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Homem-Formiga e a Vespa está em cartaz; como a história se encaixa no MCU?

Roberto Sadovski

06/07/2018 04h18

Se você nunca assistiu a um filme da Marvel, basicamente existe uma só aventura obrigatória para quem vai ver Homem-Formiga e a Vespa nos cinemas: o próprio Homem-Formiga, lançado em 2015. Para uma imersão total, porém, não seria mal ter na bagagem mais dois filmes do estúdio antes de rir com essa turminha da pesada. O primeiro é Capitão América: Guerra Civil, do qual essa aventura da dupla em miniatura é praticamente uma continuação. O segundo é Vingadores: Guerra Infinita, que ecoa pesado no filme de Peyton Reed mesmo tendo pouca/nenhuma interferência na trama. Mas estamos falando do Universo Cinematográfico Marvel, em que TUDO é conectado. A pergunta que muita gente tem me feito é justamente essa: como é feita essa ligação?

Para falar em detalhes sobre como Homem-Formiga e a Vespa se encaixa no MCU (olha, repeti meu título!), vou entrar em território de SPOILERS pesados! Então, se por algum acaso você ainda não assistiu ao filme (estreou ontem, hoje tem jogo, mas fim de semana tá aí), melhor salvar o texto em seus favoritos e voltar por aqui depois. E é isso.

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Ainda por aqui? Última chance antes do raio spoilerizador!!!!

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O Homem-Formiga – ou melhor, o Homem-Gigante! – em Guerra Civil

Quando a aventura começa, temos a exata dimensão da encrenca em que Scott Lang (Paul Rudd) se meteu quando ajudou o Capitão América e cia. em Guerra Civil. Ele foi capturado e, num acordo com o governo alemão, sentenciado a prisão domiciliar por dois anos. Para piorar, Hank Pym (Michael Douglas) e Hope Van Dyne (Evangeline Lilly) se tornaram foragidos por causa dele, já que a ação no aeroporto em Berlim foi feita com tecnologia criada por Pym. É uma violação do Acordo da Sokovia, documento que regulariza a atividade super-humana, e sobrou para o cientista e sua filha. Daqui a gente entende um pouco da linha do tempo no MCU. São dois anos depois de Guerra Civil (Scott termina sua sentença em três dias), com a ação ocorrendo paralela aos eventos de Guerra Infinita (a gente chega já lá).

Scott, pelo visto, não tinha permissão de Pym para continuar usando o traje do Homem-Formiga, e a roupa que ele levou para a Alemanha é um modelo novo, com um uniforme aprimorado (e ainda sendo trabalhado por Pym, ainda cheio de pequenas falhas) apresentado na nova aventura. Originalmente a Vespa seria apresentada justamente em Guerra Civil, mas o diretor Peyton Reed, conversando com os irmãos Anthony e James Russo, seguraram a heroina para este filme. Faz sentido. Foi melhor não fazer sua estreia em uma ponta em filme alheio, e colocar a dupla em Guerra Infinita faria com que o impacto se perdesse no meio da profusão de personagens da aventura. Dessa forma, Homem-Formiga e a Vespa tem tempo para mostrar o quanto Hope tem muito mais preparo para usar um traje de combate do que Scott, e o quanto ela não é sua ajudante, e sim sua igual – e, em muitos momentos do filme, uma combatente superior.

O reino quântico é fundamental para a Marvel no cinema

Parte da trama de Homem-Formiga e a Vespa, por sinal, gira em torno do resgate de Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer), presa no reino quântico, que se revela quando a miniaturização ocorre em nível subatômico, há quase três décadas. É o que aconteceu a Janet em um flashback mostrado no primeiro filme e detalhado na abertura deste segundo (o efeito rejuvenescedor em Douglas e Michelle é ainda mais impressionante). Scott Lang voltou do reino quântico na aventura anterior e parece conectado à Vespa original – conexão que move a nova trama. Muito se especula em relação ao papel deste lugar não só no futuro do MCU, mas também na trama do quarto Vingadores, que estreia ano que vem. Ao ser resgatada, Janet revela um novo poder desenvolvido ao longo de quase trinta anos em uma subdimensão que obedece a diferentes leis da física. Um deles é regenerar moléculas desalinhadas, minimizando os efeitos da exposição ao campo quântico (eu ADORO a ciência falsa do cinema fantástico!).

