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Wagner Moura estreia no cinemão americano ao lado de Matt Damon na impressionante ficção científica Elysium

Roberto Sadovski

02/08/2013 13h22

Vou direto ao ponto: Elysium é um filme espetacular. Um dos melhores (finalmente!) de 2013. O segundo trabalho do sul-africano Neill Blomkamp, que estreou em 2009 com Distrito 9, é uma ficção científica da melhor safra, um espelho do mundo moderno que de fato tem algo a dizer e uma visão a compartilhar. Mais do que isso: é uma aventura eletrizante em um mundo pós-apocalíptico, um filme de ação em que a luta pelo futuro da humanidade termina entrelaçada com o destino de um homem. Temas muito complexos em um cenário épico, que no fim se tornam extremamente simples, encapsulados no desespero de um sujeito comum que não quer morrer.

Ah, e é a primeira super produção ianque com Wagner Moura, de cara em um papel suculento. Ele divide a cena com Matt Damon, Alice Braga, Sharlto Copley e Jodie Foster – e é gigante sempre que entra em cena!

Mas estou me adiantando. Como Elysium estreia por aqui dia 20 de setembro, vou segurar uma crítica bacaninha – com entrevistas e mais algumas surpresas – para o mês que vem. Entretanto, já dá para adiantar as dez coisas que fazem da ficção científica de Blomkamp desde já um dos filmes imperdíveis do ano. Aperta o cinto!

Wagner Moura prepara o exoesqueleto para Matt Damon

– A trama de Elysium gira em torno de uma necessidade básica: a sobrevivência. Por causa de um acidente estúpido no trabalho, Max (Matt Damon) é envenenado por radiação. Em cinco dias ele vai morrer – e o "sistema" não dá a mínima. A cura está em Elysium, mas quem não é "cidadão" tem a entrada negada (ou melhor, é morto ainda no meio do caminho). A jornada de Max logo vai se tornar a luta por algo muito maior – e ele nem faz idéia disso.

– O futuro da Terra mostrado em Elysium não é um farol de esperança que ilumina os triunfos da humanidade. É um lugar feio, de edifícios em ruínas, lixo empilhado pelas ruas, hospitais atulhados de indigentes sem esperança, e a autoridade substituída por robôs que não dialogam, não racionalizam, não tem empatia ou piedade ou compaixão: apenas seguem a programação dos donos do poder. Ou seja, o amanhã em Elysium é reflexo de nosso hoje, e a melhor ficção científica é sempre um espelho.

– Elysium, por outro lado, é a estação orbital que batiza o filme. Não é o futuro da Terra, é um futuro fora dela. Elysium parece o mais cafona clube dos novos ricos atuais. Tudo é exagerado, nada tem personalidade, e o mundo é um eterno banquete de coquetéis e tardes preguiçosas à beira da piscina. Os ricos, os fúteis, os que tem a carteira mais pesada estão lá. É um lugar horrível; longe da Terra abandonada, porém, é o único lugar em que pode existir um futuro.

– Ao contrário de muitos filmes que primam espetáculo visual sobre personagens, Blomkamp deixa claro que não existe ação sem reação no mundo que ele constrói. Assim como em Distrito 9, qualquer ato não planejado, qualquer movimento impulsivo desencadeia uma série de eventos que vão determinar o destino de muitos – ou de um. O diretor é cauteloso em não pintar um lado bom e outro ruim, e sim plantar sua história em uma imensa área cinzenta. O que faz de Elysium imprevisível.

– Ao escolher Matt Damon para ancorar seu filme, Neill Blomkamp deixa claro que Max, seu personagem, é um homem comum, como eu, como você. Damon é um grande ator que tem a capacidade de trazer tudo para o chão, de fincar a situação mais absurda nas regras do realismo – ao menos o máximo de realismo que uma ficção científica pode ter. Ele o fez na trilogia Bourne e também em Os Agentes do Destino e em Além da Vida. Matt é gente como a gente!

Damon e Sharlto Copley são verdadeiros "homens de ferro" em Elysium

– Não se engane: além da visão excepcional de Blomkamp e do subtexto que conduz cada cena, Elysium é um espetáculo de ficção científica de encher os olhos. E os melhores efeitos, como em Distrito 9, são aqueles tão integrados à narrativa que se tornam invisíveis. Cada ferramenta obedece apenas a um Norte: o roteiro.

– Sharlto Copley é um ator genial. E, pela primeira vez, surge como um sujeito realmente ameaçador. É seu também um dos personagens mais fascinantes de Elysium: um caçador a serviço dos poderosos que sabe-se lá por que não finca o pé na lama e ajuda os outros rejeitados a insurgir contra a repressão.

– Um tema recorrente da ficção científica – seja na literatura, seja no cinema – é a criação de um cyberorganismo. Como o RoboCop, mas sem as partes brilhantes. É o que acontece com Max da maneira mais suja e dolorosa possível: para manter sua força e invadir Elysium, ele é enxertado a um exoesqueleto que amplia sua força. Parafusos e circuitos são colocados na carne nua. Sangue mancha os trapos que ele veste. A integração homem e máquina é algo muito feio.

– Por sinal, quanto mais eu lembro de Elysium, mais eu penso em tudo que está acontecendo por aqui em nosso quintal nos últimos meses. Mas isso eu deixo para cada um queimar os neurônios depois de ver o filme…

– Wagner Moura! Olha, é muito bacana ver um ator do talento do Wagner ampliar seus horizontes em um filme espetacular como este. E mais, ele não está no filme para duas cenas e três linhas de diálogo. Seu personagem, Spider, é essencial para a história, catalisador das mudanças que a Terra precisa para reinventar seu futuro. Sua composição é precisa; seu talento deixa a engrenagem de Elysium mais humana. Que saber como tudo aconteceu? Em um mês a gente retoma o papo…

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Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.