George Miller e a Liga da Justiça que poderia ter sido...
Engraçado como as coisas funcionam. Uma eternidade atrás, mais precisamente em 2007, George Miller reuniu elenco e equipe na Austrália para rodar Justice League: Mortal, uma adaptação para cinema do supergrupo dos quadrinhos da DC, que caminharia longe do que Christopher Nolan já estabelecia com sua vindoura trilogia O Cavaleiro das Trevas. Batman, afinal, não seria Christian Bale, e sim Armie Hammer, em um elenco preenchido por D.J. Cotrona (Superman), Adrian Brody (Flash), Common (Lanterna Verde), Jay Baruchel (Maxwell Lord) e Teresa Palmer (Talia al Ghul). Dois elementos chave, Megan Gale e Hugh Keays-Byrne, escalados para ser a Mulher Maravilha e o Caçador de Marte, não sairiam da mira de Miller. Mas a greve de roteiristas em Hollywood atrasou a produção, a Austrália se recusou a dar um desconto em impostos à Warner e os custos, um orçamento de 220 milhões de dólares, tornaram-se proibitivos. O sucesso de Batman – O Cavaleiro das Trevas no ano seguinte foi o último prego no caixão, e a Liga da Justiça de George Miller foi para o buraco negro dos filmes-que-não-eram-para-ser.
Os fãs, à época, deram de ombros. Afinal, o diretor era o sujeito conhecido por fazer um porco falar nos dois Babe (produzindo e escrevendo o primeiro, também dirigindo o segundo) e se preparava para fazer um pinguim sapatear em Happy Feet – que tomou o lugar de Justice League Mortal na linha de produção montada por Miller na Austrália. Agora, com Mad Max: Estrada da Fúria em cartaz, tudo mudou. Ainda o melhor filme de 2015 (e já chegamos na metade do ano!), a aventura que reintroduziu o anti-herói materializado em Mel Gibson nos anos 80, agora na pele de Tom Hardy, provou que Miller, aos 70 anos, ainda tem muito fôlego, criatividade, habilidade, apuro estético, firmeza narrativa e uma visão cinemática muito clara, equilibrando temas relevantes, iconografia e ação em um pacote inacreditável. Claro que a sombra de Justice League: Mortal não ia demorar a surgir, e a proposta de um documentário pode revelar o que o cineasta australiano tinha em mente.
Miller's Justice League Mortal é um documentário que está tomando forma pelas mãos do australiano Ryan Unicomb. As poucos, o twitter oficial do projeto vai revelando imagens de bastidores, arte conceitual e tudo que George Miller havia planejado para reunir os maiores heróis da DC – Superman, Batman, Mulher Maravilha encabeçando a aventura – contra um inimigo em comum. Longe do mundo sombrio aos poucos tecido por Zack Snyder e seu Batman Vs. Superman: A Origem da Justiça, que segue a linha aberta por O Homem de Aço, a Liga da Justiça de Miller parecia habitar um lugar mais colorido e dinâmico – e com muita personalidade.
O roteiro ainda é um mistério, mas o pouco que pode ser montado com o material já revelado – como a sequência de storyboards criada pelo artista Steve Skroce (acima), que trabalhou em Matrix –, sugere que o bilionário Maxwell Lord, essencial para a criação da equipe, em algum momento revela sua natureza vilanesca, controla a mente do Superman e o que segue é um combate épico entre o Homem de Aço e a Mulher Maravilha. Em uma palavra: uau! Curiosamente, o anúncio de Miller's Justice League Mortal chega não muito depois do trailer de The Death of "Superman Lives": What Happened? (que você confere aí embaixo), em que o diretor e fã Jon Schnepp fez um brilhante trabalho de arqueologia cinematográfica ao explorar a queda do reboot do último filho de Krypton imaginado em 1997 por Tim Burton, que colocaria Nicolas Cage como o herói. Mundo estranho esse nosso, em que temos nostalgia por projetos que sequer existem.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.