer, que basicamente repetiram o plot sobre fama e isolamento, minaram minha simpatia. Bling Ring tem tudo para mostrar que Sofia tem chance de redenção. Embora o mundo das celebridades ainda seja seu playground, desta vez ela foi atrás da história bem real da molecada de Beverly Hills que invadiu a casa de ricos e famosos basicamente para curtir. Paris Hilton, uma das assaltadas, está no filme como… Paris Hilton. E por que não?

 

A Hijacking

 

 

 

 

 

 

 

 

De Tobias Lindholm

Com Søren Malling, Johan Philip Asbæk

Estréia: 21 de junho (EUA); sem previsão no Brasil

Tom Hanks e Paul Greengrass com certeza estão com uma bomba atômica em mãos com Capitão Phillips, que coloca Hanks no comando de um navio sequestrado por piratas somali. Mas o dinamarquês Lindholm chegou na frente com este A Hijacking, que conta basicamente a mesma história, um exercício de tensão equilibrado entre o navio sequestrado e as negociações em terra com os sequestradores. Sem entrar no mérito do que pode ser melhor ou pior, as chances são que terminaremos com dois grandes filmes.

 

Byzantium

 

 

 

 

 

 

 

 

De Neil Jordan

Com Saoirse Ronan, Gemma Arterton, Jonny Lee Miller

Estréia: 28 de junho (EUA); sem previsão no Brasil

De volta aos sugadores de sangue quase vinte anos depois de Entrevista Com o Vampiro, Neil Jordan agora retrata a relação entre Clara e Eleanor, mãe e filha que vivem do sangue dos incautos por mais de dois séculos – uma relação que pode chegar a um film violento em uma trama de amor (claro), sexo (sempre), perversão e coalhada de simbolismo. Jordan, obviamente, não quer seus vampiros castos e brilhando ao Sol. Ele sabe o mal que se esconde no coração de homens… e vampiras.

 

The Way, Way Back

 

 

 

 

 

 

 

 

De Nat Faxon e Jim Rash

Com Steve Carell, Toni Collette, Liam James, AnnaSophia Robb, Sam Rockwell

Estréia: 5 de julho (EUA); sem previsão no Brasil

Faxon e Rash, ambos atores, estreiam na direção com essa comédia sobre um adolescente introvertido que, durante as férias de verão, amplia sua visão de mundo com uma amizade inesperada. E eu adoro filmes sobre a molecada buscando seu lugar no mundo (é o segundo só nessa lista). Carell parece canalizar seu talento com mais facilidade longe do universo dos blockbusters, e deve encontrar o par perfeito em Collette. A idéia, claro, é ter pernas como Juno e Pequena Miss Sunshine quando chegar a hora do Oscar… E como ignorar um filme com o grande Sam Rockwell?

 

Prince Avalanche

 

 

 

 

 

 

 

 

De David Gordon Green

Com Paul Rudd, Emile Hirsch,

Quem acha que conhece Paul Rudd ou Emile Hirsch vai mudar de idéia quando os dois surgirem como o par mais improvável: dois sujeitos levemente perturbados que passam uma temporada na estrada, repintando a sinalização no asfalto de área afetadas por queimadas. A vida, o futuro e as mulheres que eles deixaram para trás entram na mistura, com resultados inusitados. O diretor Gordon Green, de Segurando as Pontas, deixa para trás o gigantismo incômodo de seu filme anterior, Sua Alteza?, e refilma com delicadeza o islandês Á Annan Veg. É, eu também não sei pronunciar…

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.