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Esqueça Cavaleiros do Zodíaco: estes 12 animes são bons de verdade!

Roberto Sadovski

25/09/2014 05h34

cavaleiros

Vinte anos de Cavaleiros do Zodíaco no Brasil. Honestamente, sucesso só aqui mesmo. No universo infinito da cultura pop japonesa – mangás e animes em particular –, a animação que se tornou fenômeno no Brasil via a (extinta) TV Manchete mal arranha a superfície. Pudera. É uma série histérica, mal amarrada, com péssimos personagens e animação de quinta. Fui assistir ao novo filme no cinema e foi uma tortura. A trama não faz sentido, as lutas (supostamente o único fator redentor de CdZ) são um tédio só e o clímax é lento, pesado e desinteressante. Nostalgia, claro, só sustenta um fenômeno até a página dois.

Como eu sou um sujeito bacana, fiz um listão de 12 animes realmente legais e inesquecíveis. Misturei longas para cinema e séries de TV que dão um panorama da melhor animação produzida na terra de Kurosawa – os filmes de Hayao Miyazaki, claro, são uma categoria à parte e você pode ler sobre eles aqui. Boa parte dos desenhos são adaptações de mangás. A maioria se desdobra na TV, no cinema, em games e livros. Alguns dos títulos que eu selecionei refletem à perfeição o estilo nipônico de contar uma saga. Outros quebram as barreiras geográficas e culturais e se apresentam como uma obra universal. Produtos pop perfeitos e atemporais que abrem a mente para um mundo irresistível – que eu cheguei a abordar em um Nerdovski ano passado. Concorda? Discorda? Qual é seu anime favorito? O meu, para não fugir do clichê, começa com A e termina com KIRA…

TRIGUN

Trigun

Vash é um atirador de elite que sofre de amnésia… o que dificulta ele entender porque é perseguido por caçadores de recompensa. Vash não faz idéia que vale 60 bilhões de dólares e que, por alto, pode ter causado a destruição de uma cidade. Criado como mangá e popularizado em um anime na TV e no cinema, Trigun é uma série de ação sem concessões, que coloca o pistoleiro sem memória em evidência e descortina seu passado à medida em que ele salva vidas e recupera o que a memória teima em lhe roubar. O visual já icônico de Vash é figura fácil nas comic cons do mundo.

PERFECT BLUE

perfect blue

O livro de Yoshikazu Takeuchi, um thriller psicológico sobre uma cantora perseguida por um stalker depois de deixar seu grupo pop, foi adaptado de forma brilhante por Satoshi Kon. Com sensibilidade e uma mão perfeita para conduzir e elevar tensão, ele mostra o que acontece à jovem Mima quando ela abandona a carreira como cantora para se tornar atriz. Perseguida por um fã obsessivo, ela aos poucos perde a noção do que é real ou fantasia – e uma série de assassinatos a faz questionar sua sanidade e inocência. Perfect Blue é uma paulada, que funcionaria à perfeição como um thriller live action com Jennifer Lawrence como protagonista. Mas nem precisa.

PATRULHA ESTELAR

yamato

A saga da espaçonave Yamato para achar um novo lar para a humanidade, quando a Terra é deixada inabitável após um ataque alienígena, foi o verdadeiro "fenômeno da TV Manchete" que eu acompanhei quando moleque. A série original, com 26 episódios exibidos originalmente no Japão em 1974 e 1975, deu origem a meia dúzia de continuações, no cinema e na TV, e também a adaptações em mangá. Em 2010, Space Battleship Yamato ganhou uma versão live action extremamente cool. Mas nada – NADA! – se compara ao tema militar cafonão da versão, americana, Star Blazers. Bons tempos…

PAPRIKA

paprika

Três cientistas de uma fundação de pesquisas psiquiátricas inventam uma máquina capaz de gravar e reproduzir o sonho das pessoas. A intenção é ajudar no tratamento de distúrbios do sono, mas quando um ladrão se apossa do aparelho, ele o utiliza para entrar na mente de suas vítimas, enquanto acordadas, misturando seus sonhos com de outros em uma explosão de cores e sensações. Para identificá-lo e impedí-lo, entre em cena Paprika, que existe no limite entre os dois mundos. As semelhanças com A Origem, de Christopher Nolan, podem não ser intencionais, mas o caminho é inverso: o diretor Satoshi Kon lançou Paprika em 2006 (dois anos antes de Leo DiCaprio invadir sonhos) usando como base o livro de Yasutaka Tsutsui, lançado em 1993. Uma versão live action foi, claro, engavetada. Culpa sua, Nolan!

ONE PIECE

one piece

Com mais de 345 milhões de edições vendidas desde sua concepção em 1997, One Piece é o mangá mais bem sucedido da história. O anime, lançado no ano seguinte (e que continua no ar), é outro sucesso estrondoso que gerou, entre outros produtos, onze (!!) longas em animação. Números, números, blablablá… O que importa é a trama, histérica, divertida e sensacional: o elástico Monkey Luffy e sua tripulação de figuras bizarras parte ao mas em busca de um tesouro – o "one piece" – que fará de Monkey Rei dos Piratas. Não precisa de mais nada para sair pro abraço!

