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Trailer de A Chegada mostra nova visão sobre tema da invasão alienígena

Roberto Sadovski

17/08/2016 04h34

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Um dos diretores mais interessantes trabalhando no cinemão atual é Denis Villeneuve. Este canadense de 49 anos construiu uma carreira compacta e sólida desde sua estreia com Redemoinho, em 2000, até o eletrizante Sicario: Terra de Ninguém, um thriller sobre a ação dos homens da Lei que combatem o tráfico de drogas na fronteira dos EUA com o México, uma das melhores produções de 2015. Embora os holofotes estejam sobre Villeneuve por ele estar comandando a sequencia de Blade Runner, que recoloca Harrison Ford em um dos papéis mais icônicos de sua carreira mais de três décadas depois, o diretor ainda achou tempo para confeccionar esta ficção científica que, embora surja com menos impacto, é impressionante em como dá um nó numa premissa familiar.

A Chegada traz Amy Adams como uma linguista convocada pelo governo ianque para descobrir um modo de se comunicar com seres alienígenas, que chegam à Terra em diversos pontos do planeta com interesses obscuros. Embora o primeiro impulso seja o mundo se unir ante um evento tão extraordinário, a mera presença dos visitantes é capaz de desestabilizar nosso tênue equilíbrio geopolítico. É uma guinada da abordagem corriqueira do tema, que termina na pirotecnia de Independence Day ou na paranóia da enésima versão de Invasores de Corpos. Em seu trailer desconcertante, A Chegada une o design inusitado das naves dos visitantes com uma investigação mais cerebral e menos visceral de seus objetivos – o que seria o lógico, já que uma reação ao estilo Roland Emmerich só deve funcionar mesmo no campo da ficção.

O bacana de A Chegada é observar o crescimento de Villeneuve e suas ambições, já que a cada filme ele trabalha em um escopo maior. Foi assim o salto de Incêndios para o excepcional drama Os Suspeitos, que Hugh Jackman e Jake Gyllenhaal encabeçaram em 2013. E foi assim com a guinada introspectiva e carregada de simbologia na adaptação de O Homem Duplicado, de Saramago, mais uma vez com Gyllenhaal. Abraçar a ficção científica depois de comandar um filme tão urgente e atual como Sicario parece a opção lógica para um cineasta com a visão de Villeneuve, que pode encontrar na fantasia campo fértil para dissertar sobre a condição humana. O que ele deve abraçar com fervor no segundo Blade Runner (agendado para outubro de 2017). E o que ele parece rascunhar neste A Chegada. O resultado a gente confere em novembro.

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.