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Os Caça-Fantasmas faz 30 anos e se prepara para voltar aos cinemas

Roberto Sadovski

08/06/2014 10h30

GhostBusters_Poster_Large

Eu tinha 11 anos e foi uma das primeiras sessões noturnas de cinema que assisti. Cinema cheio e, para um moleque que já mergulhava em cultura pop, tudo deixava a noite mais empolgante. Claro que, a essa altura do século passado, internet era ficção científica, revistas especializadas eram raras, e o trailer do cinema era o que havia para deixar a platéia ávida. O de Os Caça-Fantasmas prometia ação, humor e efeitos especiais fantásticos. "Eles chegaram para salvar o mundo", entregava o poster do filme. Salvar de quem? Que ameaça era tão grande que poderia decretar o fim da humanidade? Quando tudo está estranho, quem você vai chamar?

Os Caça-Fantasmas veio, foi e se tornou um dos maiores fenômenos pop do cinema. Catapultou Bill Murray à condição de astro, imortalizou a canção de Ray Parker Jr. e hoje, três décadas depois, continua espetacular. A trama é uma pérola de nonsense: três cientistas desempregados percebem o aumento da atividade paranormal e Nova York e, como bons empreendedores dos anos 80, decidem abrir um negócio para faturar em cima. O surgimentos dos Caça-Fantasmas só aumenta a incidência de aparições na cidade, culminando com a chegada de Gozer, o Gozeriano, um deus-pagão sumério que prega a destruição. A "batalha" final contra Gozer, que toma a forma de um boneco gigante de marshmallow, é épica!

A equipe depois de salvar o mundo

A equipe depois de salvar o mundo

A ideia de Os Caça-Fantasmas veio de Dan Aykroyd, que bolou o plot inicial para repetir no cinema a parceria com seu colega do programa Saturday Night Live, John Belushi – os dois haviam feito história anos antes com Os Irmãos Cara-de Pau. Em sua primeira versão, os Caça-Fantasmas eram viajantes interdimensionais que compatiam espectros gigantes através do espaço e do tempo. O diretor Ivan Reitman gostou da premissa, mas logo viu que seria impraticável realizar a visão do roteirista com a tecnologia de cinema da época. Harold Ramis juntou-se a Aykroyd para dar uma geral na trama, mantendo alguns elementos fantásticos mas deixando-a mais urbana e romântica.

Com a morte de John Belushi antes ainda de o roteiro estar pronto, Bill Murray assumiu o papel de Peter Venkman, o mais falastrão da equipe – o ator, claro, improvisou boa parte de seu diálogo. Dan Aykroyd deu corpo a Ray Stantz, o mais ingênuo da turma, deixando o personagem Egon Spengler, nerd, geek, sério e esquisito, nas mãos de Harold Ramis. "Eles são como o Leão, o Homem de Lata e o Espantalho de O Mágico de Oz", disse Aykroyd recentemente. Para completar o time, e servir como avatar da platéia que caia de pára-quedas naquele mundo de atividade paranormal, Ernie Hudson assumiu o papel de Winston Zeddemore – que, ao contrário da boataria, nunca foi imaginado para Eddie Murphy. Sigourney Weaver entra em cena como interesse romântico do personagem de Murphy e alvo da possessão de Gozer, que é completada por Rick Moranis, no papel de um contador cômico.

Não cruzem os raios!

Não cruzem os raios!

Os Caça-Fantasmas chegou aos cinemas há exatos 30 anos e foi um sucesso. Mais ainda, tornou-se um fenômeno pop. Bateu recordes da época, ficou cinco semanas em primeiro lugar nas bilheterias e encerrou sua carreira com 292 milhões de dólares em caixa, mais que cobrindo seu orçamento de 30 milhões. Ivan Reitman, Bill Murray, Dan Ayrkoyd e Harold Ramis estavam satisfeitos com o resultado e partiram para outros projetos. Mas o impacto do filme, e o sucesso da animação The Real Ghostbusters, deixou o estúdio inquieto, e eles toparam fazer uma continuação. Mesmo falhando em repetir o sucesso do original, Os Caça-Fantasmas II, lançado em 1989, ainda manteve o charme da equipe. Foi o fim da série.

Mas claro que na Hollywood do século 21, não existe um bom produto que permaneça intocado. A idéia de criar um terceiro Caça-Fantasmas ganhou força no novo milênio, com Aykroyd à frente da empreitada. Alguns novos roteiros foram criados e rejeitados – em boa parte por conta da distância que Bill Murray, que de lá para cá se tornou um outro tipo de ator, tem se colocado do projeto. A morte recente de Harold Ramis, em vez de encerrar os planos para um novo filme, acelerou a vontade de manter seu legado. O novo roteiro, que supostamente apresenta uma nova geração de Caça-Fantasmas, está ganhando força – com ou em Murray, e com Ivan Reitman somente como produtor.

Caça-Fantasmas LEGO.... Want!

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Já o filme original resiste e firma seu espaço na cultura pop. Exposições de arte temáticas dão o tom da celebração das três décadas de seu lançamento, assim como jogos de video game e conjuntos da LEGO – atual carimbo para a imortalidade de uma marca e sua apresentação para uma nova geração. Em 29 de agosto Os Caça-Fantasmas volta aos cinemas americanos em um lançamento respeitável, com 700 cópias remasterizadas, que será seguido de um combo em blu ray com a aventura sobrenatural (que já existe no formato) e sua continuação, pela primeira vez em alta definição. E aí, quem você vai chamar?

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.