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Guardiões da Galáxia ganham série animada que estreia agora no Brasil

Roberto Sadovski

03/02/2016 22h39

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Guardiões da Galáxia chegou aos cinemas em 2014 e foi um estouro de quase 800 milhões de dólares. Como as caixas registradoras não param de tilintar, uma animação para aproveitar a súbita popularidade do grupo de heróis espaciais – em exibição por aqui no Disney XD desde 30 de janeiro – era óbvia. Afinal, nada como aproveitar um sucesso, certo? Bom, a história não é exatamente essa…

"Começamos a desenvolver a série muito antes de o filme chegar aos cinemas", revela Eric Radomski, produtor da série Guardiões da Galáxia e veterano de incontáveis animações bacanas para a TV. "Não houve pressão. Tínhamos uma ideia da história do filme, mas foi uma produção paralela." Claro que, quando Guardiões faturou alto nos cinemas, o olhar em direção à animação ficou mais agudo. "Nosso público-alvo estaria mais familiar com os personagens, o que foi uma preocupação momentânea", lembra. "Estão todos satisfeitos com os episódios que já foram exibidos."

O "público-alvo" para uma animação na TV, por sinal, cresce mais e mais em importância quando o assunto são produtor multimídia como Guardiões da Galáxia. "Nossa função é não só lembrar o público que estes personagens existem, mas também apresentá-los a uma plateia nova", explica. "A animação é a mídia ideal para mostrar mundos novos, já que não só é limitada pela imaginação dos criadores e, talvez, pelo histórico dos personagens."

Guardiões da Galáxia, afinal, não é uma invenção recente, já que lida com personagens presentes nos quadrinhos há décadas. A vantagem para Radomski, claro, é que eles não são – ou não eram – tão populares como outro personagem que ele ajudou em uma de suas encarnações na TV: o Homem-Aranha. "Quando fiz Ultimate Spider-Man foi impossível escapar do julgamento imediato, já que as pessoas na hora escolhem sua versão favorita do personagem", conta. "Com Guardiões, não haviam regras, então a plateia podia ter a mente mais aberta. Eu prefiro trabalhar com material original, mas quando temos em mãos a criação de outras pessoas, nos esforçamos ainda mais para acertar."

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A série animada acontece depois dos eventos do filme, mas não são ligados a ele

Eric Radomski com certeza sabe do que está falando. Ele foi um dos responsáveis pela criação de uma das melhores séries animadas da história: Batman, que criou a arquitetura de praticamente todas as adaptações modernas de super-heróis para a TV. "O filme de Tim Burton tinha acabado de ser lançado (em 1989), era a hora certa para criar a série", lembra. "A emissora de TV estava aberta para novas experiências, tinham interesse em descobrir um novo público. Fomos capazes de criar uma série dramática densa dentro de um desenho animado."

A maior descoberta que o produtor fez com Batman: The Animated Series foi que não eram só crianças prestando atenção no formato – e essas mesmas crianças estavam começando a mudar. "Muita gente na TV achava que super-heróis em animação eram só os Superamigos e mais nada. Mas o público mais jovem já estava se tornando mais sofisticado, mais exigente e mais tolerante", lembra Radomski, que também dirigiu o Cavaleiro das Trevas em um longa para o cinema em 1993, A Máscara do Fantasma. "Batman mostrou que era possível atender à demanda desse público e dar um passo à frente. Meus filhos cresceram nessa época de informação acelerada, essa geração sabe muito bem separar realidade e ficção." Ainda assim, existe espaço para produtos ainda mais leves: "A diferença hoje é a idade, desenhos mais simples são feitos para um público ainda mais jovem… o que não é ruim só é sinal que os tempos mudaram".

Não importa o formato, não importa o público-alvo. O principal para ter sucesso em adaptar personagens entre mídias, na visão de Radomski, é nunca perder o foco na história. "É o que amarra tudo, a história e os personagens", ressalta. "A única coisa que diferencia cada versão é a mídia." O produtor explica que as histórias em quadrinhos podem ser esticadas em vários capítulos, e um gibi pode ser relido para que não se perda o fio condutor da trama. Filmes tem uma única chance de ganhar a plateia, mas seu alcance é bem maior – além de ter mais atenção de uma parte do público que não é o fã tradicional. "Já nós habitamos o espaço que existe entre os filmes e as histórias em quadrinhos que geraram os personagens", conclui. "Não é um lugar ruim."

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.