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Os 15 melhores filmes de 2015

Roberto Sadovski

24/12/2015 05h01

Fireworks

Ah, fim de ano. E, olha, foi um ano bem bom! Começou devagar, depois engatou uma segunda e entregou um monte, mas um monte mesmo de filmes incríveis! Eu tive a sorte e o privilégio de conferir todos (ou quase) no cinema, sonzão, imagem legal, como a experiência deve ser. Como eu sou um sujeito chato, cravei minha lista em quinze filmes, deixando de for a muita coisa espetacular que assisti este ano, mas que terminaram por um fiapo de cabelo para não entrar na lista. Por ser um número fechado (coisa minha, é o que é), você não vai ver nela Quem Horas Ela Volta?, Perdido em Marte, Mistress America, Joy, Ponte dos Espiões, Kingsman, O Filho de Saul, Missão Impossível: Nação Secreta, A Travessia… Todos excelentes, todos filmes que você precisa assistir!

Mas vamos ao principal. Minhas regras continuam as mesmas: filmes deste ano que assisti este ano. Como eu sou legal, já aponto a data de estreia dos que ainda não aportaram por aqui. O resto? Vá atrás, veja, divirta-se! Cinema ainda é isso, certo?

15. CREED: NASCIDO PARA LUTAR
(Creed, Ryan Coogler)

creed

Tirando aquele filme da galáxia muito distante, esta continuação da série Rocky foi o momento mais gratificante que eu tive em um cinema neste ano. A plateia ajudou, aplaudindo como se estivéssemos em uma luta de verdade. Emprestando muito da trama de Rocky, Um Lutador (o original), Creed é a história de um sujeito lutando contra todos – inclusive a si mesmo – para abraçar quem ele realmente é. Michael B. Jordan dá um show, Sylvester Stallone reencontra o tom perfeito para voltar a seu personagem-assinatura, e a coisa toda se amarra em aplausos. Em pé. Pura perfeição!
Estreia em 14 de janeiro

14. A BRUXA
(The Witch, Robert Eggers)

bruxa

Filmes de terror andam em uma armadilha conceitual incômoda. Ou é barulhento e histérico, apostando no sobrenatural como sua única ferramenta, ou capricha no gore, fazendo com que sangue passe por gatilho do horror. A Bruxa não segue nenhuma das duas vertentes. Pelo contrário, ele queima devagar, colocando uma família isolada na aurora da colonização americana, quando a floresta significava também mistério e perigo. Quando um bebê desaparece, a frágil estrutura familiar passa a desmoronar: será real, será paranóia, medo e superstição? Em um filme que mais sugere do que exibe, a estreia de Robert Eggers é uma das experiências mais aterrorizantes do cinema moderno.
Estreia em 3 de março

13. A GRANDE APOSTA
(The Big Short, Adam McKay)

aposta

O diretor de O Âncora mudou seu tom farsesco ao contar um pouco dos bastidores da crise econômica que assolou o mundo por volta de 2007 (a nossa "marolinha"). Cercado de um elenco de gigantes (Christian Bale, Ryan Goisling, Brad Pitt, Steve Carrell), McKay conta como poucos investidores, os "grandes pequenos" do título original, anteveram a crise e com ela lucraram bilhões. Embora seja farto no "economês", o texto flui graças a explicações que quebram a quarta parede (Margot Robbie numa banheira falando com a platéia é a melhor) e a uma edição tão ágil e certeira que surge quase como mais um personagem. Mas o assunto não é, nem de longe, engraçado, e McKay mostra, com todas as letras, que não aprendemos com os erros ("marolinha", é bem isso). No fim, A Grande Aposta é espetacular, mas é difícil não sair da sessão nauseado.
Estreia em 14 de janeiro

12. CORRENTE DO MAL
(It Follows, David Robert Mitchell)

corrente

Falei sobre este filmaço aqui e sobre como ele reinventa o gênero. Não é pouco..

