Topo

BumbleBee: depois de uma década de explosões, ganhamos um Transformer fofo

Roberto Sadovski

09/06/2018 05h00

Já faz pouco mais de uma década que Michael Bay transformou um dos desenhos animados favoritos da garotada em uma série recheada por explosões, efeitos digitais bombásticos e muita gente boa atuando muito mal. Transformers, de 2007, é de fato um ótimo filme, um herdeiro genuíno do tipo de aventura que Steven Spielberg costumava produzir um par de décadas antes (adivinhe quem assina a produção da série). Os quatro filmes seguintes renderam uma fortuna de mais de 4 bilhões de dólares, mas quando O Último Cavaleiro chegou aos cinemas ano passado, o público meio que deu de ombros para a última sinfonia caótica comandada por Bay. Talvez fosse a hora de os robôs mutantes dar um respiro. Talvez fosse a hora de lembrar porque Transformers, o desenho animado, tornou-se parte da infância de tanta gente nos anos 80.

Entra em cena o diretor Travis Knight, responsável pelo belíssimo Kubo e as Cordas Mágicas, que assumiu o comando do primeiro spin off de Transformers, uma aventura-solo do robô favorito da garotada, BumbleBee. Confesso que eu estava cético em relação ao projeto, talvez por total fadiga da receita explosiva de Bay. Mas o primeiro trailer da aventura, que chega aos cinemas no Natal, mostrou que a nostalgia, quando abraçada pelas razões certas, pode render belas surpresas. De cara vão embora o tom bélico e o clima histérico que a batalha dos Autobots contra os Decepticons escolheu no cinema. Em seu lugar, entra o conceito básico que conduziu o filme original, num bizarramente já distante 2007: o elo entre um adolescente e seu primeiro carro.

Que mané camaro! Hailee Steinfeld dirige o BumbleBee versão fusca!

É a voz do grande Bernie Mac que pontua o começo do teaser, quando a adolescente Charlie Watson (uma charmosa Hailee Steinfeld) tira um fusca amarelo e bastante judiado do ferro velho. O que ela não imagina é que está levando para sua garagem um guerreiro talhado pelo combate, ainda que ele se mostre assustado e tímido, encolhido no canto em sua forma de robô. No lugar do design agressivo escolhido para os filmes de Bay, aqui BumbleBee ganha contornos mais curvilíneos, que o deixam mais parecido com sua encarnação original no desenho animado. A conexão entre garota terráquea e robô mutante alienígena é imediata, o que me fez tirar do baú um adjetivo que jamais se encaixaria em uma aventura dos Transformers: BumbleBee parece ser um filme muito… fofo!

Não que o trailer seja apenas fadas e pirilampos. Nas mãos de Knight, este spin off surge como uma aventura igualmente acelerada, embora desta vez a ação pareça mais clara do que tudo que Bay colocou em cena por cinco filmes. O vilão, ainda não confirmado, parece ser Starscream, braço direito do maligno Megatron, que surge como o caça mais simples apresentado no desenho. É curioso ver que, depois de uma década de evolução de efeitos especiais, a inspiração de Travis Knight para sua aventura esteja no passado – ambientar BumbleBee nos anos 80 não é por acaso. Claro que, em algum momento, seus outros companheiros devem dar as caras (torcendo aqui para um Optimus Prime mais "clássico"). Para um projeto que eu não dava muita bola, BumbleBee certamente despertou meu interesse. Não por nada. Primeiro, eles deixaram o camaro modernoso para trás e assumiram sua "identidade" como um fusca old school. Segundo, porque BumbleBee emana um climão de O Gigante de Ferro, um dos filmes mais perfeitos da virada do século. Será que temos de preparar os lenços?

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.