Como isso poderá ter um papel no quarto Vingadores é algo a ser visto. O reino quântico é uma das dimensões paralelas ao alcance do Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch, que NÃO aparece aqui). Para refrescar a memória, o Mestre das Artes Místicas vislumbra, com a ajuda da Jóia do Tempo em seu Olho de Agamotto (sério, a Marvel tem as melhores traquitanas), observou dezenas de milhões de futuros possíveis no confronto com Thanos, e em apenas um os heróis emergiam triunfantes. Tudo que ocorreu em Guerra Infinita seguiu essa visão, inclusive o sacrifício do próprio Stephen Strange, que antes de ser desintegrado (ou reduzido a pó, ou apagado da existência) disse a Tony Stark (Robert Downey Jr., que também não dá as caras neste filme) que essa "era a única maneira". Heróis apagados, reino quântico, reintegração molecular. Certo. E agora que as coisas começam a ficar interessantes.

Thanos usa a manopla do infinito, a arma suprema contra os Vingadores

Porque Homem-Formiga e a Vespa acontece ao mesmo tempo dos eventos de Guerra Infinita. É uma história sem milhares de conexões, mas ainda parte integrante do MCU…. o que fica dolorosamente evidente na primeira cena pós-créditos. Com a ameaça debelada e Janet Van Dyne resgatada, Hank Pym constrói uma versão reduzida de seu túnel quântico (capaz de abrir um portal para essa dimensão) e começa sua exploração: ele, Janet e Hope monitoram a ação de Scott quando ele é reduzido a um tamanho subatômico, dependendo da reversão do efeito para voltar a sua estatura natural. Flutuando na vastidão do reino quântico, a comunicação com Hope é interrompida. Corta para a Terra, com os equipamentos deixados sozinhos, e uma poeira fina ocupando o lugar de pai, mãe e filha, o vento espalhando a última evidência de sua existência. O plano de Thanos em eliminar metade da vida no universo foi concluído em Guerra Infinita naquele momento, e o casal de cientistas, mais sua filha heroína, agora são apenas uma lembrança. Para piorar? Scott não tem como saber o que houve, e nem como voltar sozinho para a Terra.

A linha temporal esperta é o que liga o filme ao MCU, preparando ainda mais o terreno para a última investida contra Thanos no quarto Vingadores. O esporte favorito dos fãs – especular! – deve entrar no modo turbo até ano que vem, com cada nova imagem analisada à exaustão, e com o título do novo filme, que deve ser revelado no último trimestre do ano, alimentando ainda mais a mente febril dos mais fanáticos. O que não deixa de ser divertido, já que as previsões, quase todas, na verdade, foram pulverizadas quando Guerra Infinita finalmente foi exibido. É fato que Scott Lang terá papel fundamental no próximo Vingadores, que pode usar o reino quântico como gatilho narrativo para alavancar a aventura. Viagem no tempo está na mesa, já que algumas fotos no set do filme mostraram o Capitão América usando seu traje do primeiro Vingadores, mais uma vez na já lendária Batalha de Nova York – curiosamente, Lang está com ele, o que não aconteceu no filme de Joss Whedon.

A única imagem promocional "vazada" do quarto Vingadores

Essa imagem promocional aí em cima é a única pista visual do quarto Vingadores. Notem que Scott Lang está na ação ao lado dos herói; a Vespa, por sua vez, não está no quadro. Gavião Arqueiro? Presente. O Hulk usando um traje completo, que pode indicar a fusão da personalidade da criatura com a de Bruce Banner? Hmmm, talvez. Nebulosa e Rocket ao lado da equipe? Certeza. Armaduras anabolizadas para o Homem de Ferro e para o Máquina de Combate? Na mão. Homem-Formiga e a Vespa, portanto, pode se apresentar como uma aventura isolada, uma comédia facilmente compreendida para quem não é versado no Universo Cinematográfico Marvel. Mas é, na verdade, fundamental para disparar os eventos que culminam na aventura definitiva dos Heróis Mais Poderosos da Terra. E ainda temos Capitã Marvel (também na imagem) antes do fim. Ah, uma curiosidade: nos quadrinhos, o reino quântico é chamado microverso, termo que não pode ser usado no cinema por questões contratuais e de direitos autorais. E sabe quem, nos gibis, explorava o microverso como os bons aventureiros que são? O Quarteto Fantástico.

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.