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Do pior ao melhor, o ranking definitivo com os 11 filmes da saga Star Wars!

Roberto Sadovski

23/12/2019 01h42

Acabou! Quatro décadas e onze filmes depois (ok, são nove na trama principal, mas me deixa…), Star Wars chega ao fim com o bombástico e divisivo A Ascensão Skywalker (em cartaz em um cinema perto de você!). Entre dúzias de personagens, mundos e reviravoltas, o cinema experimentou sua mudança mais profunda quando George Lucas viu seu terceiro longa transformar-se em um fenômeno global, em marco zero da cultura pop, em indústria bilionária. Star Wars é uma das propriedades intelectuais mais valiosas do planeta, mas é sempre bom lembrar que, antes dos Funko Pop, das toalhas de mesa, das formas de gelo e dos kit LEGO que valeu a entrada de uma casa, a coisa toda começou no cinema.

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E é para esse templo sagrado que voltamos nosso olhar ao classificar cada uma das empreitadas em tela grande. Não foi fácil, mas fui justo! Concorda? Discorda? Então solte o verbo nos comentários, nas redes sociais, durante a Ceia do Natal. E que a Força… ah, chega!

11. A AMEAÇA FANTASMA
(George Lucas, 1999)

Sem um protagonista, sem personagens minimamente desenvolvidos e dirigido por George Lucas no modo preguiça máxima, a aventura que pretendia contar a história de Darth Vader é um excelente indutor ao sono, que ganha pulso unicamente em seu clímax, quando os cavaleiros Jedi Qui-Gon Jinn (Liam Neeson) e Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor) enfrentam o lorde Sith Darth Maul (Ray Park). Mas aí já é tarde, porque não existe a menor conexão emocional com absolutamente nada. Bônus: Jar Jar Binks.

10. ATAQUE DOS CLONES
(George Lucas, 2002)

Ligeiramente superior a seu antecessor, Ataque dos Clones traz Lucas completamente apaixonado pelas possibilidades de usar cenários virtuais, aposentando quase por completo o trabalho de maquetes e miniaturas ainda usado em A Ameaça Fantasma, o que lhe conferia ao menos uma sensação de mundo real. Até isso é perdido aqui, em uma filme com atores se virando ao máximo em cenários de videogame. O que salva mesmo é Ewan McGregor, esforçando-se ao máximo para transformar seu Obi-Wan em um personagem multidimensional, que pode de fato correr algum risco. Quanto ao romance de Padmé (Natalie Portman) e Anakin (Hayden Christenssen), uma única conclusão: Lucas não faz a menor ideia de como escrever ou filmar um romance. Vergonha.

9. HAN SOLO
(Ron Howard, 2018)

Quando os bastidores de um filme são caóticos, o resultado por ser genial ou uma completa bagunça. Infelizmente, aqui ficamos com a segunda opção. Alden Ehrenreich encarou a dificílima tarefa de assumir o papel de Han Solo, simplesmente um dos heróis mais icônicos do cinema, imortalizado por Harrison Ford. Ele não faz um trabalho ruim, mas seria bom que tivesse ao menos algum material com o que trabalhar. O problema de "prólogos" como Han Solo é que o roteiro precisa se encaixar em acontecimentos que a plateia já conhece de antemão, reduzindo drasticamente as possibilidades dramáticas. Mais ainda: nem tudo precisa ser explicado, rapazes. Mais ainda parte 2: embora seja Star Wars, em nenhum momento parece Star Wars. Ao menos uma sequência é digna de nota: o ataque de Solo e cia. a um trem de carga do Império. É uma cena linda, empolgante e tecnicamente perfeita!

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8. A VINGANÇA DOS SITH
(George Lucas, 2005)

Por onde começar? A Vingança dos Sith existe unicamente para mostrar a queda da República e a transformação de Anakin Skywalker em Darth Vader. Só. Para emoldurar, Lucas bolou uma trama política entediante e se viu na obrigação de resolver o romance trágico de Padmé e o jovem Jedi. Ao menos o diretor (finalmente) demonstrou alguma preocupação com desenvolvimento de personagem e arco dramático, e a partir do momento em que Anakin abraça o Lado Sombrio da Força, o filme ganha fôlego, porque é a primeira vez que Hayden Christenssen parece interpretar um personagem conflituoso, em dúvida com suas decisões e com seu destino. Seu duelo épico com Obi-Wan em um mundo feito de lava estende-se um pouco além do razoável, mais ainda assim contorna seu artificialismo com emoção genuína. O final agridoce é um dos melhores de toda a saga.

