Trailer de Thor Ragnarok mostra muito sem revelar absolutamente nada
O diretor James Gunn, dos dois Guardiões da Galáxia, disse há poucos meses que o trailer de Thor Ragnarok era o melhor que a Marvel havia produzido. Bom, se ele exagerou ou não, o fato é que não é só oba oba: em pouco menos de dois minutos, a prévia do filme de Taika Waititi (segura esse nome) consegue explicar onde nosso herói se encontra na trama, posicionar a vilã (Hela, papel de Cate Blanchett), reduzir a pó algumas certezas deste mundo (Asgard, lar dos deuses nórdicos, é destruido), introduzir novos jogadores (Jeff Goldblum, Tessa Thompson, Karl Urban), resgatar velhos conhecidos (Idris Elba, Tom Hiddleston), injetar cor e humor e, a cereja no topo do bolo, terminar com um money shot que vai deixar o cinema aplaudindo em pé.
O melhor? Isso tudo mal deve cobrir o primeiro terço do filme.
É uma regra que a Marvel em particular – e os filmões em geral – parecem ter adotado: não colocar praticamente todo o filme resumido em um trailer. É uma reclamação antiga de cinéfilos, que terminou virando uma tendência meio besta: "não vejo mais trailer porque entrega todo o filme". Como em tudo que envolve oceanos de dinheiro, criar um trailer não é compilar algumas cenas chave e pumba. Por anos, estúdios fizeram dezenas de pesquisas para dar ao público o aperitivo certo para vender seus produtos, e descobriram que a esmagadora maioria de quem vai ao cinema prefere investir seus trocados em alguma atração que lhe pareça familiar – entregar um trailer que não deixava nada de fora fazia parte da estratégia.
Os novos tempos (e a internet, e as mídias sociais, e os blogueiros que coçam o dedo para publicar boaos como se fosse notícia) fizeram com que os donos do dinheiro pisassem no freio e repensassem essa estratégia, criando seu material promocional (trailers, os infames teasers de trailers, cartazes etc) de acordo com cada filme e com cada público-alvo. Assim, a gente vê um preview de Velozes & Furiosos 8 aparentemente entregando o ouro, mas com o filme preservando suas grandes surpresas. Ou trailers como o de Batman vs Superman, que basicamente só deixou de fora a morte do Homem de Aço. Ou ainda trailers que não revelam nada, como Interestelar ou Garota Exemplar.
A prévia de Thor Ragnarok está alinhada com o que a Marvel em feito, de maneira brilhante, com os outros filmes de seu universo cinematográfico. O que aprendemos é que o Deus do Trovão (Chris Hemsworth, ainda cabeludo), após partir em busca de respostas sobre as Jóias do Infinito ao fim de Vingadores: Era de Ultron, enfrenta Hela, Deusa da Morte, livre de sua prisão e furiosa ao extremo. Ela destrói Mjolnir, o martelo do herói (!), deixa Asgard devasada (!!) e expulsa seu adversário para os confins do universo, mais precisamente o planeta Sakaar. Capturado por mercenários liderados pela Valkíria (Tessa Thompson), Thor (Chris Hemsworth, agora de cabelo curto) é apresentado como gladiador ao Grande Mestre (Jeff Goldbulm) e jogado na arena. Seu adversário? O incrível Hulk (Mark Ruffalo e um monte de CGI). Ah, e você nunca verá ninguém mais feliz do que Thor ao rever seu "amigo do trabalho" – antes de os dois sairem no braço.
Tudo isso – Mjolnir destruído, Asgard em ruínas, Thor e Hulk saindo no braço em Sakaar – promete ser o gatilho da aventura, e não seu clímax. O produtor Kevin Feige não foi econômico ao repetir em diversas ocasiões que Thor Ragnarock é um road movie, com os heróis caindo na estrada (ou melhor, viajando entre diversos mundos) para enfrentar a ameaça de Hela, resgatar Odin, encontrar o Doutor Estranho em Nova York – tem muito chão para cobrir! Dos três filmes com o selo Marvel lançados este ano, vale ressaltar, a aventura dirigida por Taika Waititi (guardou bem este nome?) é a que deve trazer mais laços com Vingadores: Guerra Infinita, que chega aos cinemas em 2018, amarrando toda a trama com o vilão cósmico Thanos em uma batalha com praticamente todo o universo Marvel. Os mundos além da Terra mostrados em Thor Ragnarok são coloridos e vibrantes, como em Guardiões da Galáxia. Thanos corteja a Morte, e Hela é a Deusa da Morte. Nada é ao acaso. E eu jogo no mesmo balaio "The Immigrant Song", clássico absoluto do Led Zeppelin que enfeita o trailer. Mas deixo o trabalho de decifrar para alguém mais esperto que eu.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.