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10 filmes para mergulhar no cinema de Martin Scorsese

Roberto Sadovski

21/01/2014 23h13

O Lobo de Wall Street é espetacular. Aproveitei a noite de sexta para ver de novo mais essa obra-prima de Martin Scorsese. A beleza está nos detalhes: o exagero, a histeria, as performances sensacionais de Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Matthew McConaughey… Scorsese se diverte e nos faz rir com culpa, porque terminamos torcendo para o canalha (não o diretor, mas o personagem de DiCaprio).

O tempo e a parceria com o astro fizeram bem para Martin, que agora tem mais liberdade financeira para tocar seus projetos. E nada como liberdade para um cineasta de primeira como Scorsese! O Lobo de Wall Street, despertou uma vontade de rever alguns de seus filmes mais bacanas, e a lista não é curta – mesmo em filmes que ele não está 100 por cento inspirado (como Vivendo no Limite, com Nicolas Cage), Scorsese ainda tem muito a dizer. Assim, pincelei meus dez filmes favoritos do diretor e fiz uma maratona de fim de semana. Fica aqui o listão para você que ainda não conhece seu cinema – ou para você, cinéfilo, que eu tenho certeza que não precisa de desculpa para curtir a obra de um gênio.

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10. A Cor do Dinheiro

(The Color of Money, 1986)

Paul Newman repetiu seu personagem de Desafio à Corrupção, de 1961, e garfou um Oscar por seu trabalho. Ele é mais uma vez Eddie Felson, jogador habilidoso de sinuca que, duas décadas depois de sua aposentadoria das mesas e dos golpes, torna-se mentor de um prodígio no esporte, Vincent (Tom Cruise), que traz em doses iguais talento e arrogância. Newman e Cruise devoram a cena e Scorsese dirige à perfeição – de seu elenco aos jogos de sinuca, que nunca foram tão emocionantes.

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9. A Invenção de Hugo Cabret

(Hugo, 2011)

Ao experimentar a tecnologia 3D para construir sua narrativa, Scorsese transformou a adaptação do livro de Brian Selznick em uma aventura mágica e uma declaração de amor ao cinema. A trama acompanha Hugo, órfão que, na Paris dos anos 30, tenta desvendar o mistério de um autômato descoberto por ele e seu pai. De beleza plástica acachapante, e um dos melhores usos do 3D no cinema, o filme traz à tona a paixão do diretor pela história de seu ofício – e sua habilidade em transformar essa história em um momento inesquecível.

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8. A Época da Inocência

(The Age of Innocence, 1993)

O diretor revelou uma insuspeita veia romântica nesta versão para o livro que Edith Wharton escreveu em 1920. Se na superfície a trama parece um triângulo amoroso entre Daniel Day-Lewis, Michelle Pfeiffer e Winona Ryder, o que Martin coloca em cheque são as "regras de conduta" da sociedade nova-iorquina do final do século 19, que obriga o  advogado interpretado por Day-Lewis a escolher entre um casamento correto e insípido com Ryder, ou se entregar à paixão escandalosa com Pfeiffer – prima de sua noiva, manchada por um divórcio.

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7. O Lobo de Wall Street

(The Wolf of Wall Street, 2013)

Já falei sobre o filme aqui! Está em cartaz! Vá e veja!

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6. Os Infiltrados

(The Departed, 2006)

O filme que finalmente deu o Oscar a Scorsese é também o melhor elenco que ele já reuniu. Adaptando o policial de Honk Kong Infernal Affairs, o diretor caminha por terreno familiar, de gângsters, traições e violência. Leonardo DiCaprio e Matt Damon são dois lados da mesma moeda: o policial que trabalha infiltrado entre os criminosos e o apadrinhado do chefão do crime que galgou os quadros da polícia. No centro está Jack Nicholson, à vontade como um gângster ambíguo, complexo, o personagem perfeito para o ator mostrar por que é mestre! E esse elenco, com Mark Wahlberg, Alec Baldwin, Vera Farmiga, Martin Sheen, Ray Winstone…

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5. Cassino

(Casino, 1995)

Todos os ingredientes que fizeram a fama do diretor se reúnem neste filme que coloca Robert De Niro como responsável por um cassino numa Las Vegas ainda dominada por criminosos. Sem pressa, Martin retrata sua jornada, paralela com a violência galopante de seu amigo (Joe Pesci) e um casamento de fachada que espelha a tensão crescente com a derrocada da capital do jogo. É Sharon Stone quem surpreende, surgindo em partes iguais lasciva e frágil, sedutora e destruída. Seu melhor papel. E, até o momento, última parceria de Scorsese e De Niro.

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4. Caminhos Perigosos

(Mean Streets, 1973)

Em seu terceiro longa, Martin Scorsese escancarou os elementos que se tornariam sua matéria prima por décadas: criminosos conduzidos por dilemas morais, violência, suas raízes italianas, um olhar agudo acerca do lado feio e sujo da vida. Ou das ruas, que é onde Charlie (Harvey Keitel) tenta ascender numa hierarquia criminosa a qual ele talvez nunca pertencera. Sua tentativa de deixar essa vida, e seu choque com o violento Johnny Boy (Robert De Niro), emoldura o retrato de uma existência pré-determinada pela lei das ruas.

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3. Taxi Driver

(1976)

A guerra do Vietnã deixou marcas indeléveis na psiquê de Travis Bickle, que como motorista de táxi em uma Nova York anterior à limpeza social promovida nos anos 90 age ora como justiceiro, tentando redimir sua alma "salvando" uma jovem prostituta (Jodie Foster), ora como parte de toda sujeira, um observador insone com idéias distorcidas sobre certo e errado, sem nenhuma área cinzenta. Nem a paixão pela personagem de Cybill Shepherd desvia Bickle de seu objetivo: endireitar um mundo torto. Robert De Niro deu vida a um dos personagens mais icônicos da história em um filme que é referência de cinema, de cultura pop e de uma época conturbada em um país que viu seu "sonho" ruir.

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2. Touro Indomável

(Raging Bull, 1980)

A ascensão e queda do boxeador Jake La Motta ganha a fúria de Robert De Niro como protagonista e a habilidade de Scorsese em tecer uma biografia extraordinária. Violento e vencedor nos ringues, La Motta vê este mesmo temperamento tempestuoso destruir sua vida, colocando um legado brilhante no chão em uma carreira que terminou, literalmente, como uma piada. Fotografado em branco e preto, é assim também que Scorsese nos conduz por uma vida sem meio termo, que invariavelmente termina em solidão.

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1. Os Bons Companheiros

(Goodfellas, 1990)

A vida do gângster Henry Hill (Ray Liotta) ganha ares de tragédia grega quando Scorsese nos coloca ao lado do sujeito que, desde criança, sempre quis ser um criminoso. O senso de honra e a tradição da família parecem traçar uma visão simpática de Hill e seus melhores amigos, o moderado James Conway (Robert De Niro) e o explosivo Tommy DeVito (Joe Pesci). Mas essa ilusão é destruída quando o diretor revela que a vida ao lado do crime é um caminho sem volta de violência e destruição, que não deixa nada incólume – nem amizades, nem laços familiares. O que importa é o dinheiro, o poder e, no caso de Henry Hill, salvar a própria pele perdendo a alma no processo. Estar vivo é o que importa, certo?

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.