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De Toy Story a Procurando Dory, um ranking com todos os filmes da Pixar

Roberto Sadovski

04/07/2016 06h41

Pixarlogo

Vamos começar com uma verdade: a Pixar não consegue fazer filmes ruins. Bom, eu vou jogar um "quase" aí porque, em dezessete longas, basicamente existe uma única grande pisada de bola. Assim que a gente tira esse deslize do meio, porém, o que temos é uma coleção de pequenas obras-primas, de filmes de verniz infantil que, quando inspirados, trazem temas profundos nas entrelinhas. Com um catálogo (palavrinha chata) de histórias originais (tirando as exceções recentes, com filmes apoiados em continuações), a Pixar formou-se como o verdadeiro entretenimento para toda a família. Com risadas cavalares e baldes de lágrimas pelo caminho. Vamos a eles…

CARROS 2
(Cars 2, 2011)

cars 2

Animações, principalmente da Disney, também são produtos. E Carros é a marca mais rentável de tudo que saiu da linha de montagem da Pixar. Mas essa continuação podia ser menos desalmada e com menos pinta de comercial de brinquedo. Não existe nada que empurre a narrativa, não existe um plot bacana, é apenas a devastação de um certo charme traido pelo filme original, esticado em duas horas de nada. Este é, sem a menor dúvida, o único filme verdadeiramente ruim da Pixar.

VIDA DE INSETO
(A Bug's Life, 1998)

bugs life

O segundo filme da Pixar padece de uma certa ingenuidade, de uma história que não trouxe exatamente nada original além da milésima variação da jornada do herói, travestida de batalha campal de insetos. O visual cru não inspira sessões repetidas, e o herói não é exatamente um poço de carisma. Algumas boas piadas completam o quadro, mas Vida de Inseto estava um passo atrás de Toy Story, que iniciou a vida do estúdio no cinema três anos antes. Vale como curiosidade para completar a coleção.

CARROS
(Cars, 2006)

cars

Os valores de uma vida tranquila entram em choque com a urgência da correria urbana quando um carro de corrida inconsequente vai parar por acidente numa cidade do interior, longe das rodovias do "mundo moderno". O filme de John Lasseter tem um certo charme nostálgico elevado pelo design, pelas cores, pelo clima old school. O pulo do gato, porém, foi dar origem a uma série de brinquedos infinita, que provavelmente rende mais aos cofres da Disney do que todos os filmes dessa lista juntos.

O BOM DINOSSAURO
(The Good Dinosaur, 2015)

good dinosaur

O único filme que mal registra como sendo da Pixar, O Bom Dinossauro também marca a pior bilheteria do estúdio, mal batendo em 331 milhões de dólares nas bilheterias mundiais – o primeiro Toy Story, que é de 1995, está à frente com 362 milhões. Talvez a aventura tenha sido eclipsada por Divertida Mente, já que foram lançados no mesmo ano (algo inédito na história do estúdio). Não importa. A história do dinossauro Arlo, que precisa proteger Spot, uma criança humana, e reencontrar sua família, tem um apelo bastante infantil mas não é desprovida de graça e merece ser descoberta.

UNIVERSIDADE MONSTROS
(Monsters University, 2013)

monsters u

Mike e Sully, de Monstros S.A., voltam em versão teen neste filme que consegue ser original, mesmo para uma prequel. A pergunta que todos fizeram quando U.M. foi anunciado era, "Quem está interessado em saber como eles começaram?". A resposta veio nesta pérola acelerada, colorida, divertida e cheia de referências para quem pegou o bonde dos "assustadores profissionais" alguns anos antes.

VALENTE
(Brave, 2012)

brave

A Pixar investiu em uma princesa com muita personalidade e disposta a resolver seus problemas sem o amparo de um "príncipe encantado" (Mulan veio antes, só para registrar). Mergulhando fundo em mitologia e símbolos celta, Valente acompanha a jornada da ruiva Merida em redescobrir o valor da família e os laços com a pessoa que lhe é mais valiosa – tudo embalado em um filme de visual arrebatador, distinto e elegante.

PROCURANDO DORY
(Finding Dory, 2016)

FINDING DORY. Pictured (L-R): Destiny and Dory. ©2016 Disney•Pixar. All Rights Reserved.

FINDING DORY. Pictured (L-R): Destiny and Dory. ©2016 Disney•Pixar. All Rights Reserved.

Eu falei sobre as aventuras de Dory e cia. aqui. Dá uma lida!

UP – ALTAS AVENTURAS
(Up, 2009)

up

O filme que fez o mundo abrir a torneira em seus primeiros cinco minutos traz a Pixar em seu melhor, desafiando as "regras" logo de cara. Afinal, que outro estúdio seria ousado o bastante para lançar um filme, supostamente para crianças, que traz como protagonista um senhor para lá de seus 70 anos, rabugento, enfurecido com a vida e frustrado por sonhos não realizados? Nada melhor que conferir o resultado, uma das aventuras mais exuberantes, otimistas e engraçadas do cinemão moderno.

PROCURANDO NEMO
(Finding Nemo, 2003)

nemo

Diz a lenda que fogo e água são os elementos mais complicados para ser animados digitalmente. Eis que o diretor Andrew Stanton chuta nogo o balde, ambientando a jornada de um pai em busca de seu filho em pleno oceano. Povoado com coadjuvantes carismáticos ("Renderiam até um filme", diria o sábio…) e tecnicamente de tirar o fôlego, Nemo tornou-se mania mundial, que reinou como maior bilheteria da Pixar até a chegada de Toy Story 3.