7. A ASCENSÃO SKYWALKER
(J.J. Abrams, 2019)

Aqui temos o perfeito exemplo de um estúdio perdendo a mão ao tentar agradar a um punhado de fãs ranhetas. Algumas das excelentes decisões criativas de Os Últimos Jedi foram jogadas pela janela porque executivos cederam à parcela mais birrenta dos fanáticos. Em resumo: a ideia bacana de que qualquer um pode ser um Jedi foi grosseiramente substituída por laços de sangue. Ou seja, só a realeza pode ter esse poder. Uma tremenda bobagem que o roteiro claudicante não sustenta (trazer Palpatine de volta, de maneira tão largada, foi a pior decisão criativa de toda a saga). Ainda assim, o elenco faz o possível para segurar a narrativa na base do carisma, e o ponto final definitivo da história da família Skywalker amarra tudo de maneira ok. Não genial, nem grandiosa, mas só ok.

6. O RETORNO DE JEDI
(Richard Marquand, 1983)

Star Wars nunca fez exatamente muito sentido. Mas o roteiro de O Retorno de Jedi força a barra legal. Alguém consegue, por favor, explicar qual seria afinal o plano de Luke Skywalker para resgatar Han Solo das mãos de Jabba? E por que Han, um dos anti-heróis mais espetaculares da história, acordou de sua hibernação forçada sem o menor charme ou carisma? Mais ainda, será que o Império podia ser mais incompetente ao perder uma batalha contra um bando de ursinhos de pelúcia? A infantilização da série não é ao acaso, já que George Lucas nunca escondeu que Star Wars é uma história para crianças. Mas não precisava forçar a barra. Ainda assim, a direção dinâmica de Marquand (procure seu ótimo thriller de guerra O Buraco da Agulha) garante adrenalina nos momentos certos, e a batalha final contra a nova Estrela da Morte é um feito técnico espetacular. Seria um bom fim, mesmo com os retoques digitais toscos de 1997 (a banda no covil de Jabba é, na falta de uma palavra melhor, ridícula). Mas não era pra ser.

5. O DESPERTAR DA FORÇA
(J.J. Abrams, 2015)

Ao retomar a saga já sob a gerência da Disney, J.J. Abrams criou uma aventura belíssima. Ao seguir a estrutura narrativa do Guerra nas Estrelas original, ele lembrou ao público porque nos apaixonamos pela aventura fantástica de George Lucas em primeiro lugar. Os novos personagens também empolgam, com o mistério de Rey (Daisy Ridley) e a herança de Kylo Ren (Adam Driver) impulsionando a trama. Seria covardia uma comparação com os protagonistas originais, que surgem para dar sua bênção a uma nova geração. Foi bacana rever Harrison Ford como Han Solo e Carrie Fischer como a princesa (ops, general) Leia. Também foi inteligente a decisão em reapresentar Luke Skywalker (Mark Hamill) só nos últimos momentos do filme: o filme não é sobre ele, e sim sobre o sangue novo na história. Bem amarrado, respeitoso com o passado e sem medo de abrir novas portas para o futuro, O Despertar da Força é um filmaço que merece estar entre os grandes momentos de Star Wars.

4. ROGUE ONE
(Gareth Edwards, 2016)

Ninguém precisa procurar um modelo para o futuro de Star Wars após o términa da saga Skywalker: ele já existe e atende por Rogue One. O filme de Gareth Edwards insere-se marginalmente no universo da série, usando personagens conhecidos para ancorar sua cronologia. No caso, Darth Vader, que aqui mostra pela primeira vez no cinema porque se tornou alguém tão temido e perigoso na hierarquia do Império. Sua presença assombra cada pedaço da aventura, que usa estrutura de filme de guerra ao estilo Os Doze Condenados para estabelecer sua missão e seus riscos. Jyn Erso (Falicity Jones), filha perdida de um cientista imperial, é convocada pela Aliança Rebelde para encabeçar uma missão vital: roubar os planos de uma estação de combate que pode pender a balança do conflito para o lado dos vilões. Ela reúne, entre espiões, soldados e desertores, um time de párias para um ataque em uma base fortemente armada. E é isso. O mais bacana de Rogue One é que, ao lidar com personagens desconhecidos, não temos a menos ideia de como a coisa vai se desenrolar. Como o filme é ambientado imediatamente antes dos eventos do Guerra nas Estrelas original, e nenhum dos protagonistas aqui deu as caras em outros episódios da saga, seu destino trágico fica evidente. O que importa, entretanto, é a jornada. E Rogue One acerta em todos os pontos para fazer com que ela seja memorável.

