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Do pior ao melhor, um ranking com todos os filmes da saga Harry Potter

Roberto Sadovski

28/09/2018 16h48

Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald promete mergulhar o Mundo da Magia, universo criado por J.K. Rowling depois do fenômeno Harry Potter, na mais competa escuridão. Apesar de ser uma aventura para toda a família (em teoria), o novo trailer do filme dirigido por David Yates sugere a presença avassaladora do mal sobre os magos que orbitam a Escola da Magia Hogwarts.

Mesmo sem Voldemort, vilão-mor da série, Os Crimes de Grindelwald apresenta um novo malvadão, que ganha o olhar magnético de Johnny Depp. No mais, Jude Law ganha mais espaço como Dumbledore, diretor de Hogwarts, e outros coadjuvantes, o que inclui um festival de criaturas fantásticas, circula o protagonista da aventura, Newt Scamander, interpretado por talvez o ator mais insosso do cinema atual, Eddie Redmayne.

Eddie Redmayne em Os Crimes de Grindelwald

Enquanto este Animais Fantásticos não chega aos cinemas (está agendado para 15 de novembro), aproveitei a ocasião do novo trailer para dar uma geral no Wizarding World, o tal Mundo da Magia, e revi todos os oito Harry Potter (além da primeira aventura de Newt). Alguns filmes ainda seguram as pontas, outros envelheceram mal, e um punhado continua o melhor casamento de impacto de blockbuster com sensibilidade artística. Do melhor ao pior, a saga de Harry Potter no cinema. Ah, e não esqueça de comentar lá embaixo qual o seu favorito!

9. HARRY POTTER E A CÂMARA SECRETA
(Harry Potter and the Chamber of Secrets, 2002)

Em sua segunda aventura, o entusiasmo do diretor Chris Columbus pareceu evaporar. Tudo que era novidade e descoberta no primeiro filme se tornou enfadonho e repetitivo no segundo. Longo demais, sem somar muito à "miotologia" proposta pelos livros, e com um clímax meio pateta, foi um sinal de alerta para o estúdio perceber que não bastava traduzir os livros e se dar bem. A boa notícia? Eles aprenderam a lição.

8. ANIMAIS FANTÁSTICOS E ONDE HABITAM
(Fantastic Beasts and Where to Find Them, 2016)

A retomada do Mundo da Magia teve como ponto de partida uma "obra dentro da obra", um livro citado cmo parte do currículo dos alunos em Hogwarts, que aqui ganhou mais dimensão. Mas Animais Fantásticos, uma aventura sem nenhuma personalidade e com um dos atores mais sem carisma de todos os tempos, o superestimado Eddie Redmayne, terminou sendo um "Harry Potter sem Harry Potter". O resultado foi a menor bilheteria em toda a série e a mudança de foco para elementos mais familiares no novo Os Crimes de Grindelwald.

7. HARRY POTTER E A ORDEM DA FÊNIX
(Harry Potter and the Order of the Phoenix, 2007)

A quinta aventura do bruxo no cinema foi também um ponto de ruptura. Ao assumir a série, ficando até sua conclusão (e seu renascimento), o diretor David Yates entendeu que não havia no Mundo da Magia espaço para nenhuma ambição autoral e cumpriu seu papel como operário dedicado. O maior obstáculo foi transformar o livro mais longo da saga em um filme coerente (tarefa que coube ao roteirista Michael Goldenberg, no único filme sem o dedo de Steve Kloves) e uma história expositiva em uma narrativa coerente. Acertou na trave.

6. HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE – PARTE 1
(Harry Potter and the Deathly Hallows Part 1, 2010)

Em sua reta final, Harry Potter viu o último livro dividido em dois filmes, e é impossível não assistir a este Relíquias da Morte Parte 1 como uma aventura incompleta, mesmo que Yates já tenha compreendido as engrenagens para comandar uma produção tão complexa e colaborativa. Mas é um filme belíssimo, que acerta o tom lúgebre e prepara a cena para o encerramento da saga de maneira satisfatória.

5. HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE
(Harry Potter and the Half-Blood Prince, 2009)

HP6-VFX-00014 MICHAEL GAMBON as Professor Albus Dumbledore and DANIEL RADCLIFFE as Harry Potter in Warner Bros. PicturesÕ fantasy adventure ÒHarry Potter and the Half-Blood Prince.

