Topo

Todos os filmes do Batman e do Superman, do pior ao melhor

Roberto Sadovski

25/03/2016 04h52

bvs

Batman vs Superman: A Origem da Justiça está em cartaz. Eu aproveitei para rever todos os filmes com o Homem de Aço e o Cavaleiro das Trevas que Hollywood teve a manha de produzir, e organizei a coisa toda em um ranking do pior ao melhor para você armar sua própria maratona. Deixei de fora os seriados dos anos 40 (porque, sério, ninguém merece) e o piloto do Superman com George Reeves, já que tinha mais cara de TV do que o Domingão do Faustão. Sobram, portanto, dezesseis filmes com os heróis, ordenados e comentados. Confesso que a dúvida foi só escolher qual o pior (os dois primeiros da lista são um empate técnico) e o melhor (idem). Boa viagem no túnel do tempo da DC….

16. BATMAN & ROBIN
(Joel Schumacher, 1997)

batmanandrobin

George Clooney trouxe o queixo correto para a fantasia do Homem-Morcego, mas o filme é uma bagunça kitsch dominada por Arnold Schwarzenegger e seus bordões, soprando "vida" ao vilão Mr. Freeze. Uma Thurman (a Hera Venenosa) entrega seus diálogos de uma maneira igualmente estranha, e os dois enfrentam Batman e Robin (Chris O'Donnell, que viu sua carreira morrer depois disso) em meio a cenários coloridos, diálogos constrangedores e um sentimento de vergonha alheia generalizado. Se Joel Schumacher tivesse encaixado uns "pows", "biffs" e "zaps" nas lutas, e assumisse que Batman & Robin é uma versão moderna da série do Morcegão dos anos 60, talvez a coisa toda fizesse algum sentido. Talvez.

15. SUPERMAN IV – EM BUSCA DA PAZ
(Superman IV – The Quest for Peace, Sidney J. Furie, 1987)

superman IV

A Warner entregou a produção do quarto Superman com Christopher Reeve para os reis da picaretagem hollywoodiana, a Cannon. O resultado é um filme de cara pobre e cafona, com o Homem de Aço enfrentando um vilão carnavalesco, um clone do herói criado por Lex Luthor (Gene Hackman, garantindo um cheque) alimentado por energia nuclear. O medo atômico, por sinal, é a contribuição de Reeve para o roteiro, que coloca o Superman tentando livrar o mundo de seu arsenal nuclear. Tão pobre, fracassado e bizarro, este foi o filme responsável por mandar a série do herói para o limbo por quase duas décadas.

14. SUPERMAN III
(Richard Lester, 1983)

superman III

O terceiro Superman com Christopher Reeve no papel-título podia ser um filme dos Trapalhões, já que aposta mais em risos bobos do que numa aventura digna do Homem de Aço. O plano original era colocar Lex Luthor como responsável pela criação da inteligência artificial assassina batizada Brainiac, mas por algum motivo bizarro os produtores abortaram a ideia e a refizeram como um rascunho, uma caricatura do que uma aventura do herói poderia ser. O ponto alto (?) é o efeito da exposição do Superman a um pedaço de kryptonita artificial, que faz aflorar uma personalidade maligna – curiosamente, com a palheta de cores usada pela versão mais moderna do herói no cinema.

13. BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE
(The Dark Knight Rises, Christopher Nolan, 2012)

(L-r) TOM HARDY as Bane and CHRISTIAN BALE as Batman in Warner Bros. Pictures' and Legendary Pictures' action thriller "THE DARK KNIGHT RISES," a Warner Bros. Pictures release. TM and © DC Comics

A única conclusão ao ver a sequência que Christopher Nolan preparou depois de sua obra prima lançada quatro anos antes (vai lendo a lista) é que ele fez para cumprir tabela com a boa vontade do estúdio. Tudo que seus filmes anteriores tinham de coesos, sérios e eficientes, este Ressurge joga pela janela com uma trama que nunca convence, emoldurada por um elenco no piloto automático e um clímax digno de vilões de desenho animado ruim. Pouco aqui faz sentido, mesmo que o público tenha transformado o filme num sucesso. Falei sobre O Cavaleiro das Trevas Ressurge na época de seu lançamento, e o tempo não lhe foi generoso.

12. BATMAN ETERNAMENTE
(Batman Forever, Joel Schumacher, 1995)

batman forever

Batman Eternamente, lançado há pouco mais de duas décadas, é exatamente o tipo de filme de super-herói que JAMAIS teria espaço no cinemão atual. É bobão, infantilóide, histérico e mirado exclusivamente num público que ainda tem dentes de leite. Val Kilmer assumiu o papel do herói depois da partida de Michael Keaton; Joel Schumacher ficou com o controle no lugar de Tim Burton. No processo, Tommy Lee Jones assumiu o Duas-Caras como se fosse Jack Nicholson fazendo o Coringa, e Schumacher deixou Jim Carrey totalmente livre e solto para fazer o que qusiesse como o Charada – o que, acredite, foi uma decisão insana e equivocada. Como aventura descompromissada, um desenho infantil em carne e osso, Eternamente até funciona. Mas envelheceu mal e não resiste a uma revisão.

