“Deadpool é uma história de amor”, diz atriz brasileira Morena Baccarin
Roberto Sadovski
11/02/2016 17h40
"Deadpool é uma bela história de amor." Palavras de quem colocou a mão no fogo: Morena Baccarin, que na primeira aventura do mercenário desbocado nos cinemas é, não apenas o par romântico de Ryan Reynolds/Wade Wilson, mas também o gatilho que faz toda a trama caminhar. "E eu não digo isso como um comentário irônico", continua a atriz, por telefone, poucos dias antes da estreia do filme. "Deadpool é um filme de super-heróis, claro. Mas tem um coração enorme!"
É evidente que Deadpool não é apenas uma história de amor. "Nunca fiz parte de algo tão grande", ressalta Morena. "Eu sei que o orçamento era uma fração dos outros filmes de super-heróis que vemos no cinema, mas (o diretor) Tim (Miller) fazia tudo parecer muito maior do que de fato era." As restrições no budget causaram diversas mudanças no roteiro ao longo do desenvolvimento do projeto. Mas um elemento foi constante: Vanessa, personagem da atriz, jamais foi reduzida ao papel de "donzela em perigo" – ao menos não de forma mecânica.
"Foi uma das primeiras coisas que me atraiu no roteiro", lembra, ressaltando que, mesmo quando Vanessa precisa ser resgatada por Wade, ela nunca foi reduzida a uma figura para compor o cenário: "Existe uma relação de igualdade, mesmo depois de Deadpool ganhar seus poderes. Fica claro que, apesar de tudo, ele precisa dela, o amor é genuíno". Ainda assim, Morena não teve de se submeter a nenhum treinamento pesado para as cenas de ação. "Existe um grau de preparo quando a atuação é mais física, certas coisas não podemos fazer sem deixar o corpo pronto", continua, com uma risada. "Mas não tive de aprender nenhum tipo de luta, isso eu deixei para o Ryan."
É com Ryan Reynolds, claro, que Morena precisa construir, em cena, uma relação amorosa sólida e real. "Acho bacana Deadpool, apesar de ser um filme de ação, estar ancorado numa história de amor", ressalta. "Mas para mim é o que o filme sempre foi, já que boa parte de minahs cenas são com ele, ou quando nosso relacionamento é construído, ou quando ele descobre que tem câncer e eu decido não sair do seu lado." O desafio, entretanto, não era dar peso dramático às cenas com o ator, e sim manter um semblante sério quando a câmera rodava. "Ryan é uma das pessoas mais divertidas que eu já conheci", derrete-se. "Acho que Deadpool é uma grande oportunidade de mostrar tudo que ele pode fazer, já que é um drama, um filme de ação e uma comédia, tudo em um único pacote."
Morena Baccarin, claro, não é uma desconhecida para o público geek, alvo primário de Deadpool. Nascida no Rio de Janeiro e criada em Nova York, ela teve seu primeiro papel de destaque na série de ficção científica Firefly, que depois saltou para o cinema no longa Serenity. Mas foi longe da tela grande que ela cresceu para o público, com papeis em It's Always Sunny em Philadelphia, The O.C., Stargate SG-1 e How I Met Your Mother. Em 2009, Morena ganhou destaque novamente em Homeland, em que ela dividiu a cena com Claire Danes, sua colega de classe em NY, e principalmente como protagonista da nova versão da série V, sobre alienígenas que invadem a Terra.
Se Deadpool é seu primeiro grande papel em um filme (ano passado ela foi coadjuvante em A Espiã Que Sabia de Menos, com Melissa McCarthy), a atriz continua trabalhando na TV em outra adaptação de quadrinhos, mas para a concorrência. Ela é Leslie Thompkins, médica que terá papel fundamental na vida do jovem Bruce Wayne em Gotham. "Cinema e TV são trabalhos semelhantes, mas com diferenças fundamentais", explica. "A TV dá oportunidade de desenvolver ainda mais os personagens, já que estamos falando de horas e horas de material, o que é diferente de um filme, onde tudo é mais frenético e arriscado. São dinâmicas diferentes."
E ela ressalta o quanto Deadpool dá outro significado à palavra "arriscado". "Quando vi o filme, mal pude acreditar no quanto eles conseguiram de fato colocar em cena", aponta. "Muito que eu via quando estávamos filmando eu tinha certeza que o estúdio fosse achar intenso demais ou absurdo demais para entrar no corte final." Ela hesita e continua. "Deadpool é um ato de amor, mas da parte de Tim Miller e Ryan Reynolds. Acho que essa paixão é traduzida em cada pedaço do filme", conclui, com uma risada. "Ou seja, se alguém se sentir ofendido, a culpa é todinha deles!"
Sobre o autor
Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".
Sobre o blog
Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.