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“Todos nos apaixonamos por Baymax”, diz produtor de Operação Big Hero

Roberto Sadovski

16/03/2015 00h38

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"Em casa dá pra abusar do pause e do rewind." Em tom bem humorado, o produtor Roy Conli, um dos responsáveis pelo longa Operação Big Hero, explica as vantagens de ver a animação Disney – que, não com pouca surpresa, ganhou o Oscar da categoria mês passado – em casa. "É como visitar uma cidade de verdade, vibrante e cheia de vida", continua. "Mesmo que ela tenha começado do zero."

Do zero e de maneira inusitada. Desde que a Disney comprou a Marvel, e seu portfólio de mais de 5 mil personagens, era questão de tempo até que a divisão de animação da empresa voltasse seu olhar para os heróis dos gibis. O espanto, porém, foi a escolha da série de vida curtíssima Big Hero 6, um grupo de heróis japoneses criado por Steven T. Seagle e Duncan Rouleau como coadjuvantes da Tropa Alfa. "Como não estamos integrados no Universo Cinematográfico Marvel, tivemos mais liberdade", explica. Liberdade e, como coloca Conli, o "mesmo desejo por excelência". "O relacionamento com a Marvel foi incrível desde o começo", elogia o produtor. A sintonia era tanta que os realizadores do longa convidaram Joe Quesada e Jeff Loeb, roteiristas e executivos da Marvel, para se juntar à equipe que desenvolvia a história do longa. Em nenhum monento eles ditaram o que a gente teria de fazer", derrete-se. "Se algum dos diretores que trabalha com a Disney quisesse trabalhar de novo com um personagem da Marvel, e se John Lasseter achasse que daria um fime bacana, começaríamos o trabalho num piscar de olhos."

Lasseter, por sinal, é o sujeito que equilibra dois universos. Ele não só preside as animações da Disney, como também coordena a Pixar, que este ano coloca nos cinemas o intrigante Divertida Mente. Com a Marvel e a LucasFilm, a Disney torna-se, portanto, o maior dos colossos midiáticos – e é impressionante perceber que seu motor ainda são as ideias de seus artistas. Operação Big Hero é o maior exemplo dessa força criativa em ação. O filme traça as aventuras de Hiro, um gênio mirim, completamente devotado ao irmão, Tadashi, que cresce na fictícia San Fransokyo – uma metrópole costeira que mistura elementos de Tóqui e São francisco. Quando Tadashi é morto no que parece um acidente, Hiro torna-se dono de sua criação: Baymax, um robô desenhado para curar, mas que se torna um dínamo de combate quando Hiro, ao lado de quatro amigos, descobre que a morte de Tadashi é apenas parte de uma grande conspiração envolvendo dinheiro e poder.

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O produtor Roy Conli, que ajudou na criação de Operação Big Hero

"Cada vez que eu assisto ao filme, e olha que eu já fiz isso centenas de vezes, descubro um novo detalhe", continua Conli. Ele conta que, paralelo ao desenvolvimento do roteiro, uma equipe de pesquisa, sempre ao lado dos diretores Chris Williams e Don Hill, começou a criar o visual de San Fransokyo. "A turma passou duas semanas em Tóquio sentido a cidade, desenhando, rabiscando, capturando sua essência", explica. "Fizemos o mesmo em São Francisco, que terminou sendo a base de nossa cidade, levando os detalhes de Tóquio por cima." O diretor de arte de Operação Big Hero, Paul Felix, havia trabalhado com Roy em Bolt, e ganha mérito por seu cuidado com os detalhes. "Por isso que eu faleu do pause e do rewind: sempre surge uma marquise, um edifício, algo que Paul fez com que parecesse real", comenta. "E o modo como ele ilumina a cidade é especial, é como uma cidade de verdade, habitada por gente de verdade, um lugar que eu adoraria visitar."

Apesar do visual fantástico, Operação Big Hero é conduzido por seus personagens – o que, num filme que aborda uma equipe, o equilíbrio entre cada um é sempre difícil. "Um roteiro para animação é sempre único, já que trabalhamos com animáticos ao mesmo tempo em que preparamos o roteiro", conta o produtor. Os animáticos são pequenas animações que detalham cada cena, e é a partir deles que a equipe determina o foco em cada personagem. Operação Big Hero tem a vantagem de ser um filme de origem, de uma superequipe sem superpoderes, contando apenas com sua inteligência. "O coração da trama é mesmo a relação de Hiro com Baymax", entrega. "Fazer com que a maior característica de Baymax seja a cura não é ao acaso: não é apenas a cura física, mas também manter personalidades diferentes sadias e unidas em um objetivo comum."

Baymax é, por sinal, o personagem que Roy Conli tem mais orgulho. Ele aponta a primeira cena em que o robô é inflado, depois da morte de Tadashi, como o momento em que o filme encontrou seu centro emocional. "Baymax foi criado em torno daquele momento", explica. "Ter um protagonista com 14 anos de idade, ainda mais após uma tragédia, podia deixar o filme sombrio, pesado. Mas Hiro se apaixona por Baymax naquele momento, seu pior momento, e percebe que o caminho para se reerguer passa pelo legado de seu irmão." Conli pausa, e conclui: "Acho que foi o momento para toda a equipe, encontrar a emoção em meio a ação. Todos nos apaixonamos por Baymax, e o filme foi construído em cima disso".

Operação Big Hero já está disponível em DVD e blu ray.

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.