Operação Overlord é filmaço B com zumbis nazistas e um oceano de sangue
Se Operação Overlord fosse lançado três décadas atrás, seria em um VHS de distribuidor obscuro, com produção de Roger Corman e efeitos especiais classe Z. Mas a trama, pode apostar, seria exatamente a mesma! A vantagem desse filmaço B, produzido por J.J. Abrams, é que uma geração inteira que cresceu justamente com um bombardeio de produções baratas e absurdas hoje tem o poder de realizar o mesmo tipo de filme, mas com orçamento de gente grande e produção de ponta. O resultado é um terror gore que não economiza no sangue e na violência, conduzido por um fiapo de história com personagens rasos feito pires – mas que diverte com risadas e sustos na mesma medida sem nunca se levar a sério.
E nem tem mesmo como encarar com seriedade uma terror ambientado na Segunda Guerra Mundial, que traz nazistas zumbis, cientistas loucos e uma pitada de revisionismo histórico: é escapismo, mas cutuca o horror bem real perpetrado por Josef Mengele, que usou prisioneiros de guerra como cobaias involuntárias para experimentos grotescos em nome da "raça pura". No filme de Julius Avery, o objetivo do Reich é reanimar soldados alemães mortos em combate, ressuscitados como máquinas de guerra invencíveis. As cobaias são "recrutadas" em um vilarejo francês tomado por forças nazistas. É justamente nessa cidade que um esquadrão de soldados aliados precisa destruir um transmissor alemão em uma igreja – missão crucial para garantir a segurança das tropas prestes a desembarcar no Dia-D.

É melhor tirar a mão do saco!
Overlord começa com uma paulada, com os soldados em um avião prestes a saltar de pára-quedas. O transporte é atingido e explode nos céus da França. O caos toma conta, com Avery mostrando de perto o horror de uma guerra real. Ao fim, sobram cinco soldados, e o filme entra no modo "homens com uma missão", determinados a explodir o tal campanário e garantir a segurança da invasão aliada. Claro que, na melhor tradição dos filmes B, a trama é desculpa para o filme revelar suas cores verdadeiras. Os soldados, liderados pelo cabo Ford (Wyatt Russell, filho de Kurt), recebem ajuda de uma jovem francesa (Mathilde Ollivier), e logo descobrem a verdadeira natureza da presença nazista no local. O verdadeiro protagonista aqui é o soldado Boyce (Jovan Adepo), que descobre o efeito das experiências nos aldeões (ele testemunha nazistas queimando corpos empilhados) e testemunha o efeito do soro desenvolvido pelos inimigos de perto, quando um de seus amigos volta à vida como uma fera irrefreável.
Um dos aspectos mais admiráveis de Operação Overlord é como o elenco continua a se comportar como se estivesse em O Resgate do Soldado Ryan, mesmo quando a coisa já descambou para Wolfenstein, com cadáveres despedaçados mantidos vivos por líquidos gosmentos e aberrações sub humanas aprisionadas em celas de concreto. Quem entendeu perfeitamente a ideia da coisa toda foi o ator Pilou Asbæk (Lucy, A Vigilante do Amanhã), que interpreta um médico/oficial nazista, Dr. Wafner (um nome gloriosamente tosco), que primeiro é capturado e torturado pelos soldados americanos, depois se reinventa voluntariamente como um morto-vivo a serviço do Führer. É em seu rosto destruído, um efeito digital sangrento e sensacional, que o filme encontra sua verdadeira vocação, misturando Frankenstein, A Noite dos Mortos Vivos e a boa e velha pancadaria do bem contra o mal em um pacote histórico, absurdo e, como manda o figurino, pingando sangue.
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