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Novo Poltergeist não assusta. Já estes 10 filmes sobre casas assombradas...

Roberto Sadovski

26/05/2015 03h57

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Dá até para imaginar os executivos do estúdio assistindo ao clímax explosivo do novo Poltergeist – O Fenômeno. Tem carro acidentado, tem demónios digitais, tem muito contraste de azul e laranja, tem ação, tem um encerramento engraçadinho. Faltou só o básico: sustos. Ao refilmar o terror que Spielberg produziu e Tobe Hooper dirigiu em 1982, o inglês Gil Kenan (A Casa Monstro) não se preocupou em inovar. Basicamente, mexeu as peças no tabuleiro. Caprichou na produção. Fez um filme, paradoxalmente, sólido, mas flácido. O visual funciona, o elenco não compromete…. Mas o clima nunca engata e o texto faz uma revisão de doer no que originalmente já era perfeito. Uma pena, já que o Poltergeist original é um filme assustador de verdade, que marcou uma geração inteira.

Se abraçar o medo é sua missão, a minha é ajudar! Selecionei dez filmes que mergulham no conceito da casa mal assombrada, ampliando o leque e navegando até em outros gêneros. Se você sentir falta de algum favorito aí, jogue nos comentários! Afinal, qual foi a última vez que uma casa deixou você com medo?

Desafio do Além
(The Haunting, 1963)

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Robert Wise foi o maestro deste clássico que ainda é um dos filmes mais assustadores da história. A trama é de uma simplicidade tremenda: um investigador paranormal reune um grupo de pessoas para passar a noite em uma casa que, basicamente, ganha vida. O interesse de Wise e de seu roteirista, Nelson Gidding, era explorar menos a presença de fantasmas e mais a deterioração mental dos convidados. Embora a recepção do filme na época tenha sido morna, o tempo revelou a genialidade e a elegância de Wise, que ganhou aplausos de cineastas como Martin Scorsese. Jan de Bont, diretor de Velocidade Máxima, cometeu um remake risível em 1999, com Liam Neeson à frente. Medo, muito medo…

Alien, o Oitavo Passageiro
(Alien, 1979)

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Embora seja uma ficção científica, o terror espacial de Ridley Scott nada é além de um filme de casa mal assombrada – sendo que a "casa" é um gigantesco cargueiro espacial, e o "fantasma" seja um predador cósmico, uma espécie perfeita com instinto de sobrevivência letal. É o que vão descobrir, da pior maneira, os sete tripulantes da espaçonave, que são, um a um, caçados e eliminados pelo alien. O filme, claro, revelou-se uma obra prima narrativa, de timing preciso e elenco nunca menos que espetacular, alternando momentos de suspense sufocante (quando o comandante Dallas procura a criatura nos dutos de ventilação da nave) e terror explícito: pouca coisa no cinema em todos os tempos tem o choque do alien recém desenvolvido explodindo do peito de Kane, o pobre John Hurt.

A Troca
(The Changeling, 1980)

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Neste exemplar sóbrio e de estrutura clássica do gênero, o diretor Peter Medak (no ponto alto de sua carreira) coloca George C. Scott como um músico que isola-se em uma mansão vitoriana para lidar com a morte trágica de sua mulher e filho. No processo de recolocar a vida nos eixos, ele descobre que a mansão abriga o fantasma de um garoto, assassinado anos antes no local. Impelido a descobrir a verdade sobre a aparição, o personagem de Scott termina desvendando um mistério que envolve um poderoso senador americano. Sustos bem colocados, um timing impecável e a presença de Scott e do grande Melvyn Douglas fazem de A Troca um exemplar divertido e assustador do gênero.

O Iluminado
(The Shining, 1980)

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Diz a lenda que Stephen King detestou o rumo escolhido por Stanley Kubrick para a adaptação de um de seus romances mais notórios. Bobagem. Nas mãos de Kubrick, O Iluminado é um ensaio sobre solidão, paranoia, pavor e loucura. Jack Nicholson é um escritor que assume, ao lado da mulher e do filho pequeno, os cuidados de um hotel, fechado para a temporada de inverno. Incapaz de terminar seu romance, Jack aos poucos parece abraçar a loucura que permeia o lugar, que logo revela-se lar de uma presença sobrenatural determinada a empurrar sua descida à loucura, culminando com sua vontade de matar mulher e filho. O garoto, diga-se, é o "iluminado" do título, um paranormal capaz de enxergar passado e futuro, determinante para a cura – ou a danação – de seu pai. E tem as gêmeas, o labirinto, o elevador…

Poltergeist – O Fenômeno
(Poltergeist, 1982)

