Homem-Aranha: De Volta ao Lar é aula de como traduzir os super-heróis para o cinema
Homem-Aranha: De Volta ao Lar é muitas coisas. Um dos filmes mais divertidos do ano, pra começar. Uma aula de como traduzir super-heróis dos quadrinhos para o cinema. Ah, um dos melhores da Marvel – e com certeza melhor do que todos que a concorrência fez até agora. É também uma comédia adolescente ao estilo dos filmes que John Hughes fazia nos anos 80. Um drama sobre um jovem descobrindo seu lugar do mundo. Tudo embalado em um pacote leve, colorido, perfeito para mostrar o que o cinema de entretenimento pode fazer quando as engrenagens estão no lugar.
A coisa fica ainda melhor por ser o Homem-Aranha, provavelmente o melhor personagem de quadrinhos da história. De cara é o mais fácil da plateia se identificar: Peter Parker não é o bilionário, o cientista ou o soldado. É um moleque atravessando a adolescência, com todos os pequenos dramas que este período traz, que tem de encarar o agravante dos poderes e das responsabilidades. Ele não poderia ter melhor intérprete que Tom Holland, que traz a angústia e o peso de suas escolhas, mas também leveza e otimismo. De Volta ao Lar é isso: uma aventura otimista!
O mérito é todo da Marvel. Sério. Não existe aqui uma necessidade em reinventar a roda. Não há histórias secretas ou "nunca contadas". Não há também um interlúdio para recontar a origem do herói ou flashbacks da tragédia que o fez assumir o manto de herói. De Volta Ao Lar começa pouco depois da Batalha de Nova York de Os Vingadores, estabelece as motivações de nosso vilão, Adrian Toomes (Michael Keaton) e logo salta para oito anos depois, com Peter sendo recrutado para lutar ao lado de Tony Stark em Capitão América: Guerra Civil.
Sua "volta ao lar" dá o tom do filme: como Peter vai retomar sua rotina depois da aventura que viveu? E de que forma ele vai provar que é capaz de estar ombro a ombro com os grandes heróis se ele sente que Stark (Robert Downey Jr., em participação pequena e crucial) está limitando seu potencial? A chegada do Abutre, que é Toomes usando equipamento recuperado de várias batalhas de super-heróis, pode ser essa chance. Mas pode também ser um risco involuntário para Peter, seus amigos e sua tia May.
Homem-Aranha: De Volta ao Lar equilibra cada elemento de maneira brilhante, inserindo o herói no universo cinematográfico Marvel sem ser intrusivo e sem que a plateia precise de uma bula. O diretor Jon Watts (A Viatura) sabe que cenas de ação bacanas são como pastelaria no cinemão atual, então ele capricha nos momentos mais intimistas, em que descobrimos o que move cada personagem. É a mesma fórmula descoberta por Sam Raimi em 2002, quando levou o Aranha aos cinemas, e quase tão perfeita quanto a de Homem-Aranha 2, de 2004. É o filme-evento com coração.
E é a aventura perfeita para o momento em que os filmes de super-heróis chegam em uma encruzilhada. Ou abraçam o humor de Deadpool, ou assumem um tom pessimista e sombrio como as aventuras da DC (Mulher-Maravilha foi uma bem vinda mudança de direção), ou fazem parte de uma série intrincadas como a própria Marvel. Homem-Aranha: De Volta ao Lar evita todas as armadilhas por se ater ao básico: conheça seus personagens, conte uma boa história. Mais uma vez, o Amigão da Vizinhança surpreende e mostra ao mundo o que é ser um herói.
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