11. SUPERMAN – O RETORNO
(Superman Returns, Bryan Singer, 2006)

BRANDON ROUTH portrays Superman in Warner Bros. Pictures' and Legendary Pictures' action adventure Superman Returns.

Paixão é combustível para a vida. No caso de Bryan Singer, porém, sua adoração pelo Superman de Richard Donner resultou basicamente nesta refilmagem, que pega o clássico de 1978 e o repete, sem exagero, cena a cena. Para ser a grande reintrodução do herói no cinema moderno, fazendo paralelo ao que Christopher Nolan fazia à mesma época com o Batman, este Retorno traz beleza de sobra mas entrega um Superman mais preocupado em resolver sua vida com Lois Lane do que em ser… bom, super! Kevin Spacey é um Lex Luthor com um plano, sem meias palavras, estúpido. Mesmo com a tecnologia a seu favor, Singer construiu um espetáculo flácido, que priva o herói de qualquer ameaça capaz de fazer com que ele mostrasse o que é capaz de fazer – e com que o filme tivesse algum pulso. A única maneira de Superman – Retorno funcionar é se ele for encarado como uma continuação do filme de Richard Donner. E olhe lá….

10. BATMAN VS SUPERMAN: A ORIGEM DA JUSTIÇA
(Batman v Superman: Dawn of Justice, Zack Snyder, 2016)

bvs still

O filme que reúne os heróis no cinema pela primeira vez terminou por aqui em meu ranking. Já falei sobre ele aqui, mas, acredite, Batman vs Superman ainda vai render muito, mas muito papo….

9. BATMAN: O FILME
(Batman: The Movie, Leslie H. Martinson, 1966)

batman the movie

Pouco depois do último episódio da primeira temporada da série de TV do Batman ser exibida, o primeiro filme com a versão cômica do herói chegou aos cinemas. Muita gente hoje pode torcer o nariz para essa interpretação do herói, surgida numa época em que a função do entretenimento era atordoar os sentidos e manter o povo ianque com um sorriso no rosto. Mas o tempo lhe conferiu lugar de direito na cultura pop, e é inegável que o duelo de Batman e Robin com um improvável quarteto de vilões (o Coringo, o pinguim, o Charada e a Mulher-Gato) revelou-se fonte inesgotável de bordões de efeito, cenas impagáveis e muito charme. Para ver com muita pipoca e o dobro de bom humor.

8. O HOMEM DE AÇO
(Man of Steel, Zack Snyder, 2013)

man of steel

Ok, eu sou um desses caras. Desses caras que de fato gostam da reinvenção do Superman perpetrada pelo diretor Zack Snyder neste filme de 2013. Longe do escoteiro imortalizado por Christopher Reeve, Snyder escalou Henry Cavill para o papel e fez dele um ser superpoderoso, altruista e, ainda assim, hesitante de seu papel no mundo que o acolheu. É o Superman aprendendo a ser Superman – basicamente único argumento que justifica a devastação do terceiro ato, quando ele sai no braço com o kryptoniano General Zod, que planeja um genocídio na Terra para salvar sua própria raça. Mas é um filme que segue uma visão, e sobre o qual eu falei com detalhes aqui.

7. BATMAN: A MÁSCARA DO FANTASMA
(Batman: Mask of the Phantasm, Eric Radomski, 1993)

mask of the phantasm

Segredinho: a série animada do Batman, exibida nos anos 90, é a melhor interpretação do Homem-Morcego fora dos quadrinhos, ponto final. Quando os produtores decidiram levar sua visão para o cinema (em um filme infelizmente pouquíssimo visto), optaram por explorar o homem fora da máscara, fazendo desta aventura um estudo sobre a obsessão de Bruce Wayne em se tornar o Batman, e o momento em que ele hesitou em sua "missão". O Coringa é o grande vilão, mas o enigmático Fantasma é quem faz o herói questionar seu propósito – e sua própria sanidade.

6. BATMAN BEGINS
(Christopher Nolan, 2005)

batman begins

Christopher Nolan assumiu a série do Cavaleiro das Trevas quando os super-heróis ja experimentavam um renascimento no cinema. Mas sua decisão de plantar o personagem no máximo de realismo que um sujeito vestido de morcego foi a mais acertada. Ao explicar as origens do Batman de forma lógica, Nolan distanciou o personagem de suas interpretações anteriores e deu a Christian Bale um papel complexo e ambíguo, em que o ator precisa convencer, de modo crível, que se fantasiar e combater o crime seria algo possível no mundo real. Não há, aqui, espaço para ironia: Batman Begins é uma jornada de auto conhecimento emoldurada com uma visão sóbria do que é necessário para combater o mal – e não se perder nele.

