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Quem será o Skywalker no título do novo Star Wars - veja o primeiro teaser

Roberto Sadovski

12/04/2019 18h41

Foi quase um ano de silêncio. Desde que Han Solo: Uma História Star Wars fracassou em encontrar uma conexão com o público ano passado, os responsáveis por guiar a saga criada por George Lucas se recolheram em mistério – em especial J.J. Abrams, diretor de O Despertar da Força, que discretamente dirigiu o Episódio IX da aventura nesse meio tempo. Tudo mudou, porém, com a apresentação de Abrams e seu elenco (Daisy Ridley, John Boyega, Oscar Isaac, Kelly Marie Tran e aaté Billy Dee Williams) durante a Star Wars Celebration em Chicago, que terminou com a exibição do primeiro trailer do filme e a revelação de seu título, A Ascensão Skywalker. Claro que, como tudo mais no universo da série, o evento levantou mais perguntas do que trouxe respostas, duas em particular devem fritar a mente dos fãs pelos próximos meses: o que significa o título e como o Imperador Palpatine, grande arquiteto da ditadura do Império na trilogia original, pode fazer parte de tudo.

Primeiro, o título. Abrams já deixou claro que A Ascensão Skywalker é o fim não só da novíssima trilogia, mas de toda a saga iniciada com Uma Nova Esperança em 1977. Ao longo dos seis primeiros episódios, acompanhamos o surgimento e a queda de Anakin Skywalker, que se perdeu para o Lado Sombrio da Força como Darth Vader, e sua redenção e sacrifício ao salvar seu filho Luke, herdeiro de seus poderes, causando a queda do Império. Leia, princesa e general da Aliança Rebelde e, depois, da Resistência, demonstrou também ter poderes em Os Últimos Jedi, mas preferiu trilhar um caminho diferente de um cavaleiro Jedi. Seu filho, Ben, ou Kylo Ren, é também herdeiro das mesmas habilidades, embora ainda não esteja certo de seu papel neste tabuleiro cósmico – em dois filmes ele passou de vilão parricida a herói relutante, finalmente assumindo posição de conquistador. Ou seja, são muitos Skywalker que podem ascender neste último filme.

Os heróis encontram os destroços de uma Estrela da Morte

O que nos leva a Rey. Descoberta no planeta deserto de Jakku, e arrastada ao conflito quase que por acaso, ela releva sua afinidade profunda com a Força, expandida depois de seu período ao lado de um Luke Skywalker amargurado e isolado em Os Últimos Jedi. O filme de Rian Johnson deixa claro que ela não compartilha a mesma herança, sugerindo que a Força não precisa de uma linhagem especial para surgir, sendo de fato uma singularidade capaz de se manifestar nos indivíduos mais improváveis. É um conceito brilhante, que ajuda a expandir o universo Star Wars. Mas é também a maior fonte de dúvida para a trama do novo filme, que coloca a família Skywalker como o foco da conclusão da história. Vale apontar a tradução para o português, que omite a preposição "de" ou o artigo "dos", carregando a mesma indefinição do título original, The Rise of Skywalker. Ou seja, não sabemos se é uma pessoa ou um grupo de pessoas – ou mesmo se Rey faz parte disso, se ela pode "ascender"! Malandros.

A Ascensão Skywalker ocorre no momento mais delicado da saga, o ponto mais frágil dos heróis desde o fim de O Império Contra-Ataca. Abrams não entregou uma linha do tempo, mas adiantou que o novo filme é situado algum tempo depois de Os Últimos Jedi, dando respiro para a Resistência, que terminou a aventura anterior praticamente aniquilados, poupados da extinção total graças à interferência no último segundo de Luke Skywalker, que terminou unificado com a Força ao usar seu poder atravessando galáxias para enganar Kylo Ren. A exemplo de Obi-Wan Kenobi, que acompanhou o herói ao longo da trilogia original mesmo depois de abatido por Darth Vader no primeiro filme, a presença de Luke deve permear o novo filme, até porque é sua voz ouvida no teaser, aparentemente dirigindo-se a Rey. "Passamos adiante tudo que sabemos, mil gerações vivem em você agora… mas esta é sua luta", diz, enquanto somos bombardeados com imagens da jovem executando manobras físicas impressionantes. "Sempre estaremos com você, ninguém se vai totalmente."

Palpatine vive! O ator Ian McDiarmid sobe ao palco da Star Wars Celebration

E é essa a pista no fim que trouxe o elemento mais surpreendente do teaser de Star Wars: A Ascensão Skywalker. Quando Rey, ao lado de Finn e Poe Dameron (e C-3PO e Chewbacca), descobrem o que parece ser destroços de uma Estrela da Morte. No universo Star Wars houve duas: a primeira destruída por Luke em Uma Nova Esperança; a segunda, explodida por Lando Calrissian em O Retorno de Jedi. A estrutura estilhaçada repousa no mar de um planeta ainda não revelado, e quando ela surge no teaser, pode-se ouvir a gargalhada do próprio Imperador Palpatime ao fundo. O que seria descartado como uma referência usada por Abrams ganhou novos contornos quando, ao final da exibição do teaser no palco do evento em Chicago, surgiu o ator Ian McDiarmid, unicamente para pedir um bis para a projeção. A conexão com a trilogia clássica ganhou, assim, novos contornos, corroborando as declarações misteriores de J.J. Abrams sobre o modo como A Ascensão Skywalker amarra a saga inteira.

Poderosíssimo, , Palpatine pode ser o responsável por toda a criação da Primeira Ordem, alistando um novo exército poderosíssimo nos bastidores, disposto a recuperar o controle da galáxia. Manipulador supremo, ele foi aparentemente morto por Darth Vader em O Retorno de Jedi – mas não em combate, e sim quando o pai de Luke, em uma atitude inesperada, o jogou em um poço de energia na Estrela da Morte. Palpatine poderia estar por trás de Snoke, líder deste novo império, morto (com certa facilidade) por Kylo Ren em Os Últimos Jedi, o que também explicaria a obsessão em encontrar Luke Skywalker, o único capaz de ameaçar sua volta. Em uma linha narrativa de O Despertar da Força que foi abandonada quando o filme entrou em produção, Rey encontrava os destroços da Estrela da Morte também no mar, mergulhando na sala do trono de Palpatine para encontrar algum objeto importante para a luta da Resistência. É possível que Abrams tenha recuperado essa ideia, fazendo com que os heróis descubram que tudo não passou de um plano do grande vilão de Star Wars desde o começo. Nesse cenário, a ascensão dos Skywalker não como pessoas, mas como um símbolo, faz com que o título faça mais sentido. Ou então podemos ver um combate de todos os "fantasmas da Força", de Qui-Gon Jin a Obi-Wan Kenobi, passando por Anakin, Yoda e Palpatine. Se "ninguém se vai totalmente", então tudo é possível. Vai saber. Star Wars: A Ascensão Skywalker estreia por aqui em 19 de dezembro.

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.