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BumbleBee leva os Transformers de volta aos anos 80; veja novo trailer

Roberto Sadovski

24/09/2018 09h02

Travis Knight começou a contar histórias com os Transformers mais de três décadas atrás. Antes de desenhar uma carreira no estúdio de animação Laika. Antes de dirigir o excepcional Kubo e as Cordas Mágicas. Sem orçamentos milionários e sem efeitos especiais, mas com a mesma vontade narrar as aventuras dos "robos disfarçados" clássicos. "Quando eu era moleque, brincava sempre com os bonecos", conta Knight, empolgado. "Eu criava histórias, então já estava soprando vida nos personagens. Trinta anos depois e é o que eu continuo fazendo."

A tarefa à frente não é fácil. Travis assina a direção de BumbleBee, ponto de partida de um reboot suave da série que, em pouco mais de uma década, entregou cinco filmes com a assinatura de Michael Bay. A crítica rangeu os dentes (exceto pelo primeiro, de 2007, que é bacana de verdade), mas o público abraçou a série com uma bilheteria mundial de quase 4,4 bilhões de dólares. Mas a máquina perdeu a força em seu último exemplar, O Último Cavaleiro, de 2017. O filme não fez o barulho de seus antecessores, entregou uma trama ainda mais confusa e exagerada e viu seus fãs irem atrás de outras aventuras, estacionando em números (bem) atrás de Mulher-Maravilha, Homem-Aranha: De Volta ao Lar, Jumanji, A Bela e a Fera e Star Wars: Os Últimos Jedi. Perdeu até para Liga da Justiça!

Hailee Steinfeld as Charlie and Bumblebee in BUMBLEBEE from Paramount Pictures.

Hailee Steinfeld pilota BumbleBee como o fusca clássico

Bumblebee, portanto, entra em campo com a tarefa dupla de a) entregar uma aventura bem diferentes dos Transformers que acostumamos a assistir por dez anos e b) recomeçar a série com uma proposta diferente, um tom diferente. "Eu sou cria dos anos 80 e adorava o desenho", continua Knight, num bate-papo direto de Portland, enquanto ele trabalha na pós-produção do fime. "Trazia muita ação, claro. Mas também era emocionande e acolhedor, tinha uma doçura própria da animação da época. Era um equilíbrio de emoções, e meu trabalho com BumbleBee é tentar capturar essa emoção."

A primeira parte de sua tarefa foi reambientar a aventura. Em vez de entrar de cabeça no novo século, ele escolheu situar BumbleBee nos anos 80, quando Shia LaBeouf provavelmente engatinhava. Em seu lugar, entra em cena Hailee Steinfeld, adolescente que ganha seu primeiro carro e descobre que existe mais do que os olhos podem enxergar. Essa volta no tempo possibilitou que BumbleBee apertasse o botão de reset nos Transformers do cinema, e deu a Knight as ferramentas necessárias para encontrar sua própria voz. "Já que BumbleBee se passa nos anos 80, decidimos filmar como se fosse naquela época", revela. "Os anos 80 tinham os melhores filmes, como tudo da Amblin, os filmes de John Hughes, de John Carpenter. A gente queria aquela estética, aquela qualidade. Nosso filme é resultado de toda essa mistura."

Left to right: John Cena as Agent Burns and Bumblebee in BUMBLEBEE from Paramount Pictures.

BumbleBee encara John Cena em seu modo guerreiro

A palavra-chave em todo o projeto foi, portanto, "estética". Uma das coisas adquiridas com a liberdade de voltar no tempo foi reimaginar o visual da série. A trama de BumbleBee acontece três décadas antes do primeiro filme de Michael Bay, então é seguro imaginar que as coisas evoluem e mudam. "O segredo foi imaginar como seria o visual dos Transformers lá atrás", explica Knight. "Não começamos do zero, e a ideia era homenagear o primeiro design do personagem." Assim, BumbleBee abandona o camaro que ele "vestiu" no cinema na última década para abraçar com gosto seu primeiro disfarce: um fusca.

"O fusca é um carro que a gente tem vontade de abraçar", brinca o diretor. "E BumbleBee é isso! Ainda é feito de metal, mas evoca um outro tipo de sentimento, menos angular, mais arredondado." Travis explica que o design já basta para diferenciá-lo dos outros Transformers – que, por sua vez, parecem mais com os brinquedos originais, agora levemente redesenhados. "Eles eram mais simples, mais gráficos", continua. "E era exatamente o que a gente queria." O novo filme traz nosso herói num ferro-velho, resgatado por Charlie, personagem de Hailee. Ele parece ter perdido seu ímpeto de lutar, mas precisa redescobrir sua missão e seu propósito quando a Terra encontra-se mais uma vez ameaçada pela presença dos vilões robóticos, os Decepticons. O novo trailer mostra também os personagens de John Cena (o malvado Agente Burns), Jorge Lenderborg Jr. (Memo, amigo de Charlie), Angela Basset (ela empresa a voz ao robô Shatter) e Justin Theroux (Dropkick, outro Decepticon), ainda dá uma pista da visão de Travis Knight para Optimus Prime, o líder dos heróis Autobots, e apresenta a trama de forma mais simples, direta e empolgante.

Left to right: Shatter and Dropkick in BUMBLEBEE from Paramount Pictures.

Shatter (Angela Basset) e Dropkick (Justin Theroux) são novos Decepticons

Ainda é, claro, um filme dos Transformers. "Sei que o público espera um tipo de ação carregada de testosterona", confessa, já com ressalvas. "Mas nossa ideia era seguir em uma direção diferente. Ainda é ficção científica de primeira, mas com as coisas que eu imaginei que formariam um filme dos Transformers quando eu era criança. É um equilíbrio de tudo isso." Essa qualidade inocente e infantil é o que ele espera injetar em BumbleBee, abraçando as interpretações anteriores da série com tecnologia moderna e adicionando um novo vocabulário. "O único modo de fazer um filme assim é encontrando uma conexão emocional", entrega. "Precisa ser algo pessoal, precisa ter um aspecto de minha própria vida. E esse elo é a ligação com os anos 80." E eu achando que esse elo seria o som que os Transformers fazem quando mudam de veículos para robôs! "Mas você acertou em cheio!", finaliza. "Basta ouvir aquele barulho e nossa mente vai para o passado imediatamente!"

BumbleBee curte um momento tranquilo em seu filme-solo

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.