5. BATMAN
(Tim Burton, 1989)

batman

O mundo não esperava que o Batman, ainda assombrado pela lembrança da série de TV cômica dos anos 60, pudesse renascer de maneira gótica, assustadora e grandiosa. Mas foi exatamente o que Tim Burton alcançou ao executar sua visão para o Cavaleiro das Trevas, completa com Michael Keaton no papel de Bruce Wayne e de Jack Nicholson devorando cada polegada de celulóide como o Coringa. O triunfo de Batman (e seu legado) não se resumiu ao sucesso avassalador nas bilheterias: foi o primeiro grande filme a abusar de uma máquina de marketing onipresente, que estampou o símbolo do morcego em todo lugar possível no fim da década de 80. Tudo a serviço de um filme esquisito, de visual inspirado no expressionismo alemão, vilões arrancados de filmes de gângster dos anos 40 e um herói decididamente perturbado.

4. SUPERMAN II – A AVENTURA CONTINUA
(Superman II, Richard Lester, 1980)

superman II

A segunda aventura do Superman no cinema com Christopher Reeve no papel-título é também uma das maiores tretas de bastidores da história. Depois de se desentender com os produtores (para colocar de maneira leve), o diretor Richard Donner saiu fora com ao menos metade do filme rodado; Richard Lester entrou em cena, completou o trampo e ficou com os créditos. Ainda assim, nada disso transparece na aventura, que trocou o clima épico do filme anterior por um tom de gibi, com o Homem de Aço perdendo os poderes e enfrentando um trio de malfeitores de Krypton e habilidades iguais às suas. Mesmo com os recursos da época, o combate deixa muito festival de CGI atual no chinelo, com falta de tecnologia compensada por inventividade e uma tonelada de carisma.

3. BATMAN – O RETORNO
(Batman Returns, Tim Burton, 1992)

batman returns

Após os milhões arrecadados por Batman três anos antes, Tim Burton teve liberdade para imprimir sua assinatura com mais firmeza em seu segundo filme com Michael Keaton no papel de Batman. Isso foi traduzido em uma assinatura visual mais apurada e com personagens saídos de um pesadelo – dos excêntricos criminosos que usam o disfarce de artistas de circo à dupla de antagonistas, o grotesco Pinguim (Danny DeVito) e a sexy Mulher-Gato (Michelle Pfeiffer). Batman – O Retorno, por sinal, é inteiro sobre fantasias, desejos e traumas sexuais; um filme de super-heróis psicologicamente complexo e visualmente arrebatador. E esquisito até a medula.

2. BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS
(The Dark Knight, Christopher Nolan, 2008)

PHOTOGRAPHS TO BE USED SOLELY FOR ADVERTISING, PROMOTION, PUBLICITY OR REVIEWS OF THIS SPECIFIC MOTION PICTURE AND TO REMAIN THE PROPERTY OF THE STUDIO. NOT FOR SALE OR REDISTRIBUTION. ALL RIGHTS RESERVED.

Christopher Nolan fez seu dever de casa ao relançar o Homem-Morcego nos cinemas com Batman Begins. Ao assinar sua continuação, porém, fez de seu filme de super-herói uma ópera no qual o Cavaleiro das Trevas encontra seu nêmesis na figura do Coringa, em atuação primorosa de Heath Ledger. Daí foi correr para o abraço. The Dark Knight transforma o gênero em um thriller policial vigoroso, em que a tragédia se concentra no promotor Harvey Dent, que vê sua busca por justiça subvertida quando perde o amor de sua vida, metade do seu rosto e cruza a linha tênua que já se desenhava entre razão e insanidade. Um filme rico, complexo e, acima de tudo, de diálogo franco com o público, que o abraçou como um merecido fenômeno pop. Eu falei sobre ele na época aqui, é só tirar a poeira e ler um texto jurássico…

1. SUPERMAN, O FILME
(Superman, The Movie, Richard Donner, 1978)

superman the movie

Richard Donner fez o que o cinema não havia feito em (então) quatro décadas da invenção do super-herói dos quadrinhos: levou o conceito a sério. Colocou Gene Hackman e Marlon Brando, dois dos maiores astros do cinema, à frente da adaptação do Homem de Aço para o cinema e tratou tudo como filme de gente grande – e para gente grande. O resultado foi mágico, emocionante, empolgante, espetacular. Christopher Reeve criou um diagrama para atores interpretarem gente de gibi em carne e osso, e o filme é, até hoje, o melhor exemplo de como adaptar uma HQ: sempre com respeito; nunca esquecendo que o resultado precisa ser… cinema.

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.