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Seth Rogen fala sobre A Entrevista e revela seus ídolos brasileiros

Roberto Sadovski

25/11/2014 10h00

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"Fazer comédia é uma experiência perigosa." Seth Rogen sabe o que fala. Seu novo filme, A Entrevista, ganhou as manchetes quando o líder da Coréia do Norte, Kim Jong-un, fez ameaças nada sutis ao governo americano se a comédia não fosse, basicamente, engavetada. "É uma experiência perigosa, mas assim as coisas ficam mais empolgantes", entusiasma-se Rogen. O motivo do alarde é simples. Em A Entrevista, Rogen é o produtor de um programa de TV que é convidado, junto com o apresentador (interpretado por James Franco) a visitar a Coréia de Norte a pedido de seu ditador – que é fã do show. Sabendo da empreitada, a CIA dá à dupla uma missão peculiar: matar Kim Jong-un. O que Rogen não esperava era a reação extrema do líder da nação mais fechada do mundo.

"Ele deve ser muito mal humorado, Team America foi mais cruel com seu pai e não teve esse tipo de reação", continua. "Se bem que Kim Jong-il era apaixonado por filmes, escreveu livros sobre cinema. Mas eu não tenho medo dos malucos, até por isso é mais divertido fazer comédia com eles." As piadas, no entanto, são o último elemento a entrar no filme. Rogen explica que, ao desenvolver uma comédia, a história ainda é o elemento essencial. "Desenhar a trama e a conexão emocional entre os personagens sempre vem em primeiro lugar, não importa o gênero", explica. "As piadas mesmo são a última coisa que aparece, elas tem de surgir de maneira orgânica para a coisa toda funcionar."

Trailer legendado de "A Entrevista"

A ideia de A Entrevista, por sinal, surgiu assistindo a telejornais. "Alguns jornalistas ficam cara a cara com pessoas muito reclusas e muito perigosas", aponta. "Eu conversei com alguns que entrevistaram inclusive Kim Jong-un. Daí pensei que, de certo modo, todos ali estariam vulneráveis. Inclusive ele." A parceria com James Franco, a essa altura, é igualmente natural. Seth Rogen conhece o ator desde os anos 90, quando fizeram a série Freaks & Geeks, e encontraram uma boa química em comédias geniais como Segurando as Pontas e É o Fim. "A parceria é boa, somos amigo há muito tempo", continua. "Eu não sei bem explicar porque dá tão certo! É como um casamento sem as partes chatas." Durante as filmagens, Rogen explica que nunca houve a preocupação em impor um limite à direção do filme: "Geralmente estamos no rumo certo quando percebemos que estamos indo longe demais!".

Embora seja conhecido por seu trabalho em comédias, Seth Rogen não acha difícil expandir seu repertório em outros gêneros, como fez Steve Carrell, irreconhecível e assustador em Foxcatcher. "Eu e Evan estamos trabalhando em Preacher, que é a adaptação de uma história em quadrinhos para uma série da HBO", conta. "Tem anjos, demónios, sexo e violência. E humor negro, mas não é comédia. Será bem fiel aos quadrinhos, mas com um tom cinematográfico. Engraçado que tem pouco em comum com o que a gente já fez, mas é também sobre uma família disfuncional, como tudo que a gente faz!" Quando pergunto se ele tem planos de dar um pulo no Brasil, seja de férias ou para promover seu trabalho, Rogen surpreende. "Você sabia que dois de meus artistas favoritos em todo o mundo são brasileiros?", dispara. Em meu silêncio ele engata a resposta: "Eu acho o trabalho d'OSGEMEOS espetacular! Acho grafite, arte urbana, sensacional – e eles são os melhores!". Seth Rogen, surpreendendo mais uma vez.

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Randall Park como o ditador Kim Jung-un, com cara de poucos amigos

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.