O combate ao lorde das trevas Voldemort engata uma segunda neste filme que termina com a maior tragédia de toda a série (SPOILER ALERT!!!!!!), a morte do diretor de Hogwarts, Albus Dumbledore. Toda a arquitetura da série, seus personagens e ,mitologia, aceleram em O Enigma do Príncipe, já que a ameaça enfrentada por Harry e seus amigos deixa os corredores da Escola de Magia e toma o mundo. Ainda assim, é uma aventura redondinha e em nenhum momento parece fragmentada para obedecer a uma saga maior. Ponto para Yates.

4. HARRY POTTER E O CÁLICE DE FOGO
(Harry Potter and the Goblet of Fire, 2005)

Com o quarto filme da série, o diretor Mike Newell conseguiu o equilíbrio perfeito entre todos os elementos e desafios na mesa. O Cálice de Fogo alavanca a ameaça de Voldemort – que finalmente é materializado na figure de Ralph Fiennes. É também uma aventura empolgante e acelerada. E, acima de tudo, é uma comédia adolescente, já que traz o trio de protagonistas em ebulição de hormônios, o que é potencializado com a chegada de estudantes de outras duas escolas de magia para competir em um torneio em Hogwarts – no set, o segundo da saga que eu visitei, dúzias de adolescentes se mostravam encantados por fazer parte daquele mundo. Dramas, risos e lágrimas emolduram um filme que não desacelera quando a barra pesa, mas que entende que a escuridão só é eficiente quando equilibrada com a luz. Ah, e… dragões!

3. HARRY POTTER E A PEDRA FILOSOFAL
(Harry Potter and the Sorcerer's Stone, 2001)

Vamos admitir, A Pedra Filosofal está longe de ser um filme perfeito. O elenco jovem ainda precisa de entrosamento para acertar a química. A trama é meio capenga. Mas Chris Columbus amarrou a coisa toda com tanto deslumbre e encantamento que é impossível não abraçar de cara a jornada de Harry Potter (Daniel Radcliffe, o casting perfeito) para descobrir seu verdadeiro lugar. Lançado no auge da pottermania, A Pedra Filosofal por vezes se entrega ao fan service exagerado (a narrativa parece mais interessada em mostrar elementos dos livros do que contar uma história), mas foi o filme certo no momento certo e da maneira certa para dar o pontapé na série. E não tem como não arrepiar com os primeiros acordes do tema criado por John Williams para o filme.

2. HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE – PARTE 2
(Harry Potter and the Deathly Hallows Part 2, 2011)

O final da saga foi um dos momentos mais agridoces do cinema recente. Agora a luta do bem contra o mal não encontra mais espaço para áreas cinzentas, com Harry e Voldemort destinados a um combate de vida ou morte. David Yates acerta na conclusão dos arcos narrativos de cada personagem e confia que, a essa altura, o público não precisava de muitas explicações, podendo ir direto ao ponto. Heróis são revelados, vilões são destruídos e a vitória tem sabor de fim de guerra, sem muito espaço para celebração. Foi um sucesso e abraçou tudo que fez de Harry Potter um marco inegável na cultura pop. Um filmaço.

1. HARRY POTTER E O PRISIONEIRO DE AZKABÁN
(Harry Potter and the Prisoner of Azkaban, 2004)

Depois de duas adaptações conduzidas por Chris Columbus, o estúdio entregou as chaves de Hogwarts a um autor de verdade, e o resultado não decepcionou. Alfonso Cuarón fez de O Prisioneiro de Azkabán não só parte de uma saga maior, mas um filme de verdade, uma aventura que, mesmo parte de um produto extremamente lucrativo, limitada por uma série de regras, ainda surge como um filme com a assinatura de seu realizador – detalhes de sua herança mexicana estão no desenho de produção, no figurino, fragmentos que o próprio diretor me mostrou quando eu visitei o set do filme na Inglaterra. Nas mãos de Cuarón, o elenco entrega suas melhores performances, com o diretor entendendo que o tom esquisito e fantástico da série permitia devaneios visuais e narrativos de muita personalidade. Sem falar que essa terceira aventura trouxe emoções e conexões humanas genuínas, mostrando que, mesmo um produto corporativo, nas mãos certas, pode se tornar uma verdadeira obra de arte.

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.