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Olá, Estranho: quem é o herói da Marvel com a cara de Benedict Cumberbatch?

Roberto Sadovski

28/12/2015 15h50

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Quando a Marvel começou a construir seu universo cinematográfico, lá atrás em 2008 com Homem de Ferro, a escolha foi o caminho mais "fácil", sabendo que a pedreira viria depois. O produtor Kevin Feige me contou em 2006 que o herói que ganhou vida com Robert Downey Jr. fora o escolhido por não ser exatamente um super-herói, mas um thriller de espionagem e ficção científica, uma aventura com os pés no chão, ainda que fantástica.

Aos poucos, a plateia foi se acostumando que o universo era mais vasto. Assim, aos poucos foram dando as caras personagens de mundos extra-dimensionais (Thor), aventureiros espaciais (Guardiões da Galáxia) e andróides com consciência humana (o Visão em Vingadores: Era de Ultron). Doutor Estranho, o "Mestre das Artes Místicas", abre uma porta ainda não tocada pela Marvel no cinema: feitiçaria, misticismo, aventuras sobrenaturais. É o que o estúdio promete quando o filme do herói, interpretado por Benedict Cumberbatch, chegar aos cinemas no próximo 3 de novembro.

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A Entertainment Weekly saiu na frente e revelou a primeira imagem de Cumberbatch como Stephen Strange, cirurgião que, após ter o movimento das mãos tirado por um acidente, treina com um ser misterioso para enxergar além do mundo material e cumprir seu destino como defensor das artes místicas. É a jornada do herói com altas doses de esoterismo. Como se espera do que sai da fábrica da Marvel, deve trazer bastante ação e mais peças encaixadas no grande tabuleiro que seus filmes tem formado.

Claro que a revelação da EW (veja aqui uma galeria de fotos da revista) é parte de um grande trabalho de educação. Afinal, para quem nunca abriu um gibi na vida (a esmagadora maioria do público que vai ao cinema), Doutor Estranho é uma incógnita. Tudo bem, Homem-Formiga era uma piada e um ponto de interrogação, o que não impediu que o filme dirigido por Peyton Reed alcançasse 518 milhões de dólares nas bilheterias em 2015. Se a Marvel/Disney jogar com as mesmas regras, não é impossível que, em um ano, todo mundo e seu cachorro saibam quem é o Doutor Estranho (e Agamotto, Cyttorak, Oshtur, Watoomb, Vishanti e outras entidades místicas…).

O filme, que está sendo rodado em Londres pelo diretor Scott Derrickson (O Exorcismo de Emily Rose), é uma história de origem, e acompanha a jornada de Stephen Strange, de cirurgião arrogante a um farrapo humano, quando perde as mãos e todo o resto. No Tibete, ele encontra o Ancião (ou Anciã, já que o papel é de Tilda Swinton), que lhe mostra o caminho para se tornar o Mago Supremo de nossa realidade – e nosso guardião contra ameaças que sequer tomamos consciência. Seu adversário é o Barão Mordo (Chiwetel Ejiofor), um ex-aliado que se bandeia para o, digamos, "lado sombrio da Força" quando é preterido para ocupar a posição de escolhido. O elenco ainda traz Rachel McAdams e Mads Mikkelsen.

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Doutor Estranho no traço de Frank Brunner

Se Derrickson jogar as cartas direitinho, Doutor Estranho pode ser o primeiro filme de super-heróis psicodélico da história. Criado por Stan Lee e Steve Ditko em 1963, o herói deixou de lado os clichês do alakazam da magia e explorou caminhos mais ousados, com Lee inventando um verdadeiro dicionário de termos místicos, dando um tom solene e ancestral aos ensinamentos de Strange. Visualmente, Ditko abandonou a pegada urbana que fazia em Homem-Aranha e mergulhou fundo em paisagens bizarras, criaturas absurdas e mundos paralelos saídos de uma viagem de ácido – a versão do desenhista Frank Brunner, na virada dos anos 70 para os 80 (publicada por aqui na extinta Superaventuras Marvel, da Editora Abril), distanciou ainda mais o personagem do que se espera de um super-herói tradicional.

Não dá para negar, por fim, que o visual de Benedict Cumberbatch ficou bem fiel ao traje do herói nos gibis. Ao menos, está longe da versão live action feita para a TV americana em 1978. No telefilme que é melhor ser evitado para preservar a saúde mental, o protagonista, Peter Hooten, parece mais coadjuvante de filme pornô, bem ao estilo Boogie Nights.

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Erro. De ponta a ponta, erro…

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.