Do pior ao melhor, todos os filmes do Homem-Aranha do cinema
Homem-Aranha: De Volta ao Lar chegou aos cinemas e é, sem exagero, espetacular! Claro, não é a primeira vez que o Cabeça de Teia chega aos cinemas. De fato, o herói mais popular da Marvel foi o primeiro grande fenômeno da nova "era dos super-heróis" no cinema, lá atrás, em 2002. De lá para cá foram seis filmes, três atores e dois reboots. Antes de mergulhar na novíssima versão, agora no Universo Cinematográfico Marvel, aproveitei para rever estes quinze anos de Homem-Aranha no cinema, organizadinhos num ranking bacana. Mas de cara já dou a real: eu gosto de todos os filmes do herói! Concorda? Discorda? Solta o verbo!
6 . HOMEM-ARANHA 3
(Spider-Man 3, Sam Raimi, 2007)
O último Homem-Aranha da "primeira fase" do herói nos cinemas é também o menos emocionante. Não em cena, mas do lado de cá da câmera. É claro desde o primeiro take que Sam Raimi não tinha o coração no filme, que funciona pela inércia de seus antecessores. A decisão em forçar Venom, um personagem que o diretor sempre deixou claro não gostar e nem entender, foi um equívoco para agradar aos fãs do vilão (um dos piores dos quadrinhos) e deixou toda a trama engessada. Mas o problema não é só o alienígena dentuço, mas também o tom irregular e a indecisão em como amarrar a narrativa. E nada justifica a "cobertura televisiva" do clímax, quando o filme se torna um reality show capenga. A produção milionária e o carisma do elenco seguram o interesse, mas Raimi devia ter aberto mão do personagem quando estava por cima.
5 . O ESPETACULAR HOMEM-ARANHA 2
(The Amazing Spider-Man 2, Marc Webb, 2014)
A segunda aventura com Andrew Garfield no papel do Aranha sofre de um mal recorrente a filmes de super-heróis: a vontade dos produtores em deixar tantos ganchos para filmes futuros que a trama sendo contada sofre por causa disso. Espetacular 2 queria a) mergulhar no mistério da morte dos pais de Peter Parker, b) apresentar um "melhor amigo" ao herói para, em seguida, transformá-lo em vilão, c) plantar a semente de outros antagonistas super-poderosos, d) adaptar de maneira canhestra uma das HQs mais trágicas do personagem da maneira menos impactante possível, e e) contar a história principal, o combate com o perigoso Electro (Jamie Foxx, totalmente deslocado). Ufa! Com tanto chão para cobrir, seria tarefa impossível Espetacular 2 atingir qualquer expectativa. Que ele é um filme minimamente coerente é um milagre, carregado pelo carisma do par central (Garfield e Emma Stone) e pela paixão do produtor Avi Arad pelo personagem. Mas não era pra ser.
4 . O ESPETACULAR HOMEM-ARANHA
(The Amazing Spider-Man, Marc Webb, 2012)
Este reboot não é dos piores. Mesmo levantando uma questão que os fãs de quadrinhos nunca deram a mínima – a verdade por trás da morte dos pais de Peter Parker -, o diretor Marc Webb consegue fazer uma comédia dramática adolescente para a geração Crepúsculo sem comprometer as raízes do Homem-Aranha. Andrew Garfield faz um trabalho decente como Peter Parker, mesmo sendo o adolescente mais velho da história, e sua jornada de poder e responsabilidade é envolvente. O maior pecado do filme é querer reinventar a roda, complicando uma história de origem que sempre foi simples e misturando a ela elementos que diminuem Peter como personagem. Mais bizarro é a linha narrativa da transformação do cientista Curt Connors (Rhys Ifans) no asqueroso Lagarto, em que metade da jornada deve estar no chão de alguma sala de edição do estúdio.
3 . HOMEM-ARANHA
(Spider-Man, Sam Raimi, 2002)
O filme-evento com coração, a prova de que uma criação por comitê pode funcionar e o primeiro grande fenômeno dos filmes de super-heróis desde o Batman de Tim Burton, lançado mais de uma década antes. Homem-Aranha foi o filme certo na hora certa, um triunfo que viu o herói emergir vitorioso depois de uma década de problemas legais para levá-lo ao cinema. Tudo funciona com um carinho quase ingênuo, do plot redondo e previsível às cenas já icônicas, como o beijo do Aranha (Tobey Maguire) e sua amada, Mary Jane (Kirsten Dunst) de cabeça para baixo, embaixo da chuva, da maneira mais desconfortável possível. A origem do herói remete quase à perfeição sua versão nos quadrinhos, e Raimi foi esperto ao deixar lógica e verossimelhança de lado, privilegiando emoção. Para toda uma geração, este será para sempre o Homem-Aranha "que vale".
2 . HOMEM-ARANHA: DE VOLTA AO LAR
(Spider-Man: Homecoming, Jon Watts, 2017)
A entrada do herói no Universo Cinematográfico Marvel em mais um reboot deu ao cinema um Aranha inédito: moleque, inseguro, aprendendo com os erros e quase fazendo bobagens irreparáveis ao longo do caminho. Este foi o Homem-Aranha com o qual eu aprendi a gostar de quadrinhos, representado no cinema aqui de maneira moderna e respeitosa. Tom Holland, sem exagero, é a tradução perfeita do personagem, com ou sem o uniforme, carregando com puro carisma um filme que desde já se eleva como um dos grandes do gênero. Eu já escrevi sobre De Volta ao Lar aqui, repeti a dose em vídeo aqui… e o filme ainda merece uma análise mega nerd e cheia de spoilers! Me dá mais algumas semanas…
1 . HOMEM-ARANHA 2
(Spider-Man 2, Sam Raimi, 2004)
Depois de faturar centenas de milhões de dólares com o primeiro filme, Sam Raimi ganhou liberdade total e fez de Homem-Aranha 2 o retrato da perfeição. Não existe nada fora de lugar nesta aventura irretocável, em que o vilão, o Dr. Octopus (Alfred Molina), surge como um dos gatilhos para a jornada do herói. E o Aranha nunca esteve mais perfeito: sem um centavo no bolso, constantemente humilhado no trabalho, com zero sorte no amor e ainda remoendo a culpa pela morte do tio. Sua persona heróica passa a sofrer, já que seus poderes começam a falhar até o ponto em que ele desiste de ser um super-herói para tentar, de alguma forma, ser feliz. Mas esse não é seu destino, e o filme retrata com emoção e adrenalina um garoto assumindo a responsabilidade que seu poder traz de maneira espetacular. Homem-Aranha 2 não economiza em grandes cenas, do surgimento em clima de filme de terror do Dr. Octopus, passando pelo já icônico combate no topo de um trem até o clímax, carregado de tensão, envolvendo Peter, Harry Osborn (James Franco) e um segredo revelado. O final agridoce é a cara do Aranha: mesmo quando tudo está bem, a gente se pergunta, "quando ele vai quebrar a cara de novo?". Gente como a gente.
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