Até que enfim: Novo trailer de Liga da Justiça injeta humor em um mundo de ação super estilizada
Roberto Sadovski
25/03/2017 16h36
Ao que parece, os realizadores de Liga da Justiça finalmente aprenderam a lição. Em um universo habitado por super-heróis de roupas coloridas, insistir em personagens "sombrios" era uma bobagem infinita. Se Batman vs Superman trazia um artificialismo risível com seu tom soturno, o diretor Zack Snyder mostra que não é pecado rir de tudo isso. Não se engane: a ação na aventura que une os heróis icônicos da DC ainda é absurdamente estilizada – mais até que nos filmes com o selo da editora que chegaram ao cinema até o momento. Mas ela é costurada com leveza, sem uma mão pesada que insistia num "realismo" capenga. Se Liga da Justiça terminar sendo duas horas (e meia, conhecendo Snyder) do Batman zoando e sendo zoado por seus colegas de equipe, já será motivo para aplaudir.
Até porque, como o filme só estreia em novembro, não há muito que o estúdio queira mostrar agora a não ser a evidência de que estão ouvindo o público. O novo trailer não informa muito sobre a trama do filme, e sequer se dá o trabalho de revelar seu vilão. O que sabemos é que o "inimigo", sugerido ao final de Batman vs Superman, é o gatilho para o Homem-Morcego reunir seu time. O trailer é didático em sua apresentação. Jason Momoa, que surge como Arthur Curry, o Aquaman, parece estar se divertindo como nunca, e deixa claro que o Monarca do Oceano será o Thor do filme: a mesma aura de realeza, o mesmo desdém com os humanos "inferiores", o mesmo espírito de "eu faço o que eu quero". Sobre o Cyborg, personagem de Ray Fisher, continua sendo um gigantesco ponto de interrogação – sabemos que seu CGI ainda parece feito para um PlayStation e que ele "empresta" a iconografia do Homem de Ferro ao ganhar os céus, e só. Barry Allen (Ezra Miller), o Flash, mostra seus poderes em ação, e a Mulher-Maravilha (Gal Gadot) continua garantindo poses icônicas.
Só falta o Superman para a gangue ficar completa
A grande ausência ainda é o Superman (Henry Cavill), que estava literalmente a sete palmos quando subiram os créditos de Batman vs Superman. É compreensível que a Warner/DC esteja guardando sua revelação em Liga da Justiça para mais perto do lançamento do filme. Mas isso também deixa o trailer levemente esquizofrênico: não sabemos se a ação mostrada até agora ocorre em torno de seu retorno, ou se ele só vai aparecer no clímax, quando o vilão Lobo da Estepe (Cieran Hinds) e os parademônios de Apokolyps (o filme precisa de uma ameaça volumosa como os chitauri de Os Vingadores) abrirem espaço para a chegada de Darkseid – o big boss do Mal, que pode ou não surgir nesta aventura. É muita informação sobre muitos personagens para um único filme, lembrando que Liga da Justiça não teve o luxo dos filmes da Marvel, que prepararam terreno e apresentaram a turma antes de juntar a todos num único produto.
Ainda assim, é um passo na direção certa. Apesar do esquema de cores destinado a arrancar toda a alegria da vida (um dia Zack Snyder aprende), Liga da Justiça promete ser uma aventura divertida, em que seus personagens interagem com mais leveza e menos pompa. É um mundo de super-heróis combatendo uma ameaça alienígena, é um mundo em que deuses e monstros convivem com meta humanos de habilidades fantásticas – nada poderia ser mais distante de algo realista ou sombrio. E é o melhor caminho para conduzir uma aventura assim. O melhor momento? Quando Barry Allen pergunta a Bruce Wayne, já sabendo que ele é o Batman, qual seu superpoder. "Eu sou rico", entrega Ben Affleck, sem o menor resquício de ironia. Dedos cruzados…
Sobre o autor
Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".
Sobre o blog
Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.