11. CAROL
(Todd Haynes)

carol

O livro de Patricia Highsmith, que aborda o romance lésbico entre uma dona de casa cheia da grana e uma garota descobrindo sua própria sexualidade, é adaptado com delicadeza e elegância pelo diretor de Longe do Paraíso. Claro, "romance lésbico" é um modo fácil de se referir a uma história com tantas naunces, lágrimas, dor, descobertas, paixão e amor. Some a isso performances de cair o queixo de Cate Blanchett (intensa como sempre, genial como nunca) e Rooney Mara (mais uma vez, uma revelação), e o resultado é um dos filmes mais belos do ano. E também um dos mais tristes.
Estreia em 14 de janeiro

10. EX_MACHINA: INSTINTO ARTIFICIAL
(Ex_Machina, Alex Garland)

machina

À distância, a estreia na direção do roteirista de Extermínio e Não Me Abandone Jamais parece árida, desprovida de emoção. Mas é proposital essa primeira impressão que temos da história do programador (Domhnall Gleeson) "sorteado" para passar uma semana na casa (uma mansão isolada e incrível) do dono da empresa onde ele trabalha – um triliardário (Oscar Isaac) que basicamente inventou algo como o Google. O sujeito, na verdade, quer testar sua nova invenção, um avanço em inteligência artificial que, aos poucos, envolve a todos os jogadores. Ela é representada por uma andróide, Alicia Vikander, que nos conduz em uma trama onde nada é o que parece, na qual a definição de "ser humano" ganha nova dimensão.

9. OS OITO ODIADOS
(The Hateful Eight, Quentin Tarantino)

odiados

Neve e sangue. É a receita para Quentin Tarantino criar um de seus filmes mais divertidos – e claustrofóbicos. Não existe uma linha fora do lugar na história das oito almas que terminam presas em uma estalagem, isolada pela neve, em estado de elevada paranóia. Não é para menos. A criminosa Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh) está sendo levada por seu carrasco (Kurt Russell) para o cadafalso. No caminho emcontram um caçador de recompemnsas (Samuel L. Jackson) e o suposto xerife do lugar (Walton Goggins) – Tim Roth, Bruce Dern, Michael Madsen e Demian Bichir completam o octeto do título. Tarantino tira o pé do acelerador, onde estava desde Bastardos Inglórios (não é uma crítica, cada filme tem seu passo), e toma seu tempo para tecer sua história, antes de injetar nitro em um terceiro ato onde todas as peças se encaixam. O diretor diz que só vai fazer mais dois filmes e é isso. Pior para nós.
Estreia em 7 de janeiro

8. SICARIO: TERRA DE NINGUÉM
(Sicario, Denis Villeneuve)

sicario

A cada novo filme, fica mais interessante testemunhar a evolução de Denis Villeneuve na condução de um longa. Sicario surge como um thriller policial/político sobre drogas na fronteira com o México. Termina como um estudo sobre o limite que um ser humano traça para si mesmo antes de, bem, deixar de ser humano. Em um ano de grandes performances femininas, Emily Blunt, como uma agente do FBI, surge como uma força a ser reconhecida, exalando segurança, equilibrando fragilidade, desmontando todas as suas certezas quando ele percebe qual , de verdade, é seu papel neste mundo em que, acredita-se, fins justificam os meios. E é sempre bom ver Benicio Del Toro fazendo que faz melhor: atuando de verdade!

7. DIVERTIDA MENTE
(Inside Out, de Pete Docter)

mente

Depois de uma estrada cheia de pedregulhos, a Pixar reencontrou seu caminho neste filme absurdamente original, executado com tamanha graça por Pete Docter que chega a irritar o quanto ele faz parecer fácil. E olha que a sessão para "vender" o conceito de Divertida Mente não deve ter sido fácil: "Rapazes, o filme é sobre as emoções na mente de uma garotinha de 10 anos, não tem vilões e mergulha fundo em questões filosóficas sobre quem somos e como nos tornamos assim". O choro não é opcional….

