Topo

Bruce Willis se reúne com o diretor de O Sexto Sentido em Labor of Love

Roberto Sadovski

29/01/2014 22h14

406142.1

Bruce Willis marcou o maior sucesso de sua carreira em 1999. Foi quando ele ajudou um menino que via os mortos a superar um trauma em O Sexto Sentido. O drama sobrenatural não era adaptação de nenhuma obra famosa, não reaproveitava personagens de outros filmes e trazia uma história fechada. Era exatamente o que pretendia o roteirista e diretor M. Night Shyamalan. Com 672 milhões de dólares nas bilheterias mundiais, o filme foi um marco para o cinema de gênero, foi indicado a seis Oscar (inclusive melhor filme) e transformou seu diretor em astro. No ano seguinte, Night e Willis repetiriam a parceria no espetacular (ainda que não tão bem sucedido) Corpo Fechado.

Bruce Willis continua sendo um dos maiores astros do planeta. M. Night Shyamalan… nem tanto.

O diretor acertou nas bilheterias outra vez com Mel Gibson em Sinais, em 2002. E colocou o motor no ponto morto. A cada novo filme, a "marca" Shyamalan deixava de ser sinônimo de suspense inteligente, com os twists se revelando cada vez mais uma muleta, não uma surpresa. Não que A Vila ou A Dama na Água sejam filmes terríveis (e não são), mas o diretor terminou enterrado no buraco que ele mesmo ajudou a cavar. O involuntariamente engraçado Fim dos Tempos, de 2008, traz a pior performance da carreira de Mark Wahlberg e o plot mais duro de engolir do diretor: o planeta se revolta contra a humanidade e passa a exterminar as pessoas usando o vento, as plantas, o que for conveniente. O Último Mestre do Ar (2010) foi um engodo, mas o fracasso de Depois da Terra (2013), com o chamariz de bilheterias Will Smith, enterrou o que restou de sua reputação.

Eis que Bruce Willis surge, sem armadura reluzente, mas com a moral de quem traz 3 bilhões de dólares em caixa desde que decidiu ser ator, para resgatar seu amigo. O drama Labor of Love não é um texto novo de Shyamalan. Na verdade, ele o vendeu para a Fox em 1993, muito antes de O Sexto Sentido estourar, e o estúdio na época não quis bancar sua estréia como diretor. Com o tempo, Labor of Love (que pode ser encontrado pela internet) foi para a gaveta, mas agora Night e Willis estão sacudindo a poeira. Sem os elementos sobrenaturais que marcaram sua carreira, o filme acompanha o dono de uma livraria na Filadélfia que perde a mulher em um acidente trágico. Acreditando que nunca disse a ela o quanto a amava em vida, e lembrando que certa vez ela perguntou se cruzaria o país a pé por ela, é justamente o que ele decide fazer.

Nada muito retumbante, mas talvez seja justamente o que Shyamalan precise para reencontrar seu foco e voltar a fazer o que capturou nossa atenção em primeiro lugar: dirigir uma grande história em pequena escala. E Bruce, mostrando que é para isso que servem os amigos, estará a seu lado.

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.