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Steven Spielberg escreveu e colocou sua mão mágica como produtor nesta pequena pérola dos anos 80. O diretor Tobe Hooper, que já tinha no bolso um clássico absuluto – O Massacre da Serra Elétrica –, transformou uma família suburbana em alvo de espíritos furiosos, que terminam levando sua filha caçula para um outro plano de existência. Seu resgate é desculpa para Hooper usar uma caixa de brinquedos excepcional de efeitos especiais, económicos e assustadores, para transformar o conforto do lar em um pesadelo sobrenatural. O grande barato de Poltergeist foi tirar o rótulo de "casa mal assombrada" de grandes mansões e lugares ermos, transportando o terror para um lugar pacato e, teoricamente, seguro. Sem falar que ele deixou uma geração inteira incapaz de vez um palhaço de brinquedo…

Os Fantasmas Se Divertem
(Beetlejuice, 1988)

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Em uma inversão genial, Tim Burton criou o filme de casa mal assombrada… pelos vivos! É a situação em que se encontra um jovem casal (Alec Baldwin e Geena Davis) que, ao morrer, vê sua casa tomada por uma família excêntrica que torna seu pós-vida um inferno. A solução é convocar Betelgeuse (Michael Keaton), um "bio-exorcista" grosseiro e folgado, que enxerga uma oportunidade de causar caos e desordem no mundo dos vivos. Rodado antes do primeiro Batman, Os Fantasmas Se Divertem é uma festa para os olhos e ainda um dos trabalhos mais espetaculares de Burton, que criou personagens, frases e situações icônicas em um filme que ainda resiste uma revisão. Mas não por muito tempo…

Os Outros
(The Others, 2001)

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Lembra da época em que Nicole Kidman era uma estrela de cinema de verdade? Os Outros é parte deste auge, quando ela encabeçava blockbusters (Moulin Rouge!), arriscava um ou outro cinema-cabeça (Dogville), ganhava o Oscar (As Horas) e encantava o mundo. Ah, bons tempos… Enfim, Os Outros é um belo e inteligente exemplar do gênero, colocando Nicole e seus dois filhos sozinhos em uma mansão enquanto ela espera seu marido voltar da guerra. Três empregados insistem em ajudá-la, ao mesmo tempo em que um fantasma mina sua paz. Mas as coisas nem sempre são o que parecem, e o diretor Alejandro Amenábar sustenta o suspense ao máximo até a espantosa revelação final. Que saudades de ti, Nicole…

Sessão 9
(Session 9, 2001)

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Uma pequena equipe chega a um hospital psiquiátrico fechado para remover o amianto das paredes. No lugar, são descobertas as gravações das sessões de terapia de uma jovem que sofria de distúrbio de múltiplas personalidades, e seus relatos aos poucos balançam o senso de realidade dos trabalhadores (entre eles, Peter Mullan, David Caruso e Josh Lucas), que passam a acreditar que dividem o lugar com uma entidade sobrenatural. O diretor Brad Anderson havia feito duas comédias e surpreendeu com o clima árido, entrecortado por momentos de extrema violência, espalhados por Sessão 9. Sufocante e tenso, é o perfeito exemplo do terror que reside não naqueles de espírito forte, mas nos fracos e feridos.

A Espinha do Diabo
(El Espinazo Del Diablo, 2001)

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Nada descreve melhor o horror e a isolação da guerra do que esta pérola do diretor Guillermo Del Toro. Durante a Guerra Civil espanhola, órfãos e filhos de rebeldes eram colocados em um orfanato no meio do deserto. O recém-chegado, Carlos, logo descobre que o lugar é assombrado por duas presenças. A primeira, física e bem real, é uma bomba que caiu sem explodir em meio ao pátio, lembrança constante que a paz aparente não passa de ilusão. A segunda é o fantasma de um garoto, com a cabeça como porcelana quebrada, acompanhado de um filete de sangue emanando de seu crânio partido. Mas é a cobiça do homem que catalisa o verdadeiro terror, em um roteiro manejado com maestria por Del Toro em uma escalada de tensão que explode num clímax melancólico e assustador, Afinal, fica a pergunta, o que é um fantasma?

Invocação do Mal
(The Conjuring, 2013)

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Em uma era dominada por estripulias digitais (vide o novo Poltergeist), o diretor James Wan apelou para o bom e velho talento narrativo, permeado por trucagens simples e. Baseado numa história real investigada pelo casal paranormal Ed e Lorraine Warren (Patrick Wilson e Vera Farmiga), Invocação do Mal os leva para o novo lar da família Perron, que por décadas foi palco de incontáveis crimes, todos atribuídos à mesma presença maligna. É este espírito que domina os Perron, em especial a mãe, Carolyn (Lili Taylor), numa escalada que culmina com uma sessão de exorcismo apavorante. Prova de que o público ainda adora um filme de terror à moda antiga, Invocação do Mal faturou mais de 300 milhões de dólares em todo o mundo – e já tem uma continuação agendada para ano que vem.

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.