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Trailer de Han Solo traz pouco de seu protagonista e ainda não impressiona

Roberto Sadovski

09/04/2018 22h53

Han Solo: Uma História Star Wars traz um dos bastidores mais fascinantes do cinema moderno. Resumindo: o projeto estava nas mãos dos diretores Phil Lord e Chris Miller (Uma Aventura Lego), que foram defenestrados pela produtora Kathleen Kennedy e substituídos, já na prorrogação, pelo sempre eficiente Ron Howard. O que se seguiu não foi a finalização de um filme, e sim sua total reestruturação, ajuste de tom e, segundo a turma que só fala no anonimato, trabalho dobrado com o protagonista, Alden Ehrenreich, que não estaria acertando sua caracterização como o canalha mais incrível da galáxia muito distante. Defendendo o moço, é levemente complicado calçar os sapatos que Harrison Ford deixou, ao lado de um dos maiores ícones do cinema. Mesmo com tudo isso, a Disney/Lucasfilm não moveu a data de lançamento e a realidade é que, em pouco mais de um mês, ainda na poeira de Vingadores: Guerra Infinita, Han Solo chega aos cinemas. Fim de semana passada o estúdio disparou mais um trailer. Vê aí. E volta aqui.

Bom, tem cara de Star Wars. O clima, o visual "futurista mas bem acabado", as figurinhas familiares. O que não tem é… Han Solo! Em todo momento do trailer ele parece reativo, parece ser levado para uma jornada, parece coadjuvante em sua própria aventura. O que quer que ela seja: tão tarde no jogo e a gente não faz ideia qual é a de Han Solo. Para um filme com esse calibre, e com esse pedigree, é um risco…. ou um pouco de controle de danos preventivo. Se as histórias sobre a atuação de Ehrenreich (que estava ótimo em Ave, César!, dos irmãos Coen) forem fato, é compreensível que o quebra-cabeças que é a edição de um filme ainda esteja a todo vapor para que o resultado seja menos catastrófico. Enquanto isso, bastante Woody Harrelson (o que é incrível!) e muito Chewbacca (também não vou reclamar). Mas nada neste Han Solo soa diferente de um O Legado Bourne, que colocou Jeremy Renner de gaiato na série de Matt Damon: não é ruim, é só indiferente.

E Star Wars não pode ser indiferente no cinema! As animações e os games até tem o direito de derrapar, mas a tela grande é o filé da saga espacial. Rogue One abriu a série de "Histórias Star Wars" com uma premissa super redonda (a missão dos espiões que tinham de roubas os planos da Estrela da Morte) e, apesar de dramas complexos nos bastidores, sabia exatamente onde queria chegar: era um filme de guerra, com escalada narrativa comum ao gênero. Não sabemos ainda o que diabos é Han Solo: Uma História Star Wars, a não ser o fato de que este último trailer tem um clima de western que pode ser bacana – no sentido de colocar um personagem de moral questionável ao lados de outros personagens de moral questionável. Essa área cinzenta é um playground bacana e pouco explorado de Star Wars, e se o filme de Howard seguir essa linha, tá valendo. Até o momento, porém, não estou impressionado. Ainda espero que o estúdio enxergue o potencial colossal que as histórias fora da saga possuem, e fujam, no futuro, da tentação de insistir em personagens que já vimos antes (Obi-Wan, Boba Fett, que preguiça).

Ao menos o poster de Han Solo ficou lindão.

 

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.