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Novo teaser de Vingadores: Ultimato mostra um mundo pós-apocalíptico vazio

Roberto Sadovski

04/02/2019 14h50


A Marvel, aparentemente, chutou o balde. Os trinta segundos de Vingadores: Ultimato exibidos durante o intervalo do Super Bowl são a prova disso: chegaremos ao cinema em 25 de abril sem saber absolutamente nada sobre o filme. Algumas imagens ligeiras, uma ou outra frase de impacto, e só. Não deixa de ser um alento, especialmente em tempos de informação supersônica, quando novos filmes chegam ao cinema já mastigados, feito comida pra filhote de passarinho. Para a conclusão dessa história em particular, adotar o "quanto menos, melhor" é a melhor estratégia. É curioso ver uma produção desse tamanho ir contra a maré e esconder o ouro. Por outro lado, depois dos 2 bilhões de dólares em caixa, precisa mesmo dissecar o produto pra consumo de massa? A resposta, para a turma da Marvel, é não.

O que nos leva ao novo teaser. O aspecto mais brilhante do marketing de Vingadores: Ultimato até agora é mostrar as consequências das ações de Thanos em Guerra Infinita, e não a reação a elas. No calor da aventura, em que acompanhamos a narrativa no ombro dos heróis, é fácil esquecer como o resto do mundo fica depois de toda a ação. A prévia lançada na noite de domingo concentra-se nisso, revelando uma Nova York às traças, com o funcionamento da cidade travado depois que metade de sua população desapareceu. Como fica o homem comum ao perder parentes e amigos? Como fica a sociedade, ao ter sua mão de obra dizimada? Em vez de cenas com os heróis em ação, que mal registram aqui, vemos Steve Rogers, o Capitão América, participando de um grupo de suporte a sobreviventes. Em roupas civis, expressão indignada, possivelmente ouvindo as histórias de quem foi deixado para trás. A escolha da Marvel é corajosa, porque busca um sentimento melancólico, e não uma explosão de adrenalina como era o material de Guerra Infinita.

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Obviamente Vingadores: Ultimato não será uma câmera indiscreta em meio a uma reunião de veteranos de guerra traumatizados. Mas eu não lembro a última vez em que um filme dessa escala teve uma divulgação tão sóbria. O produtor Kevin Feige já deixou claro que todo material da campanha do novo filme se concentrará em seus primeiros quinze, vinte minutos – o que, para uma produção de supostamente três horas, é só o aperitivo. Mas isso não é só marketing, já que as consequências são o motor que impulsiona a trama – o que deve ser explorado com o arco dramático de Ronin, nova identidade do Gavião Arqueiro, que supostamente viu sua família evaporar com o estalar de dedos de Thanos. Ele deve ter a reação mais humana em Ultimato, e é possível que seja com ele que vamos acompanhar o desenrolar do filme. Até lá, podemos esperar que o silêncio da Marvel não seja só uma forma de vender seu produto, mas um reflexo de como, em pleno século 21, ainda é possível assistir a um blockbuster monumental sem saber o que está por vir.

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.