Madonna quer voltar à direção com história de amor interracial
Madonna não larga o osso. A Rainha do Pop sempre tentou conquistar o cinema do mesmo modo como arrebatou o mundo da música e nunca chegou lá. Como atriz, nunca superou a linha da mediocridade simpática. Teve seu melhor momento à frente das câmeras como coadjuvante em Uma Equipe Muito Especial (que Penny Marshall dirigiu em 1992). Vá lá, não fez feio dois anos antes como a sexy Breathless Mahoney ao lado do então namorado Warren Beatty em Dick Tracy. Evita tinha ambição (e direção de Alan Parker), mas como a eterna primeira dama argentina ela foi uma excelente cantora. Mas não tem como evitar a vergonha alheia em coisas como Surpresa de Shanghai, Corpo em Evidência, Sobrou Pra Você e Destino Insólito (filme que quase enterrou a carreira de seu então marido, Guy Ritchie). Cansada de levar bordoadas da crítica, Madonna desistiu do cinema.
Ou quase. Foi se reinventar como diretora, e em 2008 lançou o constrangedor Sujos e Sábios. W.E. – O Romance do Século, de 2011, foi menos comprometedor, e Madonna foi correta ao levar o caso de amor entre o rei inglês Edward VIII e a plebeia americana Wallis Simpson para o cinema. Agora a cantora quer voltar à direção com Adé: A Love Story, adaptação do primeiro livro de Rebecca Walker. O pedigree da empreitada é de família, já que Rebecca é filha de Alice Walker, autora de A Cor Púrpura. Adé traz temas que Madonna vira e mexe traz à tona em seus trabalhos como musa pop –um coquetel de sexo, religião, raça e lesbianismo.
A história segue uma estudante americana de 19 anos que se apaixona pelo jovem Adé ao conhecê-lo no Quênia. Rebecca forjou sua protagonista com pinceladas de sua própria biografia, já que ela cresceu num ambiente interracial (seu pai é o advogado dos direitos civis Mel Leventhal) e religiosamente diverso (ela foi criada por uma cristã e um judeu). Antes de mergulhar na ficção com Adé: A Love Story, Rebecca Walker detalhou sua vida em Black, White and Jewish: Autobiography of a Shifting Self. Não é de se estranhar a paixão de Madonna pelo material e nem seu esforço para levá-lo ao cinema.
Para concretizar sua visão, a cantora está trabalhando com o produtor Bruce Cohen, que ajudou David O. Russell a realizar O Lado Bom da Vida e circula bem na cena independente de Hollywood. Mas levantar financiamento para um projeto de Madonna, apesar das evidências apontarem o contrário, não é tarefa fácil. Adé traz uma mistura de temas e tons que exige um diretor mais calejado para traduzir em filme – e paixão não é combustível suficiente para carregar uma visão do papel para o cinema. Mas Madonna ganha pontos pela insistência e por não deixar que a máquina do cinemão fique no caminho de suas ambições. Ou críticos chatos, ainda seus maiores adversários.
Para os fãs da moça, ela dirigiu ano passado o curta Secret Project Revolution com Steve Klein. Confira.
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