DIVERTIDA MENTE
(Inside Out, 2015)

inside out

Copio um texto bacana de um sujeito legal, achei o original aqui: "Depois de uma estrada cheia de pedregulhos, a Pixar reencontrou seu caminho neste filme absurdamente original, executado com tamanha graça por Pete Docter que chega a irritar o quanto ele faz parecer fácil. E olha que a sessão para "vender" o conceito de Divertida Mente não deve ter sido fácil: "Rapazes, o filme é sobre as emoções na mente de uma garotinha de 10 anos, não tem vilões e mergulha fundo em questões filosóficas sobre quem somos e como nos tornamos assim". O choro não é opcional….". Não poderia ter dito melhor!

TOY STORY
(1995)

toy story

Toy Story chegou aos cinemas mais de duas décadas atrás como a novidade da vez: um filme inteiro gerado por computador. Logo o assombro não seria pela tecnologia, e sim pela sensibilidade em John Lasseter e cia. ao dar personalidade aos brinquedos no quarto de um garotinho – vivos e cientes de sua "missão" como companheiros de aventuras de uma criança quando nenhum humano estava por perto. A chegada de um boneco espacial que não faz idéia que não é um astrunauta, e sim um brinquedo, transforma a paz do quarto em batalha de egos – e depois, pela sobrevivência – em um filme para aplaudir de pé.

RATATOUILLE
(2007)

ratatouille

Paris é o cenário para uma das maiores declarações de amor ao prazer de comer (bem) que o cinema já gerou. Tudo ancorado pelo protagonista mais inusitado: um rato que recusa-se a comer lixo, preferindo a alta culinária parisiente que ele domina como o melhor dos chefs. Mas um rato não pode cozinhar, e ele logo forja uma amizade surpreendente com um jovem chef que, bom, não sabe se virar em uma cozinha. Apelando para uma paixão tão primária (comer, claro!) em uma ambientação tão perfeita (Paris, claro), o diretor Brad Bird criou uma pérola, com o perdão do trocadilho, deliciosa.

MONSTROS S.A.
(Monsters Inc., 2001)

monsters

O climax de Monstros S.A. é uma das melhores sequências de ação do cinema moderno. Dinâmica e inusitada, é uma busca pela porta (!) que leva ao quarto da menininha Boo, levada por acidente ao mundo dos monstros, cuja energia elétrica é gerada pelos gritos de crianças assustadas pelas criaturas que entram em seu quarto à noite pela porta do armário. Mas Boo termina, escondida, sob os cuidados da dupla Mike e Sully, que precisam devolver a garotinha à seu (ou "nosso") mundo, ao mesmo em que desvendam um esquema de desvio de energia em sua "monstrolândia". Mike é um barato, Sully é um urso de pelúcia e Boo, a criação mais fofa da história da Pixar.

TOY STORY 2
(1999)

toy story 2

Dando um passo além do "quarto de Andy" do primeiro filme, esta continiação coloca o cowboy Woody como um brinquedo raro, que passa a ser perseguido com um colecionador bocó. Sequestrado, ele conta com Buzz e seus amigos para o resgate, numa aventura bem dentro do mundo "de verdade'. Depois do sucesso do primeiro file, marcas de brinquedos famosas voaram para tentar colocar seus produtos em cena – e é assim que a Barvie faz sua estreia triufal no mundo da Pixar. Imagina, então, uma visita à loja de brinquedos…

WALL-E
(2008)

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Para um filme quase mudo, Wall-E é uma das aventuras mais emocionantes do cinemão. É espantoso como o robozinho que batiza o filme – o último habitante de uma Terra abandonada pela humanidade e consumida por pilhas e pilhas de sucata – consegue ser tão emotivo sendo, basicamente, uma máquina sem músculos ou expressões faciais. E sem voz. E sem ninguém com quem interagir, à exceção de uma barata (sim, elas sobrevivem). Wall-E dá uma guinada em seu segundo ato e torna-se um libelo ecológico, um filme sobre consumismo, conformismo e, por fim, esperança. Que ainda é nosso motor mais poderoso.

TOY STORY 3
(2010)

toy story 3

Hora de confessor: no climax de Toy Story 3, com Andy, Buzz e toda a turma prestes a ser incinerados e virar menos que cinzas, foi difícil segurar o choro compulsivo. É a tal magia do cinema, fazer com que a platéia se importe com o destino de um grupo de brinquedos, encontrando fim tão trágico e violento no que, até então, seria uma aventura infantil. Ledo engano. O hiato entre o segundo e o terceiro Toy Story serviu, no mínimo, para as cabeças pensantes da Pixar fazer uma história não só sobre a passagem do tempo e como encaramos avida adulta, mas também sobre o legado que deixamos. Tudo emoldurado por um dos filmes mais bacanas e emocionantes dos últimos anos.

OS INCRÍVEIS
(The Incredibles, 2004)

FILE - In this undated animated still frame released by Pixar, The Incredibles family: speedy 10-year old Dash, left, shy teenager Violet, second from left, the strong and heroic Mr. Incredible, center, and ultra-flexible Elastigirl appear in this scene from

O melhor filme de super-heróis de todos os tempos. Ponto.

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.