Descubra os segredos dos efeitos especiais de As Tartarugas Ninja
O reboot de As Tartarugas Ninja, com dedo de Michael Bay na produção (o que pode explicar Megan Fox no elenco) e direção de Jonathan Liebesman (de Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles e Fúria de Titãs 2, um lixo de credenciais) atira para todos os lados e nunca acerta o tom. É violento e "intenso" demais para a petizada, mas ainda é bobalhão ao extremo para um público mais velho. Ainda assim, fechou o banco com 477 milhões de dólares em caixa – garantindo a sobrevida cinematográfica da série.
Um ponto, porém, acertou no alvo: o novo visual das tartarugas. Apesar de os fãs torcerem o nariz (nenhuma novidade aí…), a equipe de efeitos visuais fez a lição de casa e entregou quatro personagens distintos não somente pela cor de suas máscaras ou suas armas, mas por sua personalidade aliada a um design distinto e funcional. O golaço foi do argentino Pablo Helman, supervisor dos efeitos visuais de As Tartarugas Ninja, e que ainda traz no currículo Star Wars: Ataque dos Clones, Mestre dos Mares, Guerra dos Mundos e Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal. Eu bati um papo rápido com Pablo – que foi bacana em conversar com o blog bem no meio de suas férias – para entender como foi recriar Raphael, Michelangelo, Donatello e Leonardo para o novo século.
Vou começar com a pergunta mais óbvia: com as Tartarugas sendo mais realistas e parecendo menos com uma animação infantil, de onde veio a referência para seu movimento? Só dos atores usando o traje de captura de movimento ou você jogou mais alguma coisa na mistura?
Para este filme, começamos com a captura da performance e sua recriação em uma tartaruga digital. Se você seguir a ideia que as tartarugas precisam ser o mais realistas possível, então é importante observar o comportamento humano que as faz real. E também foi importante buscar uma maneira de fazer com que o movimento de cada uma delas fosse compatível com seu peso. O segredo também está no modo que elas falam e como elas falam. No começo do processo, tivemos de pensar na fisiologia de seus lábios para fazer com que elas falassem. Elas tinham de pronunciar os fonemas "th", "f", "z", "s" e por aí vai. É por esse motivo que inventamos um modo de fazer com que as tartarugas pudessem pronunciar os fonemas para criar os sons e formar as palavras.
Eu gosto do modo com que cada uma das tartarugas tem visual, tom, musculatura e expressão corporal distinta. A equipe de efeitos visuais teve de trabalhar sempre próxima aos designers? Como vocês decidem o que parece realista e o que é simplesmente cool?
Começamos com uma narrativa que descreve os personagens. A partir daí pensamos em maneiras de estender e dramatizar essa narrativa. Por exemplo, se Donatello é a tartaruga tecnológica, então damos a ele coisas que de imediato a plateia o reconhece como tal. O mesmo vale para Michelangelo. Ele é o sujeito divertido, e isso tinha de refletir em seu visual, suas expressões, tinha de ser alguém que fosse legal estar por perto. Ao contrário de suas encarnações anteriores, cada tartaruga é bem diferente uma da outra. Isso vale para seu corpo, o formato de sua cabeça, a cor de seus olhos, o modo como cada uma se movimenta… São personagens bem distintos, e isso precisa estar claro.
O casco faz com que as tartarugas pareçam muito pesadas, e ainda assim elas são ágeis e dinâmicas. O muito difícil lhes dar peso e fazer com que elas pareçam reais nas locações de verdade?
Você não faz ideia! Não só pelas limitações físicas de uma criatura tão pesada, mas também pelas necessidades editoriais e narrativas. Eles não podiam usar o tempo real que levaria para alguém pesado daquele jeito chegar do ponto A ao ponto B. Se a gente fosse totalmente realista, o filme seria como elas: pesado, lento e tedioso.
Você estava lá quando os efeitos digitais ainda estavam em sua infância, e trabalho em um dos últimos grandes filmes a utilizar trabalho com miniaturas extensivo: Independence Day. Mesmo com a evolução da tecnologia, ainda é difícil deixar o que vemos em cena realista?
Eu ainda acho que usar miniaturas é a melhor solução quando a gente quer que algo pareça e se comporte de maneira realista. Mas isso se torna cada vez mais complicado porque as câmeras novas se modifica e se movimentam de maneira que o trabalho com miniaturas se torna impossível. Então muitas vezes o recursos que usamos são ditados pelas necessidades da produção. Mas se todo mundo concordasse, eu usaria miniaturas o tempo todo…. (risos)
É mais difícil trabalhar em filmes em que os fãs ficam de olho em cada passo da produção, como As Tartarugas Ninja, Star Wars ou Indiana Jones?
Trabalhar com uma franquia assim pode ser complicado, mas aqui na Industrial Light and Magic o trabalho sempre fica mais bacana quando colocamos as mãos em uma série assim. Os fãs tem opiniões muito fortes sobre como eles querem que sua imaginação seja traduzida para o cinema. Para eles, é um momento "precioso" que não pode ser subestimado. Eu dou o melhor de mim para ser honesto em meu trabalho e procuro o melhor resultado.
Eu falei sobre As Tartarugas Ninja – que já está disponível em DVD, blu ray e blu ray 3D – aqui.
A ainda dei uma geral na evolução do visual dos heróis cascudos em Nerdovski – ao lado de April O'Neil de carne e osso –, como você confere a seguir.
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