NEON GENESIS EVANGELION

evangelion

Quinze anos depois de um desastre que deixa o planeta em frangalhos, um adolescente é convocado a pilotar um mecha (robô gigante bio-mecânico) chamado Evangelion para combater uma raça de criaturas monstruosas. Ok, essa é a superfície. De camada em camada, a saga descontrói o gênero dos robôs gigantes, injeta uma dose cavalar de simbolismo religioso à ação e mostra o diretor Hideaki Anno interessado igualmente em construir combates pós-apocalípticos espetaculares e em analisar os devastadores efeitos psicológicos dos eventos nos personagens. Neon Genesis Evangelion é um nó nas ideias tão intenso que foi preciso um longa metragem para amarrar de maneira mais convencional o final cerebral mostrado na TV. Acredite, tudo que você viu relacionado a mechas dos anos 90 para cá é influência direta de Evangelion.

JIN-ROH

jin roh

Jin-Roh faz parte de uma saga maior, Kerberos, originada em um mangá e expandida em filmes live action, programas de rádio (!) e monografias (!!). A trama se passa nos anos 50, mas em uma realidade paralela em que o Japão foi conquistado pela Alemanha. O Estado é vigiado com mãos de ferro pela temida Kerberos Panzer Cops, uma milícia antiterrorista urbana. Um destes soldados é Kazuki Fuse, que não consegue matar uma jovem terrorista e testemunha ela detonar uma bomba e morrer na explosão. Tomado pela culpa, ele desenvolve um relacionamento com a irmã da jovem… só para descobrir uma trama de intriga política, mentiras e violência. Do jeito que a gente gosta!

GHOST IN THE SHELL

ghost

Publicado como mangá em 1989, Ghost in the Shell foi adaptado em um longa metragem em 1995. E é um arraso! A trama gira em torno de uma equipe de combate a terroristas digitais chamada Section 9, chefiada pela major Motoko Kusanagi. Em um mundo inteiramente conectado no cyberspace, em que a população da Terra injeta sua consciência em "cascas", ou corpos robóticos super desenvolvidos, o Section 9 precisa descobrir a identidade do hacker Puppet Master. Mas a caçada revela tentáculos políticos da sociedade futurista e obriga Motoko a encarar e reavaliar sua própria humanidade. As várias continuacões (nem todas orquestradas pelo diretor Mamoru Oshii) não repetem o brilho do filme original.

FULLMETAL ALCHEMIST

fullmetal

Em uma Europa em que a alquimia é uma das ciências mais poderosas, dois irmãos buscam a pedra filosofal para recuperar seus corpos, mutilados após eles mexerem com forças além de seu controle. O design steampunk emoldura a trama política que coloca a dupla (um deles aprisionado em um corpo mecânico) no centro de um jogo de poder, magia e ciência – que rendeu, além de um mangá de sucesso, duas séries animadas na TV, dois longas metragens para o cinema, livros, séries em rádio, videogames e uma tonelada de traquitanas.

COWBOY BEBOP

bebop

Quando Cowboy Bebop estreou em 1998, logo se mostrou mais adulta do que as séries já adultas produzidas no Japão. Bebop é o nome da nave que transporta o caçador de recompensas Spike Spiegel e sua equipe por vários mundos do Sistema Solar, agora conectados por portais dimensionais. O ano é 2071, a vida na terra é inviável e a diferença de classes de uma humanidade espalhada pelo cosmo é abismal. Nesse cenário, Spiegel e sua equipe enfrentam os dois lados da lei e também seus demônios interiores, em uma saga dedicada tanto à ação quando a explorar temas filosóficos, existencialismo, solidão… e um caminhão de referências pop. Cowboy Bebop ganhou um longa em 2001 e, claro, também gerou mangás, videogames e todo o tralalá. Uma adaptação para o cinema em Hollywood ainda está nos planos. Duvido que arranhe a superfície do original…

BLOOD – THE LAST VAMPIRE

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Blood traz um dos grandes fetiches do Japão: mocinhas em roupa de colegial. Quem usa o "uniforme" aqui é Saya que, em 1966, caça morcegos humanos usando uma katana (mais fetiches), num combate que chega ao clímax em uma base militar americana em Tóquio. O segredo da protagonista e o motivo de sua jornada são aos poucos revelados pelo diretor Hiruyuki Kitakubo, que lançou Blood – The Last Vampire em 2000 e viu seu filme explodir em diversas mídias – inclusive uma versão live action lançada em 2009.

AKIRA

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Katsuhiro Otomo concebeu Akira como um grande épico em quadrinhos, misturando uma estética cyberpunk a filosofia, evolução e muita violência. Criou um clássico pop instantâneo. Quando ele levou a história ao cinema em 1988, boa parte da trama foi navalhada, mas o resultado é uma adaptação perfeita, sem gordura, concentrada no conflito dos adolescentes Kaneda e Tetsuo – este vê seu poder mental latente despertar após o encontro com outros paranormais. Quer ver um único anime em sua vida? É este aqui.

 

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.