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A magia de Truque de Mestre se evapora no trailer...

Roberto Sadovski

04/07/2013 23h55

O sucesso mais surpreendente da temporada do verão americano é Truque de Mestre. Entre pesos pesados como Homem de Ferro 3 e O Homem de Aço, a aventura comandada por Louis Leterrier (O Incrível Hulk, Fúria de Titãs) custou um troco e faturou uma bala. Difícil apontar motivos, mas é certo que o trailer esperto do filme aguçou o apetite do público para uma trama original, interpretada por um elenco bacana e que prometia uma alternativa a tantos remakes e reboots e sequências lotando os cinemas. Estratégia bem sucedida, execução pobre: o clima mágico de Truque de Mestre se resume à prévia, e não ao espetáculo completo.

O filme segue um quarteto de mágicos (Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Isla Fisher e Dave Franco) que ganham fortunas em apresentações pelos Estados Unidos. Um dos truques executado em Las Vegas resulta num roubo de milhões em Paris. Como o filme não trata de mágicos formados em Hogwarts, e sim de ilusionistas ao estilo David Copperfield (consultor no filme, por sinal), a polícia se envolve para descobrir o que há por trás da cortina. Entram em cena o agente do FBI destacado para o caso (Mark Ruffalo), uma policial da Interpol (Mélanie Laurent) e um sujeito que desmascara truques de mágica (Morgan Freeman). Com Michael Caine no papel do milionário que financia o quarteto, as peças estão no lugar.

Mas as peças são frágeis. O roteiro de Boaz Yakin e Edward Ricourt (com um tapa de Ed Solomon) não se preocupa em desenvolver nenhum personagem, que surgem como estereótipos rasos. A interação entre eles é igualmente rasa, o que piora quando Ruffalo, como o "policial linha dura" entra em cena. Quando você não dá a mínima para os personagens, é tarefa impossível construir uma trama em torno deles – e o fiapo "mágicas usam seus truques para cometer roubos espetaculares) perde fôlego depois do primeiro golpe. O uso de efeitos digitais em meio aos truques de mágica deixa tudo mais artificial. Leterrier, que é um diretor habilidoso, monta então surpresa em cima de surpresa até que absolutamente nada mais faça sentido. O twist do final, por sinal, é duro de engolir.

Resta, portanto, um elenco charmoso que segura Truque de Mestre na raça. Eisenberg é sempre Eisenberg, e seu personagem vai perdendo espaço à medida em que a trama avança; Isla Fisher e Mélanie Laurent são deslumbrantes, mas ganham a infeliz tarefa de ser "par romântico"; se Dave Franco é uma nulidade, Woody Harrelson faz o que faz melhor. Mais infeliz é o papel de Mark Ruffalo, fio condutor do filme, que vê todas as possibilidades de ser uma pessoa de verdade engolidas pela trama absurda. Freeman e Caine devem ter ficado contentes em descontar o cheque e não se esforçam muito.

O maior truque aqui, portanto, foi embalar uma trama rala num pacote atraente. No final, é como se as cortinas se abrissem e, ao descobrir como a ilusão funciona, tudo que você consegue dizer é: "Mas era isso aí?". Pois é.

Confira onde assistir a Truque de Mestre aqui.

 

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.