Demorou, mas Marvel e Disney anunciam a primeira cria juntos
Era questão de tempo. Quando a Marvel foi comprada pela Disney em 2009, o medo dos fãs dos super-heróis da editora era ver seus ídolos infantilizados para o consumo do (suposto) público principal do estúdio do Mickey: a petizada. Bobagem. Ao longo dos anos a Disney provou que, embora seja uma empresa voltada para o "entretenimento da família", sempre houve espaço para material mais, digamos, "maduro". Tron, Aracnofobia, Dick Tracy e Piratas do Caribe são bons exemplos de produtos Disney no cinema que não são voltados unicamente para os pequenos.
Tirando isso da frente, a Disney anunciou sua primeira animação baseada em personagens da Marvel. É Big Hero 6, série de curtíssima duração nos quadrinhos (ligada com a Tropa Alfa canadense) que mostra uma equipe de super-heróis trabalhando no Japão. O diretor Don Hall (que fez O Ursinho Pooh, mas a versão de 2011) foi ao fundo do baú da editora e encontrou Big Hero 6. Apresentou o projeto a John Lasseter, cabeça de animação da Disney, e o filme será lançado como uma animação digital em 3D em 7 de novembro de 2014.
Agora, o Big Hero 6 que você vai ver nos cinemas não é o Big Hero 6 criado por Steven T. Seagle e Duncan Rouleau para os quadrinhos em 1998. O time original era liderado pelo mutante Samurai de Prata, escolhido apesar de seu passado como vilão, além de ter sido guarda-costas da terrorista Viper. Outro mutante, Solaris, ex-membro dos X-Men, também surgiu no começo da série. A equipe era completada por criações originais de Seagle e Rouleau, como GoGo Tomago (capaz de transformar seu corpo numa bola de energia), Honey Lemon (seus poderes são derivados de uma bolsa extradimensional) e o robô gigante Baymax, criado pelo adolescente Hiro Takachiho. Cada elemento de Big Hero 6 é, claramente, uma enorme declaração de amor à cultura pop japonesa e seus animes e mangás. Tudo traduzido em uma série dinâmica que, mesmo parte do Universo Marvel, cavou seu próprio nicho. Mas os nipônicos ainda fazem parte da cronologia dos heróis da editora: recentemente surgiram na série "Ends of the Earth", ajudando o Homem-Aranha a derrotar o Dr. Octopus.
Aí vem os problemas. O Samurai de Prata e Viper não fazem parte do acordo da Disney com a Marvel: seus direitos cinematográfico estão atrelados à Fox – assim como o mutante Solaris. Os dois primeiros, por sinal, são parte crucial de Wolverine Imortal, aventura que chega aos cinemas em julho. Assim, Don Hall colocou Hiro (rebatizado Hamada) e Baymax como o centro de sua versão de Big Hero 6, que também não se passa no Universo Cinematográfico Marvel, e sim em uma cidade criada para o filme, São Fransóquio (uma mistura, obviamente, de São Francisco e Tóquio).
A escolha de uma série tão obscura, claro, não foi ao acaso: é quase impossível pintar algum fã ensandecido reclamando da falta de coerência com os gibis. "Eu estava procurando algo do lado mais obscuro (do Universo Marvel), algo que combinasse com o que a gente faz", disse Hall ao Los Angeles Times. "A idéia de um garoto com um robô traz um elemento forte do relacionamento entre irmãos, o que é muito Disney." Posicionar Big Hero 6 fora da continuidade Marvel nos cinemas também é intencional: "As histórias da Marvel acontecem no mundo real. Queríamos algo que pudesse ser só nosso, trazendo as influências japonesas e mostrar alguns marcos arquitetônicos ocidentais repaginados com a estética japonesa."
Embora seja difícil o logo da Marvel surgir nos créditos de Big Hero 6 – não há envolvimento, pelo menos até agora, do arquiteto do estúdio no cinema, Kevin Feige –, seu presidente da divisão de quadrinhos, Joe Quesada, está ao lado de Hall em cada etapa do desenvolvimento do projeto. "Don é um grande fã da Marvel", conta Quesada. "Ele entendeu o que a gente faz, não tive de explicar nosso mundo a ele. O relacionamento de Hiro com o robô tem um sabor da Disney… mas é combinado com o heroísmo da Marvel."
Coçando a cabeça para buscar outras séries das Marvel que pudessem ganhar o tratamento da Disney, eu pensei em alguns personagens igualmente obscuros e com laços periféricos com o Universo Marvel desenvolvido por Feige e cia. que eu adoraria ver no cinema. Quem sabe?
QUARTETO FUTURO (Power Pack): quatro irmãos, sequer pré-adolescentes, ganham poderes de um príncipe de outro planeta em fuga dos opressores de seu povo. A série foi transformada em piloto de série de TV nos anos 90 (nunca lançado, e boa sorte em encontrar alguma imagem…), mas seria um barato com os efeitos especiais de hoje. Imagine os protagonistas de Crônicas de Nárnia (imagine EXATAMENTE os quatro irmãos de Nárnia!), lhes dê poderes bacanas e pronto.
OS FUGITIVOS (The Runaways): longe de ser uma banda de rock feminina, estes amigos de Los Angeles são filhos de vários casais criminosos que dominam a Costa Oeste dos Estados Unidos. Eles descobrem a verdadeira natureza de seus pais (uma é filha de alienígenas; outro de super cientistas; e por aí vai) e, como bons adolescentes, rebelam-se e tentam derrubar o império de seus pais. Romance, traição e hormônios em ebulição dão o tom da série – que teve um arco escrito por Joss Whedon, diretor de Os Vingadores.
MARVEL BOY: arrogante e superpoderoso, o soldado criado para a guerra desde sua concepção é uma das maiores armas do império Kree contra a Terra. Ao ter contato com os humanos, porém, Noh-Varr (seu nome de batismo) desenvolve algo estranho a seu povo: sentimentos. Ficção científica de primeira protagonizada por um moleque tentando descobrir seu lugar no universo. Literalmente.
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