6. O QUARTO DE JACK
(Room, de Lenny Abrahamson)

Brie Larson and Jacob Tremblay star in

O poder de bons contadores de história é encontrar beleza na tragédia. Redescobrir a humanidade quando a esperança parece perdida. É assim com a personagem de Brie Larson. Confinada há sete anos em uma pequena cabana, ela transforma este espaço no mundo inteiro de seu filho, Jack. Aos 5 anos, ele nunca conheceu nada além das paredes e da clarabóia no telhado – o "mundo lá fora" é uma ilusão. Mas o que acontece quando essa ilusão é quebrada? Lenny Abrahamson trata de um tema tão pesado com extrema delicadeza, Brie Larson ganha o papel de sua vida, e nós ganhamos o excepcional Jacob Tremblay, que guarda em sua pouquíssima idade talento de veterano.
Estreia em 18 de fevereiro

5. STEVE JOBS
(Danny Boyle)

jobs

Brilhante. É assim que se pode definir Steve Jobs. A direção de Danny Boyle. O roteiro de Aaron Sorkin. Michael Fassbender. Kate Winslet. Não existe uma vírgula fora do lugar nesta biografia poderosa, que não condena nem santifica o homem por trás da Apple – e, por que não, por trás do impulso que nos fez melhores no século 21. Em três atos, concentrados nos bastidores de três de seus grandes lançamentos (o Macintosh, o Next e o iMac), Boyle e Sorkin dissecam, sem julgamentos, o que movia Jobs. A pergunta que o filme levanta é: em que se torna um homem que deixa de lado sua vida para reinventar a roda, e não apenas uma vez?
Estreia em 14 de janeiro

4. STAR WARS: O DESPERTAR DA FORÇA
(Star Wars: The Force Awakens, de J.J. Abrams)

force

A Força despertou!

 

3. O REGRESSO
(The Revenant, de Alejandro G. Iñárritu)

regresso

Os memes do "Oscar de Leonardo DiCaprio" vão ferver com seu papel em O Regresso, que o próprio ator já definiu como o mais difícil de sua carreira. No filme de Iñárritu (Birdman), o astro chega no limiar de seus limites, físicos e emocionais, como um caçador que, na América do século 19, é deixado para morrer após sobreviver ao ataque de um urso – uma das cenas mais impactantes, no mínimo, da última década. Sua "ressurreição" e sua jornada de vingança são pano de fundo para o diretor explorar o que acontece quando ultrapassamos as limitações impostas por nosso corpo e mente. Preciso dizer que é também o filme plasticamente mais belo em muito tempo?
Estreia em 4 de fevereiro

2. SPOTLIGHT – SEGREDOS REVELADOS
(Spotlight, Tom McCarthy)

spotlight

Filmes são entretenimento, certo? Pois bem, Spotlight é uma bomba atômica, arremessada no coração não só da Igreja Católica, mas também em todo mundo – eu, você – que olha para o outro lado quando confrontado com uma verdade incômoda. Mas não a equipe do caderno Spotlight do jornal Boston Globe, que no começo do século investigaram uma denúncia sobre um padre que poderia ter abusado sexualmente de um garoto. O padre, descobriram, logo virou plural – e Boston não passava de espelho de algo que se repetia em todo o planeta. A cada nova revelação, em cada pedra levantada, a verdade foi surgindo, implacável. Spotlight mostra um recorte deste trabalho, uma verdade incômoda, um filme poderoso. Entretenimento? Com certeza. Mas com um poder devastador.
Estreia em 7 de janeiro

1. MAD MAX: ESTRADA DA FÚRIA
(Mad Max: Fury Road, de George Miller)

(L-r) TOM HARDY as Max Rockatansky and CHARLIZE THERON as Imperator Furiosa in Warner Bros. Pictures' and Village Roadshow Pictures' action adventure

"Meu nome é Max. Meu mundo é fogo. E sangue."

 

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.