3. OS ÚLTIMOS JEDI
(Rian Johnson, 2017)

Rian Johnson entendeu exatamente o que é Star Wars quando entrou no jogo, desafiou todas as expectativas e, pela primeira vem em anos, fez com que a série voltasse a ser empolgante. E fez isso seguindo uma regra simples: nada de se prender ao passado, o negócio é olhar para o futuro. É assim que encontramos Luke Skywalker, em exílio após cometer um erro que colocou em risco toda uma nova geração de cavaleiros Jedi. Ao ser procurado por Rey, ele é obrigado a encarar seu próprio fracasso e fazer o sacrifício supremo para garantir a sobrevivência da Resistência – e de sua irmã, Leia. Ao mesmo tempo, Os Últimos Jedi desenvolve melhor a personalidade de Poe (um rebelde que não gosta de seguir regras e tem uma dura lição sobre sua importância) e Finn (que por fim encara sua responsabilidade no conflito). Ao mesmo tempo, desenvolve a personalidade de Kylo Ren (o duelo ao lado de Rey contra a guarda do líder Snoke é coisa linda, em um filme visualmente acachapante!) e se concentra nos pequenos momentos, com Yoda ("O maior dos mestres, o fracasso é.") e com Leia ("A esperança é como o Sol. Se você só acreditar quando ver, você nunca vai sobreviver à noite."). E espero que não tenha sido a última vez que vimos DJ (Benicio Del Toro), o anti-Han Solo, que resume toda a luta em uma frase: "às vezes vocês os explodem. Às vezes eles os explodem. São só negócios". O maior legado de Os Últimos Jedi, porém, está no garoto maltrapilho que, na última cena, mostra sua conexão com a Força: ela pode estar em todo mundo. Essa é a beleza universal de Star Wars.

2. GUERRA NAS ESTRELAS
(George Lucas, 1977)

O marco zero, o filme que começou tudo. Uma mistureba de Flash Gordon com os filmes Akira Kurosawa com O Senhor dos Anéis em uma galáxia muito, muito distante. George Lucas refinou sua história por anos e juntou um time de notáveis para executá-la. Ralph McQuarrie, que fez as primeiras artes conceituais. Os sonhadores reunidos para criar do zero a Industrial Light & Magic e ultrapassar os limites do que poderia ser criado no cinema. O produtor Gary Kurtz, que manteve o caos coeso nos bastidores. John Williams e sua música imortal. Tudo colocado a serviço de uma aventura acelerada, em que cada cena informava a próxima, mantendo a plateia na beira da poltrona, absolutamente maravilhada com o novo mundo que se abria. Guerra nas Estrelas está longe de não ter defeitos, mas suas falhas apenas humanizam o espetáculo, coroado com toda uma geração que saiu do cinema disposta a criar seus próprios sonhos. Um dos filmes mais importantes da história, um dos fenômenos mais espetaculares da cultura pop. Em cem anos, pode apostar, alguém ainda estará falando sobre a aventura espacial que mudou tudo – provavelmente, depois de assistir ao filme com um implante cerebral comprado na farmácia, ainda de queixo caído com aquele momento perdido no tempo.

1. O IMPÉRIO CONTRA-ATACA
(Irvin Kershner, 1980)

Porque O Império Contra-Ataca é o melhor Star Wars de todos? Eu arrisco que seja por não entregar absolutamente nada que os fãs esperavam. Depois que Guerra nas Estrelas estabeleceu o universo de George Lucas, Império podia nadar de braçada em mais uma aventura heroica e triunfante. Mas os roteiristas Lawrence Kasdan e a incrível Leigh Brackett miraram no oposto do "fácil e seguro". Ao final da aventura, os heróis estão em seu pior momento. Luke Skywalker perdeu a grande batalha com Darth Vader. Han Solo fora capturado, congelado e retirado de cena pelo caçador de recompensas Boba Fett. A Aliança Rebelde sofrera uma derrota devastadora no planeta gelado Hoth. Ainda assim, o diretor Irvin Kershner encontrou espaço para ampliar o escopo e lapidar não só o filme como cinema (Império ainda é o mais bonito de todos os Star Wars), mas também a história central, uma tragédia de pais e filhos, de guerreiros monásticos que defendiam a galáxia extintos e exilados, de lealdade e traição, de amor e guerra. Ao definir os jogadores no tabuleiro cósmico de Star Wars, O Império Contra-Ataca aumentou os riscos e dobrou as apostas, deixando os fãs, que haviam mergulhado neste mundo há apenas três anos, sem a menor ideia do que estaria por vir. É na adversidade que os verdadeiros heróis se sobressaem. E foi no "filme do meio" da trilogia original que a saga finalmente encontrou sua voz e deixou de ser fenômeno para se estabelecer como cinema de verdade.

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.