Livrai-nos do Mal e 10 filmes bacanas sobre... exorcismo!

Quer que seu filme de terror tenha, não só credibilidade, mas uma anabolizada no fator "poderia acontecer com você"? Fácil. Só estampar um "baseado em fatos reais" no poster e correr para o abraço. É exatamente o que faz o novo Livrai-nos do Mal, um terror ok que ganha um olhar mais atento por ser baseado no livro escrito por Ralph Sarchie (Eric Bana no filme), ex-sargento da polícia de Nova York. Ao resolver um caso casca-grossa, Sarchie deparou-se com a manifestação do verdadeiro mal: não o dos homens mas, como bem explica o padre-gato interpretado por Édgar Ramírez, o "mal primordial".

O clímax, como não podia deixar de ser, é uma boa e velha sessão de exorcismo. Gente como a gente, sabe como é…

Édgar Ramírez e Eric Bana batem papo antes de enfrentar o tinhoso

O diretor Scott Derrickson faz um trabalho bacana em montar toda a trama. Mas, como em toda trama do gênero, sua resolução é seu calcanhar de aquiles. Difícil encarar uma cena de exorcismo e levar a sério, já que geralmente a mão pesada do cineasta deixa a sutileza exigida por um bom exemplar do gênero de lado e apela para efeitos visuais que vulgarizam a coisa. É, Livrai-nos do Mal cai nessa armadilha, mesmo que, como entretenimento, Derrickson tenha entregue um filme sólido. No Brasil, principalmente, filmes de terror são vistos com generosidade, e quando o tema descamba para o lado do Capeta, o público abraça a coisa.

Para aproveitar o combate ao demônio (ou "um" demônio, que nem é Pazuzu) de Livrai-nos do Mal, listei aqui dez filmes que lidam, de uma forma ou de outra, com exorcismo. Vá ao cinema e, em casa, arme-se com pipoca e um crucifixo para uma maratona… intensa.

MADRE JOANA DOS ANJOS
(Matka Joanna od Aniołów, 1961)

O polonês Jerzy Kawalerowicz conquistou o Prêmio do Júri em Cannes em 1961 com este drama que mostra um convento com freiras possuídas em uma região isolada de seu país natal no século 17. Ou quase. Repressão sexual, imagens distorcidas e intolerância dão o tom neste clássico, um dos primeiros filmes a falar sobre o tema, caminhando numa linha tênue entre o sobrenatural e a sugestão.

O EXORCISTA
(The Exorcist, 1973)

Se você nunca viu este que é o melhor filme de terror da história, só lamento. William Friedkin levou horror extremo ao mainstream com o combate de dois padres a uma entidade demoníaca que tomou corpo e alma de uma garotinha. Parte do impacto de O Exorcista foi diluído com décadas de imitadores e avanço tecnológico. Mas os sustos são reais, com a longa seqüência do exorcismo coroando um filme que, de fato, mudou os rumos do cinema.

POLTERGEIST – O FENÔMENO
(Poltergeist, 1982)

Tobe Hooper e Steven Spielberg usaram o melhor da tecnologia de feitos especiais da época para criar um filmaço de casa mal assombrada. O ritual conduzido no lar da família Freeling serve para limpar o lugar de espíritos maligno e, claro, resgatar a pequena Carol Anne (Heather O'Rourke), feita prisioneira por entidades malignas em uma dimensão paralela. Regra número um para quem realiza o sonho da casa própria: certifique-se que a obra não foi erguida sobre nenhum cemitério indígena.

OS FANTASMAS SE DIVERTEM
(Beetlejuice, 1988)

Numa inveRsão original e muito bacana, são os vivos que precisam ser expulsos da residência do casal recém-falecido Alec Baldwin e Geena Davis. Para tal, eles apelam para o bio-exorcista Betelgeuse (Michael Keaton), que chega com seus próprios planos para dominar o lugar. Tim Burton mostrou aqui sua espantosa mente criativa ao mundo – o qual ele conquistaria no ano seguinte com Batman.

CONSTANTINE
(2005)

O mago cínico do Universo DC estará em breve na telinha em uma série zerada, mas foi Keanu Reeves quem lhe deu carne e osso pela primeira vez nessa produção muito bacana dirigida por Frances Lawrence. E o filme já começa com John Constantine usando seus dons para arrancar um demônio que possuiu uma adolescente (difícil um halterofilista surgir como possuído, não?). Até o fim do filme, Lúcifer, o próprio manda-chuva do inferno, dá as caras, só para levar uma rasteira inacreditável de Constantine, sempre o jogador.

O EXORCISMO DE EMILY ROSE
(The Exorcism of Emily Rose, 2005)

O próprio Scott Derrickson, de Livrai-nos do Mal, estreou no cinema com esta história (real, claro) de uma garota morta, cuja culpa recai sobre o exorcismo realizado pouco antes. O padre vai a julgamento, e a verdade pode não ir exatamente de encontro com a crença de todos os envolvidos. Você pode ser chato e dizer que o primeiro filme de Derrickson foi, na verdade, Hellraiser: Inferno. Mas aí é contigo…

[REC] 2
(2009)

O espanho [REC], de 2007, usou o artifício de "imagens encontradas" para mostrar um edifício isolado que, na verdade, havia sido tomado por um vírus zumbificante que vitimou seus moradores. Assunto encerrado, certo? Bom, nem tanto. Na continuação, lançada dois anos depois, é revelado que o paciente zero é, na verdade, um homem possuído pelo demíonio, e agora o Vaticano enviou um padre para "limpar" o lugar. E isso, a gente sabe, nunca funciona a contento…

ARRASTE-ME PARA O INFERNO
(Drag Me to Hell, 2009)

Depois de anos conduzindo as aventuras do Homem-Aranha no cinema, Sam Raimi voltou às suas raízes de terror com a história de uma jovem que, ao perturbar a vida de uma feiticeira, é vitimada por uma maldicão que, como entrega o título, não vai terminar com ela em férias pelo Caribe. Raimi culmina a história em uma sessão de exorcismo com direito ao espírito saltar de corpo em corpo, numa mistura de humor e terror que ele mesmo iniciou lááá atrás com A Morte do Demônio.

O ÚLTIMO EXORCISMO
(The Last Exorcism, 2010)

Um pastor evangélico, que conduziu sua vida, à exemplo de seu pai, como exorcista, decide provar que nada daquilo é real. Acompanhado de uma equipe de filmagem, ele vai até uma fazenda isolada para uma última sessão: salvar uma adolescente (sério mesmo?) possuída por um capetão. O problema? Isso de "nada daquilo é real" não é exatamente o que acontece. O filme fez sucesso e rendeu O Último Exorcismo Parte 2… que, convenhamos, é um título inacreditável.

INVOCAÇÃO DO MAL
(The Conjuring, 2013)

Um dos grandes sucessos – e das melhores surpresas – do ano passado foi esta adaptação dos trabalhos de Ed e Lorraine Warren, casal de investigadores paranormais que, entre outras coisas, inspirou o bem sucedido Terror em Amityville. Neste terror de James Wan, eles são interpretados por Patrick Wilson e Vera Farmiga e tentam salvar a família Perron, que vivem num casarão assombrado por fantasmas de quem lá experimentou uma morte violenta. A verdadeira família Perron, por sinal, morou no lugar por mais de uma década. Invocação do Mal termina num exorcismo tenso e muito bem filmado, já que Wan deu preferência a efeitos práticos, e não a trucagens digitais. Brrrrr….